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Festa das cinco chagas do Senhor

No dia 7 de fevereiro, em Portugal, celebra-se a Festa das Cinco Chagas, em memória da promessa que Nosso Senhor Jesus Cristo fez a Afonso Henriques sobre a fundação de Portugal.

458px Milagre de Ourique c. 1880 1890 Antonio Jose Pereira Irmandade de Nossa Senhora de Rodes Paroquia de Reriz Diocese de Viseu

Redação (06/02/2025 20:04, Gaudium Press) “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Aproxima a tua mão e mete-a no meu lado”. Poucos dias após a ressurreição, é o próprio Redentor que convida o incrédulo Tomé a ter devoção às suas Santas Chagas. Já deslumbrado, ele respondeu-Lhe: “Meu Senhor e meu Deus!”

As tíbias almas que dificilmente se deixam convencer, a progênie dos cépticos, a própria incredulidade, quase se diria, sucumbiram no instante mesmo em que aquele feliz e invejado Apóstolo introduziu seu dedo no lado de Jesus.

São Francisco de Assis, Santa Gemma Galgani, São Pio de Pietrelcina — enfim, uma legião de santos e almas virtuosas — foram galardoados com os estigmas da Paixão de Cristo. É um modo maravilhoso de Ele condecorar alguns daqueles a quem mais ama, na face da terra.

É seu invisível e puro amor tornado visível em seus prediletos, para perpetuar na memória dos homens a bem-aventurança daqueles que acreditam sem terem visto e tocado as Chagas do Senhor, como Tomé.

A devoção às Santas Chagas não é privilégio apenas de algumas almas, mas o é também de nações. Em Portugal, por exemplo, ela é muito antiga e marcou profundamente a piedade dos fiéis, quase desde os alvores da nacionalidade.

Escudo de armas: as cinco chagas do Senhor

Aos 30 anos de idade, Afonso reuniu um exército de 12.000 homens e partiu em direção ao Sul a fim de combater os infiéis. Ao chegarem a Ourique, no Alentejo, seus guerreiros ficaram inseguros diante do exército dos muçulmanos, composto de aproximadamente 400.000 soldados, comandados por cinco reis africanos e andaluzes.

O próprio Dom Afonso escreveu, posteriormente, o que se passou.

Entrou ele em sua tenda e, tomando a Bíblia, leu no livro dos Juízes a vitória de Gedeão o qual, com apenas 300 homens escolhidos, derrotou 135.000 madianitas que oprimiam o povo eleito. E, em oração ao Redentor, pensou:

“Mui bem sabeis Vós, Senhor Jesus Cristo, que por amor vosso tomei sobre mim esta guerra contra vossos adversários; em vossa mão está dar a mim e aos meus fortaleza para vencer estes blasfemadores de vosso Nome.”

Então, Nosso Senhor pregado na Cruz, circundado de Anjos, apareceu a Dom Afonso que se prosternou e, derramando lágrimas, disse:

“A que fim me apareceis, Senhor? Quereis, porventura, acrescentar Fé a quem tem tanta? Melhor é por certo que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, que desde a fonte do Batismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora.”

O Redentor respondeu-lhe: “Não apareci deste modo para acrescentar tua Fé, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios de teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos de minha Cruz!”

escudo portugal“Fortalecer teu coração” significa que ele não podia se deixar levar pela insegurança de seus soldados, mas investir corajosamente contra os maometanos.

Jesus afirmou também que Dom Afonso fundaria um império por meio do qual seu Nome seria pregado em nações desconhecidas. Pode-se dizer que Ele profetizava a evangelização do Brasil.

E acrescentou que Dom Afonso deveria compor um escudo de armas no qual estariam representadas as cinco chagas de Nosso Senhor crucificado, que foram o preço pelo qual Ele redimiu o gênero humano.[1]

Por Paulo Francisco Martos


[1] Trecho extraído do artigo Afonso Henriques e a Batalha de Ourique, por Paulo Francisco Martos.

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