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“E não pecarás eternamente”

A liturgia deste 33° Domingo do Tempo Comum nos convida a uma verdadeira conversão, com base em uma consideração séria e confiante a respeito de nosso fim.  Com efeito, estamos nesta vida somente de passagem.

juizo final Redação (10:05:50, Gaudium Press) Liturgicamente, estamos na penúltima semana do ano, e este 33° Domingo do Tempo Comum nos transmite uma mensagem muito importante: não só os anos têm um fim, mas também a nossa vida neste mundo. Mais cedo ou mais tarde, nós compareceremos diante de Deus, seremos julgados e iremos “uns para e vida eterna, outros para o opróbrio eterno” (Dn 12, 2), como nos fala a primeira leitura. Para este encontro decisivo e crucial, devemos estar preparados.

Não sabeis nem o dia nem a hora

Em nossos dias, quantos homens se empenham em ter uma boa saúde corporal e negligenciam os cuidados de própria alma! Parecem ter esquecido que a “saúde é um estado precário que sempre termina mal” – como dizem os franceses –, pois todos sabemos que, um dia, passaremos pela morte. Mas o momento em que ela nos visitará ninguém o sabe, como diz Nosso Senhor no Evangelho de hoje:

 “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13, 32).

Tal afirmação nos leva a concluir que “é preciso vigiar e ficar de prontidão; em que dia o Senhor há de vir, não sabeis!” (Cf. Lc 21, 36), como diz a aclamação ao evangelho de hoje.

Alguém poderia pensar: “Por que Deus não nos revela o momento de nossa morte? Assim nos prepararíamos mais e com maior perfeição!” Não é verdade! Se todos os homens soubessem em que momento morreriam, no Céu, entrariam não só os santos, mas também os interesseiros. Com efeito, quantos homens não aproveitariam a vida inteira para pecar, ofendendo a Deus de um modo torpe e vil, e se “converteriam” no último instante? Quantos são os que não procederiam deste modo?…

Deus, portanto, se revela portador de uma misericórdia única ao nos ocultar a hora de nossa partida, pois, pelo menos por temor, nos estimula a praticar a virtude que , muitas vezes, não conquistamos por amor. De fato, se os homens se colocassem na perspectiva de poder morrer neste momento, quanto o mundo seria diferente! Quantos pecados escandalosos deixariam de ser praticados, quantas palavras desedificantes não mais seriam pronunciadas, quantos pensamentos opostos à virtude deixariam de existir! Sem dúvida, a consideração da morte converteria a muitos, pois, como diz o Eclesiástico: “Memorare novissima tua et in æternum nos peccabis” [1] (7, 40). Não nos esqueçamos que “Talis vita, finis ita”[2], ou seja, colheremos em nossa morte o que plantamos em nossa vida…

Desespero ou confiança?

Perante esta realidade, dura e incoercível, da morte, devemos nos portar com seriedade, mas, sobretudo, com confiança. Se percebermos que, no caso de morremos agora, compareceríamos diante de Deus com as mãos vazias ou sujas, não nos desesperemos, mas coloquemo-nos de joelhos e peçamos perdão com fé e confiança, sabendo que alcançaremos a misericórdia de Deus. Nunca nos esqueçamos de pedir a Nossa Senhora que rogue por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Seremos, por ventura, abandonados por Ela? Até hoje, isso não aconteceu com ninguém. Não seremos os primeiros…

Por Lucas Rezende


[1]Do latim: pensa nos teus novíssimos e não pecarás eternamente.

[2]Do latim: tal como foi a vida, do mesmo modo será a morte.

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