Imperador Santo Henrique

A Igreja celebra hoje, dia 13 de julho, a memória de Santo Henrique, um descendente de Carlos Magno que se tornou imperador do Sacro Império Romano Alemão e, por suas virtudes heroicas, obteve a honra dos altares.

Redação (13/07/2022 10:44, Gaudium Press) Nasceu Henrique em 973, na Baviera – Sudeste da Alemanha – e, sendo adolescente, fez o voto de virgindade. Casou-se com Santa Cunegundes, Condessa de Luxemburgo, que fizera idêntico voto, e ambos concordaram de se manterem virgens para sempre.

Tendo sido coroado Rei da Germânia, em 1002, organizou um grande exército e derrotou vários povos bárbaros que investiam contra os católicos.

Anjos incutem terror nos inimigos

Para enfrentar os eslavônios – habitantes da atual Croácia –, muito superiores em força, Santo Henrique determinou preces coletivas e a Comunhão geral dos seus soldados. No momento em que as tropas se puseram frente a frente para iniciar o combate, os inimigos ficaram apavorados e fugiram em debandada porque Anjos desceram do Céu e lhes incutiram terror. Assim, a Boêmia e a Morávia – que hoje constituem a República Tcheca –, bem como a Polônia foram conquistadas pelos católicos.

A fim de combater a decadência moral do clero, Santo Henrique promoveu uma reunião de bispos em Frankfurt, com o objetivo de fomentar a disciplina eclesiástica.

Subjugou os lombardos que ameaçavam os Estados Pontifícios. E, em 1004, na cidade de Pavia, foi coroado Rei da Lombardia – Norte da Itália.

Em 1014, ele e sua esposa foram solenemente coroados pelo Papa Bento VIII, em Roma, como Imperadores do Sacro Império. O Pontífice presenteou o Santo com um globo de ouro cravejado de pérolas e pedras preciosas, encimado por uma cruz, o qual logo depois ele doou a Santo Odilon, abade do célebre Mosteiro de Cluny.

Conversão de Santo Estevão, Rei da Hungria

Teve de empenhar-se novamente em campanhas na Itália porque os lombardos, associados aos gregos e normandos, assolavam diversas províncias. Santo Henrique os derrotou e reintegrou a Igreja na posse das terras invadidas. Tomou Nápoles, Salerno e Benevento, restabelecendo a paz na península.

Visando converter o Rei da Hungria, Estevão, que era pagão, Santo Henrique propôs-lhe que ambos fizessem uma aliança, e ofereceu-lhe sua piedosa irmã, Gisela, por esposa. Assim, ele ganhou para a Igreja o monarca magiar, que se tornou grande santo e trouxe para o Catolicismo o seu povo.

Santo Henrique fundou diversos mosteiros e desejava ser monge, mas não encontrava apoio por parte dos superiores. Devido a suas insistências, um abade resolveu aceitá-lo; assim que o Imperador fez os votos, ordenou-lhe por obediência que reassumisse seu cargo, pois dessa forma daria mais glória a Deus e a Igreja.

Em 1024, Santo Henrique faleceu nas proximidades de Göttingen, centro da Alemanha. Tinha 51 anos. Logo depois Santa Cunegundes tornou-se religiosa num mosteiro perto de Cassel e aí faleceu em 1040.

Sacro Império Romano Alemão

De forma resumida, apresentamos os comentários que Dr. Plinio Corrêa de Oliveira fez sobre esse tema.

Por volta do ano mil, no continente europeu, havia regiões fieis à Igreja no meio de conglomerados de povos que, sendo bárbaros pagãos, estavam sempre atacando os católicos de maneira a tornar a vida destes dificílima.

O povo germânico, que ocupava mais ou menos o território onde hoje se situa a Alemanha, a Áustria, parte da Tchecoslováquia e a Suíça, foi um dos primeiros a se converter, depois da França. Após se civilizarem, os germanos constituíram uma entidade política chamada Sacro Império Romano Alemão.

No fundo, tratava-se de uma liga dos povos cristãos contra a barbárie. E como essa aliança abarcava uma extensão grande de território, chamavam-na Império; Romano, por ser uma reminiscência do antigo Império Romano, que tinha abrangido toda a Terra; e, por fim, Alemão, pois o núcleo do Império eram as nações alemãs. Porém, acima de tudo, era um Sacro Império, pois sua principal finalidade consistia em defender a Religião Católica contra a agressão dos pagãos.

Como imperador do Sacro Império Romano Alemão, Santo Henrique era o homem mais poderoso do continente europeu e o filho por excelência da Igreja, aquele que devia protegê-la em suas necessidades contra a barbárie. E como acontece sempre com os santos, ele desempenhou magnificamente suas funções.

Quebrou para sempre o poder dos lombardos arianos

Para enfrentar os pagãos que habitavam a Eslavônia – atual Croácia –, Santo Henrique formou um grande exército. Mas as tropas eslovenas eram muito mais numerosas que as do Imperador. Este, então, rogou o auxílio de Deus e obteve um milagre.

Estando os dois exércitos dispostos para iniciar o combate, de repente os pagãos começaram a fugir em debandada porque os Anjos haviam aparecido a eles, incutindo-lhes pânico. Assim, uma das garras do paganismo contra os católicos foi liquidada.

Entre os inimigos da Fé, existiam também os lombardos os quais formavam um reino cuja capital era Milão, e haviam se tornado hereges arianos.

Dirigindo-se a Roma, Santo Henrique sofreu um ataque dos lombardos e os derrotou fragorosamente. Na Cidade Eterna, ele e sua esposa foram coroados imperadores do Sacro Império Romano Alemão pelo papa, que lhe deu de presente uma esfera de ouro, cravejada de pérolas e pedras preciosas. A esfera – encimada por uma cruz também de ouro – representava seu poder sobre toda a Terra.

Mas, para provar seu amor à Igreja, Santo Henrique não ficou com o tesouro: deu-o a Santo Odilon, Abade de Cluny, chefe da maior Ordem Religiosa da Europa naquele tempo.

Voltando para a Alemanha, Santo Henrique derrotou novamente os lombardos, quebrando definitivamente o poder deles.

Manobra diplomática inteligente e bem sucedida

Sendo um tão grande batalhador, o Imperador Santo mostrou-se também um hábil político.

Na Hungria, havia um rei que, apesar de ser pagão, era famoso por sua virtude. Compreendendo que, por demonstrar ser virtuoso, tal monarca poderia ser atraído para a Religião Católica, ao invés de atacá-lo, Santo Henrique pediu uma entrevista com ele e ofereceu-lhe em casamento sua irmã, Gisela, de grande formosura e muito piedosa.

O Rei da Hungria, chamado Estêvão, aceitou. Gisela cumpriu a tal ponto sua missão de converter o monarca que este se tornou um santo da Igreja Católica, o qual converteu toda a Hungria.

Com isso, por uma manobra diplomática inteligente e muito bem sucedida, o Imperador estendeu os limites da Cristandade até além do Rio Danúbio, conquistando um amigo onde ele tinha anteriormente apenas inimigos.

Essa é a história de Santo Henrique que foi grande rei, grande militar, grande guerreiro, grande diplomata, grande político, e morreu aureolado de toda espécie de êxitos e sucessos .

Que Santo Henrique, cuja memória se celebra em 13 de julho, nos ajude a sermos batalhadores indômitos em defesa da Igreja, hoje tão perseguida.

Por Paulo Francisco Martos