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Crucifixo de Legnaia, na Itália, que passou por epidemias e catástrofes é obra de Donatello

Itália – Florença (Quarta-feira,18-03-2020, Gaudium Press) Os paroquianos da Igreja de Santo Ângelo Legnaia, nos arredores de Florença, fizeram uma descoberta inesperada.

Jamais eles imaginavam que o crucifixo que conduzem há séculos nas procissões pelas estreitas ruas e vielas de sua cidadezinha fosse obra de um grande nome da arte italiana. Esse crucifixo que veneravam a tanto tempo é uma obra do artista Donatello, pai da escultura italiana do século XV.

Por séculos os fiéis rezaram diante dele em procissões e atos de piedade contra epidemias e catástrofes.

O crucifixo foi submetido a uma restauração em 2014 financiada pela Superintendência Especial dos Museus florentinos e da cidade de Florença para confirmar a intuição do historiador de arte Gianluca Amato.  Esse profissional, estudioso de escultura da Renascença dedicou a sua tese de doutorado à obra, e através de análises técnicas de execução, comparação de materiais e de técnicas de trabalho, apontou a obra com sendo de autoria do renomado mestre.

Objeto de devoção e não peça de museu

O Padre Giancarlo Lanforti, pároco da igreja de Santo Ângelo, em Legnaia, explicou ao Vatican News que “O crucifixo ficou oito anos fora da paróquia. Considerada a descoberta do valor da obra, temíamos que tivesse que ser transferida para um museu. Ao invés, para a nossa grande satisfação, voltou para a nossa comunidade”.

Recentemente, o crucifixo foi recolocado na sua parede original, o Oratório da Companhia de Santo Agostinho para ser restituído à sua antiga função litúrgica.

O Crucifixo

O crucifixo foi executado por Donatello entre 1461 e 1466. Tem 89 centímetros de altura, seus braços têm 82,5 de largura e pesa pouco mais que 3 quilos, sem contar o peso da cruz que não é a original.
Ele foi esculpido em uma madeira muito leve, o álamo. A leveza da obra, atribuída também pela presença de partes internas ocas, tinha como objetivo, de fato, facilitar sua condução durante as procissões.

Devoção em tempos de epidemias

O Padre Lanforti informou também que “O crucifixo era levado em procissão nos períodos de calamidade e durante as epidemias, como a peste do século XV.
Certamente foi objeto litúrgico e de devoção durante muitas quaresmas.

Junto com uma imagem de Nossa Senhora venerada em um cruzamento do nosso bairro, disse o sacerdote, e uma relíquia de Santo Aurélio conservada em Legnaia, este crucifixo representa para todos um ponto de referência nos momentos de dificuldade”.

Coronavírus e a apresentação do crucifixo que venceu pestes

A apresentação ao público deste crucifixo teria a presença do cardeal arcebispo de Florença, Giuseppe Betori, e seria realizada no dia 6 de março. Contudo, por causa da emergência do coronavírus, a apresentação foi adiada para uma data não definida.

“Neste momento de apreensão pela epidemia do Coronavírus – conclui o padre Lanforti – este crucifixo recorda a todos a importância da oração nos momentos difíceis. Como não será possível realizar as procissões por motivos de segurança, difundimos as imagens desta obra-prima a todos os paroquianos, acompanhadas pela oração do Papa para o momento difícil que estamos vivendo”. (JSG)

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