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Festa junina sem São João?

Como fazer uma homenagem sem conhecer o homenageado? Pode-se celebrar um aniversário sem que haja aniversariante? Como então explicar a festa junina do dia 24 de junho sem São João?

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Redação (23/06/2021 12:05, Gaudium Press) Já vivemos o segundo ano de pandemia; até quando as coisas vão como estão? Chegado o mês de junho, o mês das festas tão populares em nosso país, será que vamos passá-lo novamente sem as comemorações habituais, já tão antigas e tão enraizadas no calendário festivo brasileiro?

Pois bem, a isso soma-se que já duas quaresmas temos passado sem cerimônias e sem Sexta-feira Santa. Já vivemos um lastimoso Natal sem Missa do Galo e dois domingos de Páscoa sem a “Luz de Cristo”.

Mesmo ante tantas evidências, há quem queira ir além e questionar se tudo isso é realmente um sintoma da pandemia e do caos gerado no mundo por conta dessa enfermidade contagiosa. Será só isso? Não haverá outros motivos?

Um mundo de ponta-cabeça…

Antes de responder, analisemos um pouco.

O mundo contemporâneo aprendeu, há certo tempo, a trocar os fins pelos meios, inverter valores e, sem muito raciocinar, habituou-se a fazer coisas que em outras épocas seriam consideradas, no mínimo, como um disparate.

Por exemplo: antigamente, as empresas que produziam vestimentas tinham que pagar pelas propagandas nos programas de rádio e televisão, outdoors e panfletos promocionais. Hoje em dia, é o próprio consumidor que gasta seu dinheiro para comprar um traje e sair à rua ostentando a marca estampada na roupa, a fazer propaganda de uma empresa que nem o conhece.

Um segundo exemplo, fato mais caseiro e não menos frequente: já lhe aconteceu de se danificar alguma peça do seu próprio computador ou aparelho eletrônico, em casa ou no trabalho, e, ao conferir o preço da troca, constatar que ela custa mais do que o computador inteiro? Como explicar?!

Outro fato que ilustra bem os absurdos do mundo moderno é que uma marca de ovos, ao vender seu produto, está obrigada por lei em muitos lugares a colocar no rótulo da bandeja a seguinte inscrição: “Alérgicos, cuidado! Contém ovos”.

Nós temos logo a tendência de achar tudo isso um contrassenso. Mas, e a coerência dos católicos com a própria fé?

Absurdos não faltam!

A bem dizer, há quantas décadas os homens já vivem o Natal sem Jesus? Há quanto tempo vivem os católicos a Quaresma sem penitência e sem oração? Quanto tempo faz que homens folgam a quinta-feira de Corpus Christi sem visitar o Santíssimo Sacramento? De outro lado, quantos carnavais “bem” comemorados…!

Sem querer cair na indiscrição, quantos homens há por este mundo que levam sua vida sem Deus; seus costumes, sem os mandamentos; sua fé, sem as obras, ou pior; suas obras, sem fé?

Há quanto tempo vemos um altar sem Missa? “Há missas virtuais”, diriam alguns. E quantas almas sem sacramentos? Quantos padres sem paramentos?

Às vezes nos damos conta de que os contrassensos não ficam tão longe de nós… Quem sabe ainda hoje o motivo pelo qual se celebra a festa junina no dia 24 de junho? Há quanto tempo essa comemoração – quase ou inteiramente paganizada – deixou de lembrar o nascimento de São João Batista?

Diríamos, portanto, que há muito tempo, talvez muitas gerações, temos celebrado a festa junina sem  São João; como se quiséssemos comemorar um aniversário sem o aniversariante. Os próprios motivos da comemoração não são conhecidos! Que absurdo!

Afinal, cabe apenas perguntar se estamos caminhando para um mundo de insânia, ou quanto tempo faz que já vivemos num mundo sem Deus…

Por Cícero Leite

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