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Do “patinho feio” à cegonha; do avestruz à águia

Como encontrar soluções para a sociedade de nossos dias?

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Redação (22/08/2020 12:04, Gaudium Press) Uma das melhores formas de espelhar a psicologia de um homem, seus modos de ser, suas atitudes, sua postura face a si mesmo, face aos outros e face a Deus, é refleti-la nos animais. As fábulas, leitura da juventude, provam de sobejo esta verdade. Esopo, Fedro e La Fontaine são mestres neste campo.

Deixemos de lado os mamíferos, os répteis e os peixes. Fiquemos com as aves.

As histórias e as metáforas são tão abundantes e variadas no reino alado que suas aplicações vão desde o “patinho feio” até – quão mais elevadas! – as aproximações feitas entre a cegonha e Jesus Cristo.

As aves no ensinamento da Igreja

Na iconografia cristã, a águia representa a contemplação das realidades divinas. É por isso atribuída ao mais profundo dos evangelistas, São João, dito também “o Teólogo”.

O pelicano é ligado à figura de Nosso Senhor, porque, segundo se diz, quando o pelicano não encontra alimento para seus filhotes, fere as suas próprias carnes para dá-las aos seus. É símbolo do Salvador que ofereceu-Se na Cruz por todos nós.

Mesmo a galinha, triste cantora e pobre voadora, encontrou em Nosso Senhor uma analogia, pois, nos evangelhos, quando Jesus chora sobre a Cidade Santa, Ele Se compara a este animal para figurar seu amor pelo povo ingrato: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas… e tu não quiseste!” (Mt 23,32).

Qual ave para o homem contemporâneo?

A que pássaro poderíamos comparar o homem de nossos dias? Difícil escolher. São tantos os problemas de nossa sociedade que todos os exemplos claudicam.

Porém, pode-se afirmar com certeza que a maior deficiência de nosso tempo não é negar a Deus, porque esta é a ignorância de uma minoria, mas viver como se Ele não existisse.

Por isso, o homem de nossos dias não se lembra de buscar soluções onde elas realmente se encontram. Quando se espalham pandemias, quando explodem bombas, quando a natureza se enfurece, quando a sociedade colapsa, ao invés de juntar as mãos e levantar os olhos para o céu, o homem prefere, frustrado, procurar remédio na terra, nos meios naturais.

A sociedade contemporânea faz lembrar a lenda do avestruz, aquela ave desengonçada, corpulenta, que não sabe voar e que, ameaçada, tenta esconder, vergonhosamente e irracionalmente, a cabeça em algum orifício.

O homem de nossos dias é como o avestruz. Ele não nega a luz do Sol, mas teima em colocar a cabeça no buraco, pensando que assim seus males cessarão. Na realidade, se o avestruz fizesse como as águias, que fitam diretamente o Sol, ele não cometeria esse disparate ridículo. Talvez, olhando para a realidade bem mais alta do que a terra, o avestruz batesse as asas e aprenderia a voar elegantemente. Seu habitat natural seriam os céus e não a escuridão prosaica da terra.

Por Paulo da Cruz

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