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Guerra na Ucrânia: o difícil papel do Cardeal Zuppi como mediador

A imprensa internacional noticiou as fortes declarações de Mikhail Podoliak, assessor do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

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Redação (11/09/2023 16:45, Gaudium Press) A mídia internacional noticiou as fortes declarações de Mikhail Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelenski, de que o Papa Francisco não poderia desempenhar um papel de mediador na guerra entre Ucrânia e Rússia, após suas declarações aos jovens reunidos em São Petersburgo, elogiando a “grande Mãe Rússia” e figuras como Pedro, o Grande e Catarina II.

“Não adianta falar do papa como mediador se ele adota uma posição pró-Rússia, como é totalmente óbvio para todos”, disse Podoliak em entrevista ao Canal 24.

Os críticos do papa acrescentam outras declarações, por exemplo, quando ele sugeriu que o “latido da Otan na porta da Rússia” poderia ter levado à invasão da Ucrânia.

O assessor Podoliak também lançou outras acusações, desta vez contra o Instituto de Obras para a Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano. O assessor disse que esta entidade recebia e guardava dinheiro de investimentos russos, algo que já foi desmentido pelo IOR, afirmando que “não recebe nem investe dinheiro da Rússia”, e que também “não aceita como clientes instituições ou indivíduos que não mantenham uma relação próxima com a Santa Sé e a Igreja Católica”.

Entretanto, é patente a grande desconfiança que existe do lado ucraniano em relação a uma possível mediação católica no conflito, algo que afeta diretamente qualquer trabalho que o cardeal Matteo Zuppi – enviado papal para esse fim – possa realizar junto a Moscou ou Pequim.

De fato, o cardeal já teve que enfrentar alguns bispos ucranianos pressionados por seus fiéis devido às declarações do papa, quando em 7 de setembro participou do sínodo que os bispos ucranianos estão realizando em Roma.

Diante dos bispos, o cardeal italiano insistiu que “a verdadeira vitória final será possível se todos nos comportarmos como seres humanos no sentido pleno da palavra. Todas as outras vitórias são apenas parciais ou imaginárias e nunca conduzirão à verdadeira paz”.

O cardeal Zuppi também insistiu na união entre as Igrejas romana e ucraniana, ao declarar que “nossa força é a comunhão que é ao mesmo tempo hierárquica e sinodal: a dimensão vertical ajuda a experimentar a abertura e a sensibilidade, e a dimensão horizontal a verificá-las com a história e com a comunhão”.

Enquanto se tenta superar as desconfianças que surgem inclusive entre os católicos, pode-se medir a difícil tarefa de recuperar o prestígio, diante de toda a Ucrânia, de uma diplomacia desacreditada do Vaticano.

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