Gaudium news > Incardinação de Rupnik na diocese eslovena de Koper e o e-mail da Pontifícia Comissão às vítimas deste sacerdote

Incardinação de Rupnik na diocese eslovena de Koper e o e-mail da Pontifícia Comissão às vítimas deste sacerdote

Pe. Rupnik foi alvo de várias denúncias e acusações, como o abuso de cerca de vinte religiosas e ex-religiosas da comunidade Loyola.

8 4 700x639 1

Redação (26/10/2023 16:44, Gaudium Press)  Em um comunicado, o vigário-geral da diocese de Koper, Eslovênia, declarou que o bispo local deferiu o pedido de Rupnik para ser aceito na diocese com base no “decreto de sua demissão da Ordem dos Jesuítas” e “no fato de que nenhuma sentença judicial foi proferida contra ele”. Enquanto Rupnik não for condenado, “goza de todos os direitos e deveres de um sacerdote diocesano”.

Assim, com a incardinação, o ex-jesuíta, Pe. Marko Rupnik, passa a fazer parte do clero da diocese de Koper, podendo exercer os ministérios sacerdotais novamente.

Porém, esta notícia está causando muita polêmica. Nos últimos meses, Rupnik foi alvo de várias denúncias e acusações, como o abuso de religiosas da comunidade Loyola.

Com efeito, as vítimas de Rupnik (uma professora de Psicologia em Braga, uma doutora em Teologia, uma licenciada em Teologia, outra licenciada em Filosofia, e uma doutora em Direito Canônico) haviam divulgado uma carta, em 19 de setembro, em resposta a uma publicação do vicariato de Roma e à audiência concedida pelo Papa à diretora de um centro fundado por Rupnik, o que muitos entenderam como uma defesa do ex-jesuíta.

A carta, intitulada “Rupnik exonerado, as vítimas censuradas e ridicularizadas”, ressaltava que “nestes dois acontecimentos, que não são acidentais, mesmo na sua sucessão no tempo, reconhecemos que a Igreja não se preocupa com as vítimas e com quem apela à justiça; e que a ‘tolerância zero em relação aos abusos na Igreja’ não passou de uma campanha publicitária, que, em vez disso, foi seguida por ações frequentemente escondidas, que, pelo contrário, apoiaram e encobriram os abusadores”.

A carta também afirmava que “as vítimas foram, portanto, censuradas por não terem sido discretas, mas por terem exposto algo repugnante: a sua dor, a manipulação daqueles que as enredaram em nome de Cristo, do amor espiritual, da Trindade. Expuseram a sua dor porque a manipulação e o abuso feriram a sua dignidade para sempre. Tudo o que receberam e continuam a receber é o silêncio”.

Entretanto, foi divulgado hoje no site Il Sismografo, um e-mail, datado de 8 de outubro passado, da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores (foi acrescentado ‘e Pessoas Vulneráveis’), assinado por Patricia Espinosa Hernández, dirigido a esta e a todas as vítimas do sacerdote, afirmando que “procura rever os processos e ações que foram realizados em seu caso específico, para identificar como tudo isso pode ter afetado a legitimidade de sua denúncia, seus direitos e o apoio e acompanhamento que não lhe foram dados”.

“É importante esclarecer que nosso trabalho se concentrará exclusivamente na revisão da qualidade, eficácia e eficiência do atendimento prestado às vítimas (psicológico, médico, espiritual, pastoral, jurídico), bem como dos procedimentos canonicamente estabelecidos ao longo do processo. Portanto, não temos competência para modificar a sentença existente, nem para intervir nas decisões tomadas pelo tribunal e pelos órgãos correspondentes”, diz a carta.

“O objetivo desta revisão”, afirma o e-mail de Espinosa, “é garantir que os procedimentos de assistência às vítimas sejam justos, transparentes e adequados para proporcionar um ambiente seguro e respeitoso para todos aqueles afetados por abusos em suas várias formas, inclusive abuso sexual, e que, confiando na Igreja, se apresentaram para denunciar sua terrível experiência. Sabemos que casos como o seu, de abuso de poder, de consciência e abuso sexual, há muitos dentro da Igreja e, por isso, é essencial rever o que está sendo feito atualmente e compará-lo com os protocolos e procedimentos existentes para identificar fragilidades e propor recomendações adequadas para futuros casos semelhantes, tentando melhorar o sistema como um todo”.

Espinosa afirma que toda a revisão seria realizada “de forma confidencial” e se a destinatária “estiver interessada em participar da revisão da Pontifícia Comissão, convido-a a responder este e-mail. Entraremos em contato com você para discutir o que precisa ser feito”. (SCM)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas