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Lourdes: uma promessa

A fonte da gruta de Lourdes é bem a imagem do manancial de graças mariais que está por inundar a terra, com vistas ao estabelecimento do reinado de Maria.

Foto: Nick Castelli/ Unsplash

Foto: Nick Castelli/ Unsplash

Redação (11/02/2024 11:59, Gaudium Press) Quando ouvimos a palavra Lourdes, logo nos vem à mente a cena da procissão das velas, da bendita gruta de Massabielle e da imagem que lá se encontra, ou das magníficas basílicas dedicadas à Mãe de Deus. Impossível não se lembrar das águas que manam abundantemente aos pés d’Ela, e que tanto benefício físico e espiritual trazem a inúmeros fiéis. De fato, “Lourdes é um daqueles lugares que Deus escolheu para nele fazer resplandecer um raio particular da sua beleza”.

Podemos indagar sobre as razões que teriam levado Deus a escolhê-lo para tornar-se um dos maiores centros de peregrinação do mundo, uma espécie de Santa Casa de Misericórdia aberta para todos, onde inúmeros doentes obtêm a cura, pecadores se convertem, aflitos encontram consolação, onde, enfim, uma fonte de luz e de graça se derrama sobre os que para lá se dirigem com um mínimo de devoção, e até sobre aqueles que chegam movidos por simples curiosidade.

Uma resposta aos problemas de seu tempo

O contexto das aparições de Maria Imaculada a Santa Bernadette indica sua universalidade. As perseguições religiosas, as guerras e as comoções por que tinha passado a França a partir da Revolução Francesa abalaram profundamente o Catolicismo que outrora reinara nessa nação, influenciando os demais povos europeus. O mundo caía nas profundas trevas do ateísmo, do racionalismo e do subjetivismo.

Nesse momento a Santíssima Virgem decide aparecer num lugarejo quase desconhecido da França, a uma jovenzinha simples e ignorante, a fim de que dali fluísse um caudal de graças e de prodígios impensáveis e inexplicáveis a não ser pela fé.

Nossa Senhora veio para transmitir ao mundo uma mensagem de oração, de penitência e de conversão, e em seus fiéis devotos, especialmente, quis incutir ânimo e amor ao sacrifício, como bem indica uma das primeiras frases que Ela disse à vidente: “Não prometo lhe fazer feliz neste mundo, mas no outro”.

Um mero fenômeno histórico?

Será que as bênçãos de Lourdes constituem apenas emanações póstumas do passado, que tendem a diminuir com o tempo até extinguir-se por completo?

Para eliminar uma densa escuridão, intensíssima deve ser a luz. Se Maria ali derramou tantas graças aos homens nos séculos XIX e XX, como uma forma de remédio para o pecado, quanto mais não derramará em nossos dias, nos quais as doenças espirituais e as debilidades morais têm atingido paroxismos impensáveis? Quando as trevas do pecado cobrem a terra como um manto negro, Aquela que é cantada pela Escritura como uma “Mulher revestida do sol” (Ap 12, 1) não fará brilhar sua luz ao mundo inteiro com mais intensidade, se Ela mesma prometeu para o futuro uma era luminosa, em que seu Imaculado Coração triunfará?

No dia 16 de julho de 1858, Bernadette atendeu novamente ao misterioso chamado da gruta; seria a última vez. Lá chegando, verificou que o acesso a Massabielle se encontrava interditado. Por essa razão, teve de contentar-se em olhar de longe, do outro lado do Gave. Dir-se-ia que tal circunstância era um indício de afastamento, de ocaso. Entretanto, as palavras da vidente revelam o contrário: “Parecia-me que eu estava diante da gruta, à mesma distância das outras vezes; eu via somente a Virgem, jamais A vi tão bela!”

No momento em que Maria Santíssima poderia parecer distante, Ela Se apresentou em todo o seu fulgor e com muita proximidade. Não se tratava de uma despedida, mas de uma promessa.

Assim, não resulta pretensioso afirmar que a luz vinda de Lourdes até nós procede, na verdade, do futuro, como esperança de novas graças que Maria Santíssima deseja derramar sobre seus filhos.

Uma fonte nascida do lodo

Como Mãe solícita, Nossa Senhora sabe dar o remédio adequado a cada doença. E quanto mais grave a ferida, tanto mais poderoso é o unguento preparado. Quem melhor para curar uma geração devastada por tantos distúrbios nervosos e por tantas doenças físicas do que a Santa Taumaturga de Massabielle? Quem melhor para sarar uma humanidade carente do que a bondosa Senhora que aparecia tão meiga e afável para a pequena Bernadette?

Além disso, o que haveria de melhor para restaurar uma sociedade tão alquebrada pelo igualitarismo e já esquecida da dignidade da condição humana, do que olhar para aquela gruta na qual a vidente assumia um porte régio, a ponto de uma nobre francesa haver declarado que jamais conhecera uma moça da aristocracia com tanto charme e grandeza quanto a camponesa Bernadette enquanto privava com a Rainha do Céu?

E o que de mais apropriado para infundir o senso da fé numa sociedade tão ateia do que seguir o exemplo de piedade dado por essa jovenzinha, que com tanta devoção rezava seu Rosário aos pés da Mãe de Deus e que pelo simples fato de persignar-se produzia conversões?

O conhecido episódio de Santa Bernadette cavando a terra lamacenta a fim de extrair um pouco de água para beber parece ser um bom exemplo do que Nossa Senhora deseja fazer com a humanidade: apesar de o lodo da Revolução cobrir o orbe, há uma fonte de graças mariais – ou seja, graças exclusivas da Santíssima Virgem, mas que Ela deseja compartilhar com seus filhos – que está por inundar a terra e que fará com que seu reinado se estabeleça, manifestando aos homens prodígios de vida sobrenatural até agora inconcebíveis.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 266, fev. 2024. Por Miguel de Souza Ferrari.

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