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Domingo de Ramos: Papa pede a graça de, na pandemia, vivermos para servir

“O drama que atravessamos nos impele a levar a sério o que é sério, a redescobrir que a vida não serve, se não se serve”, diz Papa na Missa de Domingo de Ramos.

"O drama que atravessamos nos impele a levar a sério o que é sério, a redescobrir que a vida não serve, se não se serve”, diz Papa na Missa de Domingo de Ramos.

 

 

Cidade do Vaticano (Segunda-feira, 06-04-2020, Gaudium Press) “O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. ”

Estas palavras do Papa Francisco fazem parte da homilia da Missa de Domingo de Ramos celebrada na manhã deste dia 5 de abril, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Neste ano de 2020, em meio à pandemia de coronavirus, a cerimônia que dá início às comemorações da Semana Santa teve características inéditas e inesperadas.

Não era só a Praça São Pedro que estava interditada e vazia. Também a Basílica Vaticana, onde o Papa Francisco presidiu à celebração eucarística não havia o público que de costume a deixa inteiramente lotada.

Com o Pontífice participou da cerimônia o mestre das cerimônias litúrgicas, mons. Guido Marini. Além dele havia os diáconos para servirem o altar, apenas um cardeal e alguns leigos e religiosas. Até o coral da Basílica estava com o número de cantores reduzido.

Para recordar a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, junto do altar da Cátedra foram colocados os ramos de oliveira.

“Deus salvou-nos, servindo-nos”

Em sua homilia, Francisco fez o convite para que na Semana Santa todos se deixassem guiar pela Palavra de Deus que mostra Jesus como um servo.

Por isso o Papa recordou que na Quinta-feira Santa, Jesus é o servo que lava os pés dos discípulos; na Sexta-feira Santa, Isaias (52, 13) O apresenta como o servo sofredor e vitorioso; e que, já amanhã, Isaías profetiza: “Eis o meu servo que Eu amparo” (Is 42, 1).

“Deus salvou-nos, servindo-nos. Geralmente pensamos que somos nós que servimos a Deus. Mas não; foi Ele que nos serviu gratuitamente, porque nos amou primeiro. É difícil amar, sem ser amado; e é ainda mais difícil servir, se não nos deixamos servir por Deus”, disse Francisco.

Mesmo Traído e abandonado, Jesus dá sua vida por nós

“Olhemos dentro nós mesmos; se formos sinceros para conosco, veremos as nossas infidelidades. Tanta falsidade, hipocrisia e fingimento! Tantas boas intenções traídas! Tantas promessas quebradas! Tantos propósitos esmorecidos! O Senhor conhece melhor do que nós o nosso coração; sabe como somos fracos e inconstantes.”

Por isso, o Papa explicou que Nosso Senhor nos serviu dando a sua vida por nós e que para isso ele experimentou as situações mais dolorosas para quem ama: a traição e o abandono.

E ele recordou que Jesus sofreu a traição do discípulo que O vendeu e a traição do discípulo que O renegou, que foi traído pela multidão, além de ser traído pela instituição religiosa e pela instituição política.

Francisco disse que ao sofrermos traições, a vida parece deixar de ter sentido. E isso porque nascemos para ser amados e para amar, afirmou.

Mas, recorda então Francisco, o que Jesus faz para nos servir é tomar sobre Si as nossas infidelidades, removendo as nossas traições.

E é isso que nos leva a confiar e não ter medo de desanimarmos porque podemos levantar os olhos e dirigir nosso olhar para o Crucificado e seguir em frente.

Meu Deus, por que Me abandonaste?

Jesus foi abandonado e nada impressiona mais do que esse abandono do Filho de Deus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: ”Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”

Francisco explicou que no abismo da solidão em que se encontrava, pela primeira vez, Jesus designa o Pai pelo nome genérico de “Deus”

O Papa recordou que estas impressionantes palavras, na realidade, são palavras de um Salmo (cf. 22, 2), que dizem como Jesus levou à oração inclusive a extrema desolação.

Segundo o Pontífice, o porquê de tudo isto nós encontramos na palavra serviço: Jesus morreu por nós, para nos servir.

E ele lembrou que não estamos sós: “O drama que estamos atravessando impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor”.

Pedir a graça de viver para servir

A exortação do Pontífice, nestes dias da Semana Santa em casa, é permanecer diante do Crucificado. Diante de Deus, pedir a graça de viver para servir:

“Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer.”

A senda do serviço é o caminho vencedor, que nos salvou e salva a vida, concluiu Francisco. [ Leia mais sobre Domingo de Ramos ] (JSG)

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