Judeus são contra as declarações do Papa sobre um possível “genocídio” em Gaza
As declarações foram feitas pelo Papa Francisco em seu recente livro “A esperança nunca decepciona – peregrinos em direção a um mundo melhor”.
Redação (21/11/2024 10:11, Gaudium Press) Na comunidade judaica, há muitas reações contrárias às recentes declarações do Romano Pontífice, sugerindo investigar se ocorre um genocídio em Gaza.
As declarações foram feitas pelo Papa no seu recente livro “A esperança nunca decepciona. Peregrinos em direção a um mundo melhor”. Nele, Francisco escreve: “Segundo alguns especialistas, o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio. Deveria ser investigado com atenção para determinar se está em conformidade com definição técnica formulada por juristas e órgãos internacionais”.
O governo israelita respondeu rapidamente, através do X, afirmando que houve de fato um “massacre genocida” quando o Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023 e que, desde então, tem exercido o seu direito de autodefesa. O governo também afirmou que declarações como as do Papa fazem parte de uma tentativa de isolar Israel: “qualquer tentativa de rotular a nossa autodefesa com outro nome significa isolar o Estado hebreu”.
Mas reações judaicas contrárias também vieram da Europa. A Conferência dos Rabinos Europeus destacou que “estamos profundamente preocupados com a declaração do Papa” e que Israel está travando uma “guerra defensiva contra um inimigo bárbaro (…) não se pode de forma alguma dizer que Israel esteja cometendo um genocídio. O apoio do Papa a esta proposta perigosa dá credibilidade à narrativa insidiosa propagada pelo Irã e seus representantes”. Os rabinos afirmaram ainda que, ao fazer tais declarações, o Pontífice favoreceu o aumento do antissemitismo.
Franca Giansoldati, repórter do Vaticano para Il Messaggero, começa a sua reportagem sobre a declaração destes rabinos europeus de forma um tanto abrupta. “A Bíblia ensina (também o Papa) ‘que as pessoas prudentes devem refrear as suas línguas’”.
Mas as críticas vão além da possível qualificação das ações israelitas como “genocídio”. Mateo Matzuzzi escreve no Il Foglio que as palavras do Papa não só deitam por terra a diplomacia do Vaticano e minam a própria autoridade pontifícia, como também contrastam com a falta de condenações claras de tiranos como Maduro e os de sua laia.
Em todo o caso, é evidente que a questão de Gaza não só tem muitas implicações como também repercussões internacionais imediatas, que merecem ser tratadas com grande delicadeza, uma vez que os fios da geopolítica mundial chegam diretamente a Israel e aos seus arredores.
Além disso, o conflito em Gaza, que se arrasta há mais de um ano, parece estar num impasse, segundo os técnicos militares israelitas. Nos últimos dias, e diante do impasse, as Forças de Defesa de Israel podem ser tentadas a utilizar métodos não tão santos como os delineados no chamado Plano dos Generais.
Entretanto, as análises sobre estas questões devem ser feitas com precisão, caso contrário, perderiam o seu poder de alerta e passariam a ser vistas, por sua vez, como um ataque a uma das partes.
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