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Domingo do Bom Pastor: pode-se dar ouvidos a estranhos?

“Eu sou o bom pastor, diz o Senhor; eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem a mim” (Jo 10,14).

O Bom Pastor

Redação (30/04/2023 11:04, Gaudium Press) No Evangelho deste 4º Domingo da Páscoa, o Divino Mestre serve-se da figura do pastor e suas ovelhas, a fim de nos trazer valiosas lições. Figura essa tão comum em épocas passadas, anteriores aos avanços da industrialização, mas ao mesmo tempo tão evocativa em todos os períodos históricos.

Ora, o que é um verdadeiro pastor? É aquele que fortalece a ovelha fraca, vela sobre a doente, cura a que está ferida, reconduz a transviada, procura a perdida e a todas trata com bondade e doçura (cf. Ez 34,4). Quando necessário, repreende-as. Em suma, o verdadeiro pastor é aquele que conhece a todas e cada uma de suas ovelhas pelo nome, e está disposto a dar sua vida por elas.

A cegueira de alma

Parece indispensável contextualizar o trecho relatado no Evangelho deste dia: Jesus havia há pouco curado um homem que era conhecido em toda a região como cego de nascença. Isso gerou um grande rebuliço entre os fariseus, e estes, por sua vez, puseram-se a perseguir e ameaçar tanto o miraculado quanto sua família.

E eles, fariseus, não suportando mais que a fama de Jesus continuasse crescendo em toda a região, chamaram o homem curado e o interrogaram, a fim de que mudasse seus conceitos a respeito do Mestre e deixasse de pregar sobre Ele. O miraculado, entretanto, não cedia ante a pressão diabólica do Sinédrio, e acabou expulso da sinagoga…

Jesus soube do fato, e, quando Se encontrou novamente com ele, tratou-o com especial desvelo; mostrou-lhe quem Ele realmente era e concedeu-lhe a graça de adorá-Lo. Vendo a cena, os fariseus, cegos para as coisas sobrenaturais, indignaram-se e começaram a inquirir Jesus (cf. Jo 9,1-41). A partir destes fatos, Nosso Senhor, em sua Divina Bondade, começou a ensinar-lhes através da metáfora do Bom Pastor.

As ovelhas fiéis não escutam os estranhos

Acima, nos referimos sobre o que é um verdadeiro pastor.

Mas e uma ovelha fiel, o que é? Para responder, basta-nos aplicar às ovelhas o trecho de Ezequiel supramencionado. A verdadeira e fiel ovelha é aquela que, quando está fraca, deixa-se fortalecer pelo pastor; doente, permite que vele sobre ela; ferida, aceita seus curativos. Em suma, a ovelha fiel é aquela que jamais se afasta de seu guia e não dá ouvidos à voz dos estranhos.

De toda a metáfora, um dos pontos que chama especialmente a atenção no trecho do Evangelho é a ênfase dada por Nosso Senhor ao fato de as ovelhas conhecerem a voz do pastor, não dando ouvidos a estranhos:

“O pastor caminha à frente do rebanho, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” (cf. Jo 10,4-5)

Ora, se Nosso Senhor afirma ser “o bom pastor, que conhece as próprias ovelhas (cf. Jo 10,14), cabe a nós um exame de consciência:

Sou realmente do redil de Jesus? escuto somente aqueles que são ecos fiéis de Sua voz, ou busco “pastores” que pretendem acariciar meu orgulho e estimular meus defeitos?

Não nos deixemos enganar! A Verdade é uma, e todo batizado, pelo Sensus Fidelium, é capaz de dizer onde ela se encontra. E, uma vez que recebemos no Batismo a graça de nos tornarmos Filhos do verdadeiro Pastor, sabemos também quem é, e onde está Sua voz.

Sigamos o exemplo do cego miraculado pelo Homem-Deus. Assim, por mais que sejamos pressionados de todos os modos, jamais aceitemos o erro em detrimento de nossa fé. E, se ainda não enxergamos as verdades do alto, peçamos ao Bom Pastor que nos conceda a graça de discernir o que é d’Ele e o que não é.

Que Nossa Senhora nos auxilie nisto de modo muito especial.

Por Guilherme Maia

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