Glorificá-Lo ou crucificá-Lo?
Nos momentos cruciais de calamidade e de pecado, como hoje se evidencia mais do que nunca, Nosso Senhor implora com extremos de afeto e bondade aos seus amados, como se dissesse: “Meu filho, ireis glorificar-Me ou crucificar-Me?
Redação (11/04/2022 08:09, Gaudium Press) A cerimônia de Domingo de Ramos abriu para nós a celebração da Semana Santa, toda ela impregnada de seriedade, de gravidade e da mais pura compunção pela Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foram feitas duas leituras, retiradas do Evangelho de São Lucas: uma descreveu a entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho, seguida da entusiasmada acolhida por parte do povoado por Sua vinda (Lc 19,28-40); e a outra, tratou-se da longa narrativa sobre os acontecimentos que antecederam a Sua Paixão, culminando na trágica Morte de Cruz (Lc 23,1-49).
Espantoso contraste
Todavia, causa-nos espanto uma tão repentina mudança de atitudes em relação ao Divino Mestre. Um assombroso contraste entre a primeira leitura, na qual dizia:
“A multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinha visto. Todos gritavam: ‘Bendito o rei, que vem em nome do Senhor’” (Lc 19,37-38).
E a segunda leitura, discorrendo sobre a atitude tomada pela multidão poucos dias depois:
“Toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos. [Gritavam:] ‘Fora com ele! Solta-nos Barrabás!’ […] ‘Crucifica-o! Crucifica-o!’ […] E a gritaria deles aumentava sempre mais.” (Cf. Lc 23,1-18; 21-23).
Aqueles mesmos que antes O glorificavam aclamando-O com ramos, agora o ridicularizavam. O Justo e o Misericordioso Jesus agora era tido como um criminoso.
O bem operado por Ele, ao longo de todos aqueles anos, agora era retribuído pelas injúrias e pelo ódio, culminados pelo pedido de sua morte. Como se explica isto?
Há uma terceira escolha?
Vê-se que por detrás destas leituras, está contida a sabedoria da Santa Igreja que visa fazer com que seus filhos se coloquem diante de um dilema que, infelizmente poucas vezes são capazes de considerar com sinceridade e profundidade: estou realmente trilhando o caminho de Deus, ou estou contra Ele?
Muitos responderão que jamais foram ou serão contra Deus! Contudo… quantos há que escolhem uma “terceira via”?! Envolto em preocupações e pensamentos egoísticos, imaginam que santamente servem a Deus com seus costumes de piedade, mas no dia a dia não dão o exemplo de autênticos cristãos; são capazes até de praticarem os mesmos erros e vícios daqueles que, de acordo com seu errôneo modo de ver, não respeitam a Deus. Lamentavelmente, estes são aqueles que outrora aclamaram a Nosso Senhor com ramos, gritando: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor”, e que, no momento de defendê-Lo, não foram capazes de enfrentarem as autoridades judaicas que O condenavam. Fugiram, ou ainda pior, tornaram-se cúmplices do deicídio.
As vias de Deus são muito claras e objetivas. Há apenas dois caminhos: a favor de Deus, ou contra Deus. Não há uma terceira escolha. O cristão deve optar por uma vida íntegra e fiel aos mandamentos divinos, pois, do contrário, não pode dignar ser chamado de fiel servidor de Cristo.
Nos momentos cruciais de calamidade e de pecado, como hoje evidenciamos mais do que nunca, Nosso Senhor implora com extremos de afeto e bondade aos seus amados, como se dissesse: “Meu filho, ireis glorificar-Me ou crucificar-Me?
As graças de Deus nunca faltarão. Porém, caberá a nós dar-Lhe a devida resposta.
Por Guilherme Motta
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