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Dr. Ox e o “Cavalo de Lampedusa”

Neste 2 de novembro, em Viena, um ataque terrorista veio somar-se a uma série de agressões por parte de muçulmanos na Áustria. Se acrescentarmos o ocorrido ao atentado de Nice, incerto é o futuro próximo da Europa.

Beware of Greeks bearing gifts

Redação (04/11/2020 11:48, Gaudium Press) Entre os romances de Júlio Verne mais difundidos, não creio que conste, infelizmente, um intitulado “O Doutor Ox”, sobre o qual peço licença para tratar nos parágrafos que seguem.

Verne costumava batizar certos personagens com alcunhas sugestivas. Pois bem, a mensagem por detrás de “Ox” só pode ser entendida quando completada pelo nome de seu auxiliar: Gedeão Ygène.

Ox e Ygène… juntos, formam a grafia da palavra oxigênio em francês.

Na história, o Dr. Ox muda-se para uma pacata – pacatíssima – cidade de Flandres, chamada Quinquedone, e leva consigo justamente um misterioso gás, com o qual pretende inovar o sistema de iluminação pública do local. Para resumir, pouco tempo após a implantação da proposta de Ox, os quinquedonianos, eminentemente tranquilos, tornaram-se agitados, agressivos, insuportáveis. A cidade quase sofreu uma hecatombe. Por detrás desse fenômeno, estava o gás onipresente do misterioso cientista. Cessada a ação do gás, as pessoas voltaram à placidez inicial.

Temos, então, no romance de Júlio Verne, um personagem capaz de direcionar os ânimos e, consequentemente, os acontecimentos, a seu bel prazer, simplesmente abrindo ou fechando uma válvula…

Quinquedone, Troia, Nice, Viena: alguma relação?

Saindo, agora, de Quinquedone, e pisando novamente em terra firme, e real, temos o clima de tensão que vem crescendo face aos grupos extremistas islâmicos na Europa.

Em outros tempos – para estabelecer uma data, até à Batalha de Lepanto – o grande inimigo comum que tinha o ocidente católico era o Islã, e vice-versa. Tanto sob a bandeira da Cruz quanto sob a do crescente, vivia-se continuamente na perspectiva da guerra: entre um lado e outro, grosso modo, tudo era agressividade, inimizade, desconfiança, antipatia; eram, como que homens sob o efeito de certo gás

O curioso é que aos poucos isso foi mudando. E a inimizade reverteu-se de tal forma, que a Europa chegou, em nosso tempo, a “engolir” um sem-número de imigrantes, que, em outros tempos, teriam sido tratados de forma diversa. Pareceria até que alguma mão misteriosa tivesse decidido trocar as válvulas.

Mais curioso ainda é notar que, de cada lado, os efeitos do novo gás foram distintos: a Europa desagregou-se. Vemos que sua força unitiva já não é mais a Religião, mas o interesse. O que fora outrora um monólito de fé – a Cristandade – reduziu-se agora a um bloco econômico, e um arco-íris de ideologias. O arco-íris é muito chamativo, ideal para quem quer atenção, mas inútil para quem precisa se defender.

E o Islã? Se considerássemos declarações de altos dignitários que professam esta religião, julgaríamos que o gás não surtiu efeitos profundos. Segundo declaração recentíssima do ex-primeiro ministro da Malásia, “os muçulmanos têm direito a estar irritados e a matar milhões de franceses pelos massacres do passado”.

Além disso, os extremistas estão em posição bem cômoda. Na guerra de Troia, nos tempos da Antiguidade, foi necessário que os invasores se escondessem em um cavalo para conseguir entrar na cidade. Os terroristas que temos visto atualmente não precisaram chegar a esse tipo de engenhosidade: já tinham alguém que lhes garantia entrada franca.

E, ainda por cima, depois que os primeiros agressores saíram de dentro do Cavalo, a mesma mão que os acolheu continua lançando, sobre os seus, o gás da letargia. Afinal, de que lado está?

***

Pois bem, esses novos ataques significarão o início de um ataque mais vultoso por parte do Islã?

Se significarem, haverá ainda possibilidade de a Europa acordar de seu torpor?

Em caso afirmativo, haverá cabeças que sejam capazes de fazer frente ao ataque do inimigo que já está dentro das muralhas da cidade?

E a China comunista – cada vez mais sanhuda – que posição tomará diante desse novo panorama que se descortina?

Limitar-se-ão essas investidas somente ao velho continente?

São estas as perguntas, cuja resposta aguardo em prece.

 

Por Oto Pereira.

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