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História do Canadá: índios iroqueses mataram 8 jesuítas

Os jesuítas realizaram um apostolado com os índios hurons do Canadá, que foram quase exterminados pelos iroqueses.

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Redação (29/07/2022 08:15, Gaudium Press) Durante estes dias, em que o Papa está visitando o Canadá, e em que a presença indígena em todas as celebrações foi muito marcada, Pablo Ginés quis recordar, em ReligionEnLibertad, os mártires canadenses, 8 jesuítas aos quais aquele país deve muito sua fé católica. Eles foram assassinados por índios iroqueses no sul do Canadá, entre 1642 e 1649. Os jesuítas faziam apostolado com os hurons, índios que foram quase exterminados pelos iroqueses.

Ginés se baseia no livro clássico do jesuíta alemão, Adolfo Heinen, Entre os Pele-vermelhas do Canadá, publicado em 1930 e reeditado agora pela Fundação Maior.

Ele recorda que o Pe. Isaac Jogues foi feito prisioneiro pelos iroqueses em 1642, e quando capturado teve quase todos os seus dedos destroçados. Este sacerdote contava que viu como os iroqueses assavam em fogo lento crianças pequenas e ainda vivas da tribo algonquiana. Ele viu como o jesuíta René Goupil, o primeiro mártir jesuíta no Canadá, foi morto.

Padre Jogues, enquanto trabalhava como escravo, conseguiu batizar 70 índios prisioneiros dos iroqueses. Sentindo que ia ser morto, conseguiu fugir para a França com a ajuda de um comerciante holandês.

O Pe. Jogues retornou ao Canadá, em 1644, e conseguiu, graças em grande parte ao conhecimento que havia adquirido do idioma iroquês, negociar a paz entre os hurons e seus aliados franceses com os briguentos iraqueses.

Acreditando-se estar protegido por aquela paz de 1645, Pe. Jogues foi enviado ao território iroquês ​​para fundar uma missão. Mas esses indígenas estavam mais uma vez em pé de guerra e culpavam os “mantos pretos” (jesuítas) por espalharem doenças e pragas nas lavouras.

Esses índios voltaram a prender Pe. Jogues como escravo, e torturam-no novamente, cortando pedaços de carne de seus braços e ombros e comendo-os na frente dele. Finalmente, em 18 de outubro de 1646, eles enfiaram um machado em sua cabeça, e depois cortaram sua cabeça e a enfiaram em uma lança. Eles fizeram o mesmo com seu companheiro leigo, Jean de La Lande. Esse sangue daria frutos diretamente ali: aquela tribo em particular, os Mohawis, se converteria duas décadas depois. Até mesmo seu assassino se tornaria doce cristão.

Guerra dos iroqueses contra os hurons

Em 1647, tendo os protestantes holandeses como fornecedores de armas, os iroqueses atacaram os hurons, que tinham pouco apoio francês. Praticamente os exterminaram. Muitos deles já eram cristãos ou catecúmenos. Cinco sacerdotes dos 18 jesuítas que trabalhavam nas missões dos hurons foram martirizados nos dois anos seguintes.

Pe. Antoine Daniel morreu em 1648 de ferimentos de flecha e bala em sua capela da missão.

O Pe. Jean de Brébeuf e o Pe. Gabriel Lalemant foram assassinados pelos iroqueses em março de 1649, enquanto cuidavam dos doentes e feridos em uma aldeia huron. Mas antes de matá-los, os iroqueses os submeteram a uma tortura sádica: arrancaram suas unhas, espancaram-nos com paus, cortaram suas mãos ao mesmo tempo que as perfuravam. Regaram-nos com água fervente, em um ato para zombar do batismo cristão, enquanto proferiam sarcasmos explícitos contra o sacramento da iniciação cristã.

O Pe. Brébeuf, que insistia em falar com eles sobre o Deus cristão apesar de suas feridas, primeiro teve o nariz cortado e depois os lábios. Eles finalmente arrancaram seu coração. Os olhos do Pe. Laleman foram arrancados e brasas foram mergulhadas nas órbitas já vazias. Também arrancaram seu coração ainda pulsante, engoliram-no cru e beberam o sangue do sacerdote, numa crueldade com ares satânicos.

Depois de ter assassinado esses sacerdotes, os iroqueses quiseram fazer um ataque mais ousado contra a missão de Santa Maria dos Hurons, que era, por assim dizer, o quartel general dos jesuítas no Canadá e sua última base no território huron.

Os hurons ofereceram uma forte resistência. As baixas foram numerosas em ambos os lados, mas, por fim, os iroqueses se retiraram, mas não antes de incendiar tudo em seu caminho, sejam plantações ou aldeias. Os prisioneiros foram queimados. Ao queimar as plantações, os jesuítas foram vistos de quatro para alimentar o povo. No final, eles tiveram que abandonar essa missão.

Dois outros mártires jesuítas foram os padres Noël Chabanel e Charles Garnier.

Eles faziam missão junto com os índios “produtores de tabaco”, que se reuniam em 8 fortes aldeias que não haviam sido palco de combates.

Mas os iroqueses foram até eles.

Morto por um convertido por ele mesmo

Então os índios que fabricavam o tabaco se prepararam para enfrentá-los, mas os iroqueses os enganaram e se dirigiram para a missão de São João, que havia sido deixada desprotegida. Pe. Garnier foi morto a tiros enquanto batizava rapidamente os catecúmenos antes de serem mortos. Como ele ainda estava se movendo, os índios iroqueses lhe deram dois golpes na cabeça.

No dia do ataque o Pe. Chabanel não se encontrava neste local, pois viajava com um grupo do “tabaco”. À noite eles foram atacados por iroqueses e todos  se dispersaram. Pe. Chabanel nunca foi encontrado, mas, algum tempo depois, um huron apóstata disse que ele mesmo o havia matado porque, desde que se tinha tornado cristão, ele havia sofrido muitos infortúnios.

No verão de 1650, os jesuítas restantes e 300 hurons fizeram uma viagem de 300 léguas até Quebec como a única maneira de sobreviver. Depois, chegaram mais 400 hurons; 10 anos antes, os hurons eram 10.000.

Esta etnia tem hoje cerca de 3.000 pessoas, e vão à missa na paróquia de Nossa Senhora do Loreto em Wendake, Quebec.

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