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Erupção do Vesúvio

O Vesúvio espalhou uma nuvem incandescente e com ela a destruição: 16.000 pessoas morreram. Os habitantes foram pegos de surpresa, em suas atividades normais do dia a dia.

O Vesúvio espalhou uma nuvem incandescente e com ela a destruição: 16.000 pessoas morreram. Os habitantes foram pegos de surpresa, em atividades normais do dia a dia.

Redação (19/08/2020, 9:30 Gaudium Press) Terrível perseguidor da Igreja, Nero cometeu tais monstruosidades que seu nome, até hoje, causa horror. Durante a Revolução Francesa, muitos revolucionários adotaram nomes de famosos romanos pagãos, mas ninguém ousou utilizar o de Nero.

Morte de Nero

Ele era acompanhado por “uma turba inumerável de pessoas para os divertimentos […]: concubinas, rapazinhos efeminados, bufões, músicos, dançarinas”.

“Este tirano depois de ter posto em jogo toda sorte de crueldades contra os cristãos, caiu no desprezo dos seus súditos, que se rebelaram contra ele e proclamaram outro imperador chamado Galba. Esta nova causou tal espanto a Nero que, fora de si, arrojou à terra a mesa sobre a qual comia, quebrou em mil pedaços os vasos de grande valor, e deu com a cabeça contra as paredes da casa.

“Quando lhe foi levada mais tarde a notícia de que o Senado o tinha condenado à morte, fugiu de seu palácio durante a noite, começou a correr pela cidade implorando o socorro dos seus amigos; porém estes o rechaçaram, porque os malvados não têm verdadeiros amigos.

“Buscando ainda algum meio de salvação, cobriu-se de um grande manto e, montado em um cavalo, passou despercebido entre seus inimigos, ao mesmo tempo em que por todas as partes ouvia-se o grito de ‘morte a Nero!’

“Chegando à casa de campo de seu criado chamado Fauno, tratou de esconder-se; porém, vendo que ali estava rodeado de soldados, não sabendo o que fazer para não morrer em público, suicidou-se atravessando a garganta com um punhal.

“Assim morreu esse monstro, cruel entre os mais cruéis tiranos, e autor da primeira das dez grandes perseguições suscitadas pela política romana contra os cristãos. Era o ano 68 da era cristã.”  Nero tinha trinta anos de idade.

Nuvem incandescente que atingiu 30 quilômetros de altura

Depois de algumas violentas convulsões em Roma – tendo havido num só ano quatro imperadores –, tornou-se imperador o General Vespasiano, de origem popular, que havia demonstrado grande talento militar em mais de 30 batalhas e fora nomeado comandante da guerra contra os judeus.

Seu filho Tito, que havia destruído Jerusalém, sucedeu-o e concluiu a construção do Coliseu, iniciada por Vespasiano. Quando da inauguração desse imponente anfiteatro, foram realizadas festas durante cem dias, com espetáculos de gladiadores que lutavam entre si, e 5.000 animais ferozes se entrematavam.

A respeito dele afirmou Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Tito, que destruiu Jerusalém com uma crueldade enorme e reduziu ao cativeiro todos os judeus maiores de 17 anos, foi, no entanto, cognominado por seus contemporâneos de ‘amor e delícias do gênero humano’. ”

Durante seu reinado ocorreu uma das mais catastróficas erupções vulcânicas da História: a do Vesúvio, no ano 79.

As cidades Pompeia e Herculano foram totalmente destruídas. A primeira era muito rica; possuía um teatro para 5.000 espectadores e um anfiteatro para 20.000 .

Plinio o Velho – autor de uma “História natural”, em 37 volumes – morreu vítima da erupção, e Plinio o Moço, seu sobrinho-neto e famoso orador, estava nas proximidades, mas ficou ileso e depois escreveu narrando a catástrofe.
O Vesúvio espalhou uma nuvem incandescente que alcançou mais de 30 quilômetros de altura, com uma energia centenas de milhares de vezes maior do que a das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945.

Calcula-se que 16.000 pessoas morreram vítimas da erupção. Por meio de escavações foram encontrados esqueletos, mostrando que os habitantes foram pegos de surpresa: alguns tomando refeição, outros andando, etc.

Domiciano promoveu terrível perseguição contra os cristãos

Com a morte de Tito, seu irmão Domiciano ocupou o trono. Deixou-se de tal modo dominar pelo orgulho que obrigou a todos os habitantes de Roma que o chamassem “deus”, quer nos atos oficias, quer nas cartas e conversas particulares. Estátuas de ouro de Domiciano foram inauguradas no templo de Júpiter, no Monte Capitolino, por ele reconstruído.

Promoveu uma perseguição contra os cristãos maior do que a realizada por Nero, a qual abrangeu não só Roma, mas também outras províncias. Plinio o Moço diz que Domiciano era “uma besta feroz cuja voluptuosidade consistia em lamber sangue”.

Domiciano tinha pânico de ser assassinado e qualquer chuva com raios causava-lhe terror…  Foi morto por punhaladas desferidas por alguns de seus servidores de palácio. Tinha 45 anos de idade. O Senado ordenou que fossem destruídas as estátuas de ouro e prata que esse ímpio mandara construir em sua honra.

Quanto às perseguições contra a Igreja movidas por imperadores romanos, devemos ter presente o que o conceituado historiador Bernardino Llorca afirma:
“Os judeus foram os elementos mais ativos em fomentar o ambiente de ódio contra os cristãos, a quem consideravam como calcadores da lei mosaica. Sabendo que muitos os confundiam com os cristãos, tiveram especial interesse por separar sua causa da dos cristãos. Por isso tratavam de açular o povo romano contra os cristãos.”

Já no tempo de Nero, os judeus gozavam de grande importância em Roma. São Pedro e São Paulo foram mortos por “tramas dos judeus”.  Após Nero ter posto fogo em Roma, que destruiu grande parte da cidade, os cristãos foram acusados de promotores da catástrofe.

Por outro lado, o Império era muito organizado. Sua divisão em províncias, dioceses, etc., serviu de quadro para a organização administrativa da Santa Igreja. Até mesmo a palavra “consistório”, utilizada pelo Império, foi depois empregada pela Igreja para significar a reunião dos cardeais, presidida pelo papa.

 

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 23)

 

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1- AYMARD, André; AUBOYER, Jeannine. Roma e seu império. 4. ed. São Paulo: DIFEL. 1976, v. 2, p. 83.

2- SÃO JOÃO BOSCO. História Eclesiástica. 6 ed. São Paulo: Salesiana, 1960, p. 38.
3- Cf. WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación.  1927, v. III, p. 818.
4- Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris : Louis Vivès. 1869, v. VI, p. 449.
5- CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Lobos humanos. In revista Dr. Plinio, São Paulo. Ano IV, n. 40 (julho 2001), p. 20.
6- Cf. AYMARD, op. cit. v. 2, p. 228.229.
7- Apud DARRAS. Op. cit., v. VI, p. 494
8- Cf. DARRAS. Op. cit., v. VI, p. 454. 495-496.
9- LLORCA, Bernardino. Historia de la Iglesia Católica – Edad Antigua. 6. ed. Madri: BAC, 1990, v. I, p. 178. 187.
10-Cf. DARRAS, op. cit. v. VI, p.219. Cf. AYMARD, op. cit. v., 2, p. 300.

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