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França: De quem é a culpa de o Arcebispo Aupetit não ser agora cardeal?

Foi encerrada a investigação contra o antigo arcebispo de Paris, Michel Aupetit, por agressão sexual a uma pessoa vulnerável.

Arcebispo de Paris Dom Michel Aupetit

Redação (17/09/2023 12:12, Gaudium Press) Segundo a imprensa internacional, o inquérito aberto contra o antigo arcebispo de Paris, Dom Michel Aupetit, por agressão sexual a uma pessoa vulnerável, foi encerrado, em 23 de agosto, devido à ausência de infração. O inquérito foi aberto com base num relatório fornecido pela própria diocese de Paris e foi efetuado pela Brigada de repressão ao crime contra a pessoa (Brigade de répression de la délinquance aux personnes – BRDP).

“Dom Aupetit encarou a abertura deste inquérito com serenidade, porque estava certo de que terminaria com o arquivamento do processo. A partir de agora, ele pode continuar a exercer a sua missão pastoral sem qualquer dificuldade”, declarou o seu advogado, Jean Reinhart, segundo o jornal Le Figaro.

O bispo foi ouvido em audiência pública no dia 9 de junho passado, e “reafirmou que nunca tinha tido uma relação sentimental ou sexual com a mulher em causa”, a qual “havia dito aos investigadores que se lembrava claramente das situações mencionadas. Ela considerou que não constituíam uma infração penal e não apresentou queixa”, declarou o Ministério Público francês. Tratava-se do caso de uma paroquiana com quem Dom Aupetit tinha trocado e-mails, que sofre de uma “ligeira deficiência mental”, o que a caracteriza como uma pessoa vulnerável.

No final de 2021, vários meios de comunicação franceses acusaram o arcebispo de uma relação sentimental com outra mulher, o que também foi categoricamente negado pelo prelado, que, no entanto, pôs seu cargo à disposição do Papa em 26 de novembro de 2021. Em 2 de dezembro seguinte, surpreendentemente para muitos, Francisco aceitou essa renúncia.

Durante a sua viagem à Grécia e a Chipre, em 6 de dezembro de 2021, o Papa Francisco foi questionado por Cécile Chambraud, do jornal Le Monde, sobre o motivo pelo qual a renúncia tinha sido aceita “com tanta pressa”, talvez fazendo eco às suspeitas de muitos que insinuavam que a rápida aceitação da renúncia poderia indicar que o Vaticano sabia da veracidade das afirmações da mídia e que, com essa determinação, queria apagar o escândalo.

Francisco, então, disse: “Antes de responder, pedirei: façam a investigação, porque há o perigo de se dizer: foi condenado, mas quem o condenou? A opinião pública, as fofocas, mas o que é que ele fez? Não sabemos. Se vocês sabem porquê, digam, caso contrário, eu não posso responder”.

“Se não conhecemos a acusação, não podemos condenar. Qual foi a acusação? Quem sabe? Foi uma falta contra o sexto mandamento, não total, mas pequenas carícias, mensagens que mandava para a secretária. Isso é um pecado, mas não é um dos pecados mais graves. Os pecados da carne não são os mais graves. Os pecados mais graves são os que têm mais ‘angelicidade’: o orgulho, o ódio, estes são os mais graves. Assim, Aupetit é pecador, como o sou eu”.

Essas declarações, no entanto, não revelavam totalmente os pormenores do que tinha efetivamente ocorrido. De qualquer forma, antes de apresentar a sua renúncia, Dom Aupetit tinha enviado um comunicado à revista Le Point, esclarecendo que “o meu comportamento para com ela pode ter sido ambíguo, sugerindo assim a existência entre nós de uma relação íntima e de relações sexuais, que eu nego veementemente”.

Enfim, sobre este assunto, o que fica claro é que foram vazados alguns e-mails privados do Arcebispo, os quais poderiam conter expressões que, em última análise, não correspondiam à realidade, como, por exemplo, que ele levava uma vida dupla. Em 2021, para não prejudicar a Igreja com o escândalo armado, o arcebispo apresentou a sua renúncia, que foi quase imediatamente aceita.

Entretanto, a história poderia ter sido diferente:

Após os escândalos, que nem sequer nasceram de uma queixa de uma suposta vítima, os órgãos competentes determinam as respectivas investigações. O Arcebispo apresenta a sua renúncia, mas esta não é aceita. Concluídos os inquéritos, como agora, a honra do arcebispo permanece intacta, e sendo ele cabeça de uma sé muito importante, e pelos seus muitos méritos é nomeado Cardeal no próximo consistório.

Mas não foi assim… (SCM)

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