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Exército semelhante a uma Ordem religiosa

O espírito de Fé e combatividade de Carlos Magno ficou demonstrado não só pelas batalhas que travou em defesa e expansão da Igreja, mas também através do enorme desenvolvimento da cultura que ele promoveu.  

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Redação (05/04/2022 08:54, Gaudium Press) Após ser coroado Imperador por São Leão III, Carlos Magno declarou:

 “Quanto a mim, cabe-me, com a ajuda da divina misericórdia, defender pelas armas, em todos os lugares, a Santa Igreja de Deus”.

“Durante toda a sua vida, Carlos Magno foi magnificamente fiel à missão que assim formulou. Sempre de espada em punho, cavalgando e atacando, este chefe infatigável levou a cabo nada menos que 55 expedições em 45 anos de reinado e, seis meses antes de morrer, ainda combatia”.

 Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

 “Ele combateu como perfeito rei guerreiro e católico que, sem saber se haveria uma possível vitória final contra aquelas ondas sucessivas [de bárbaros], assumiu esta posição: ‘Não sei se isso é vencível, mas se posso vencer com o que tenho ao menos para o dia de hoje, hoje eu vencerei. Ainda que eu seja esmagado amanhã, hoje vencerei e essa vitória oferecerei a Deus por meio de Nossa Senhora. Vamos lá e ataquemos!’”

Educação, arquitetura e outras artes

Carlos Magno batalhou afincadamente pela melhoria do ensino – do clero principalmente, mas também dos nobres e do povo –, das artes, das leis. Fez com que junto às catedrais e abadias houvesse escolas. E próximo ao seu palácio, em Aix-la-Chapelle – atual Aachen, na Alemanha –, fundou a Escola palatina, na qual reuniu homens de grande cultura e cujo diretor era o célebre Alcuíno. Ele mesmo, às vezes, assistia às aulas.

Ordenou que em todas catedrais e mosteiros se cultivasse a música sacra; incentivou a arquitetura, a escultura e a pintura, bem como as iluminuras e miniaturas.

Escreve Monsenhor Charles Aimond (1874-1968), em sua obra adotada na França, em 1939, para o curso médio:

“Como faltavam livros, Carlos Magno fez copiar um grande número de autores antigos, que assim foram salvos da destruição. Os manuscritos da época carolíngia, escritos às vezes em letras de ouro ou de prata sobre um pergaminho pintado de púrpura, ligados com placas de marfim cinzelado, são verdadeiras obras de arte.”

Guerreiro que incutia medo nos adversários

 CharlemagnePossuidor de um atilado senso católico, Carlos Magno promoveu sínodos dos quais muitas vezes ele participava, defendendo a Doutrina católica e condenando as heresias.

Carlos Magno “era o imperador possante, o patriarca magnífico que entusiasmava; era o guerreiro que metia medo em todos os adversários da Igreja.

“Ele intervinha nos concílios, discutia com os bispos, sem ser tido por anticlerical, e muitas vezes era a opinião dele que prevalecia, embora nunca tivesse estudado Teologia. Eram concílios regionais […], onde ele aparecia para exigir que a coisa andasse bem.”

Participou, por exemplo, de um concílio realizado em Aix-la-Chapelle, e fez com que se condenasse o Bispo de Urgel, no Nordeste da Espanha, o qual dizia ser Jesus Cristo o filho adotivo de Deus, e não o Verbo Encarnado .

“Coligou em torno de si os seus famosos pares, que eram outras tantas reproduções dele; e esses pares, por sua vez, coligavam em torno deles todo o exército.

“E seu exército era para ele como uma Ordem religiosa era para o seu superior, que caminhava rezando e cantando de encontro ao inimigo, com Carlos Magno à frente brandindo a espada, expondo-se a todos os riscos, e sempre pela Igreja Católica e pela Civilização Cristã.”

Em sua espada, chamada Joyeuse (Alegre), estavam inscritas as palavras: “Defensor dos Dez Mandamentos.”

Capitulares e missi dominici

A fim de ordenar as sociedades espiritual e temporal, Carlos Magno promoveu projetos de leis chamados Capitulares, que regulavam questões da Igreja e do Estado, versando sobre bons costumes, organização do exército, agricultura, etc.

Numa Capitular do ano 769, eis como se exprimia o futuro Imperador:

“Carlos, pela graça de Deus, Rei e reitor do reino dos francos, defensor devotado da Santa Igreja, sustentáculo da Sé Apostólica em todas as coisas…”

Algumas Capitulares tratavam dos deveres religiosos que todas as pessoas  precisavam cumprir, tais como: assistir Missa nos domingos e dias de festa, saber de cor o Credo e o Pai-Nosso, cumprir os jejuns ordenados pela Igreja.

Para resolver conflitos e corrigir abusos, Carlos Magno ordenou que todo o Império fosse percorrido anualmente por inspetores chamados missi dominici – enviados do Mestre: um bispo (ou abade) e um conde.

Eis, por exemplo, o que os missi disseram aos habitantes de uma localidade:

“Fomos enviados para cá por nosso senhor, o Imperador Carlos, para vossa salvação eterna, e temos o encargo de vos advertir que deveis viver virtuosamente segundo a Lei de Deus, e justamente conforme as leis civis.

“Fazemos saber a todos vós, primeiramente, que deveis crer em um só Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo… Amai a Deus de todo o vosso coração. Amai ao próximo como a vós mesmos; dai esmola aos pobres de acordo com as vossas posses… A vida é curta e o momento da morte é desconhecido. Estejamos sempre prontos.”

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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