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Crer ou não crer, essa é a questão

Existem sim, vários milagres eucarísticos. Hoje trataremos de um onde fica patente o poder de Deus manifestando-se em horas especialmente trágicas…

Eucaristia

Foto: Cathopic/Ama al revés.

Redação (04/09/2023 10:30, Gaudium Press) A Eucaristia é um milagre esplêndido e permanente. Quando se fala em “milagres eucarísticos” – há alguns muito impressionantes: hóstias consagradas que sangram, que brilham, que resistem ao fogo, à água, ao tempo… – deve ser colocado em primeiro lugar a própria transubstanciação, que é a conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor.

Em todo caso, existem sim, vários milagres eucarísticos. Hoje trataremos de um onde fica patente o poder de Deus manifestando-se em horas especialmente trágicas. Não será mau que o guardemos na memória, pois poderá fortalecer a nossa Fé em eventuais momentos.

Este milagre aconteceu no dia 31 de janeiro de 1906 em San Andrés de Tumaco, cidade portuária localizada na Colômbia. Os dados que seguem foram retirados do livro “Prodígios Eucarísticos” de Frei Antonio Corredor García, e alguns deles também podem ser encontrados no site da Diocese de Tumaco, na Colômbia.

Foi assim que os acontecimentos se desenrolaram: aproximadamente às dez da manhã daquele dia, um tremor de terra começou a ser sentido, durando mais de dez minutos. O pânico tomou conta das pessoas que se aglomeraram na igreja e arredores, suplicando aos padres que organizassem sem demora uma procissão com as imagens de Nossa Senhora e dos Santos que foram colocadas às pressas pelo povo nos respectivos andores.

Pareceu prudente aos Padres Missionários – Frei Gerardo Larrondo de San José e Frei Julián Moreno de San Nicolás de Tolentino, Agostinianos recoletos – encorajar os paroquianos, assegurando-lhes que não havia razão para tanto medo como aquele que tinha se apoderado de todos.

Ambos estavam ocupados com isso quando perceberam que, devido à contínua agitação da terra – o terremoto havia sido de 8,8 graus -, o mar estava se afastando da praia, deixando seco talvez até um quilômetro e meio do terreno que antes era coberto por água, que se acumulava mar adentro, formando uma montanha que se tornaria uma onda formidável que enterraria e destruiria a cidade, cujo solo está abaixo do nível do mar. Então, Padre Larrondo entrou correndo na igreja e consumiu as Sagradas Formas, reservando apenas a Hóstia Magna. Em seguida, voltando-se para o povo e carregando Jesus Cristo Sacramento no cibório, exclamou: “Vamos à praia e que Deus tenha misericórdia de nós!”

Inflamados pela presença de Jesus Eucarístico, e diante da enfática atitude de seu ministro, todos foram para o litoral clamando ao Senhor, à Nossa Senhora e aos Santos do céu, que tivessem piedade deles. A imagem deve ter sido chocante por ser aquela cidade de muitos milhares de habitantes, os quais estavam ali como um só homem, com o terror de uma morte trágica estampado já de antemão em suas feições. As imagens da igreja, levadas nos ombros dos fiéis, também acompanhavam o Santíssimo Sacramento, sem que os padres as tivessem disposto, apenas por causa do irresistível impulso da Fé daquele povo fervorosamente católico. Quando o Padre Larrondo já estava na praia com os fiéis, aquela montanha formada pelas águas começou a mover-se em direção ao continente, avançando como uma inundação impetuosa, formando uma onda formidável. Os minutos de Tumaco estavam contados…

O missionário não se intimidou; desceu até a areia e, colocando-se na jurisdição ordinária das águas, no preciso momento em que a onda já chegava e a ansiedade da multidão crescia até o último limite, ergueu a Sagrada Hóstia e traçou com ela o sinal da cruz.

Momento solene! A onda avançou um pouco mais e, sem tocar no cibório com o Santíssimo que permanecia elevado, bateu contra o sacerdote, atingindo a água apenas até a cintura. O Padre Larrondo só percebeu o que lhe acabara de suceder após ouvir exclamações entusiasmadas: “Milagre, milagre!” Na verdade, aquela onda havia sido subitamente contida, e a enorme montanha de água começou a mover-se para trás até desaparecer mar adentro, a água voltou a recuperar o seu nível normal.

Qual deve ter sido a alegria e o alvoroço daquele povoado, que Jesus Sacramento acabara de libertar de uma hecatombe! As lágrimas de terror foram seguidas pelas de alegria; os gritos de angústia foram seguidos por gritos de agradecimento e de louvor; de todos os fiéis brotavam vivas retumbantes ao Santíssimo. O pároco ordenou-lhes então que se dirigissem à igreja para trazer a custódia e, colocando nela a Hóstia sagrada, organizou-se uma procissão que percorreu as ruas e arredores do povoado, até o Senhor ingressar no templo com toda a pompa, desde onde ele tinha vindo, às pressas, horas antes.

Este terremoto e subsequente tsunami também afetaram as vizinhas República do Equador e do Panamá, causando mais de 1.500 mortes nas áreas vizinhas. As repercussões do acidente foram sentidas nas costas do Japão! Se não fosse este milagre eucarístico, Tumaco e os seus conterrâneos teriam literalmente desaparecido do mapa devido ao seu nível inferior ao do mar.

Devemos sublinhar um fato de imensa relevância: a Fé do povo e dos seus sacerdotes foi decisiva para que o milagre acontecesse. Pior que os elementos naturais furiosamente desenfreados é o infortúnio das almas incrédulas e medrosas. Em Tumaco, os nossos irmãos na Fé testemunharam a sua crença na Eucaristia e como foram recompensados!

Hoje, a Fé está em declínio em todos os lugares como um tsunami devastador, devastando toda a terra. Por exemplo, muitos católicos já não acreditam na Presença Real; para eles, a Eucaristia não seria nada mais do que um mero símbolo. Há algo com o que se preocupar, porque, além disso, vemos no Evangelho que os milagres não costumam ser dados em benefício dos incrédulos, os milagres são um dom para quem crê.

“Ser ou não ser, eis a questão”, afirmou Shakespeare em sua famosa tragédia. Sem pretensão de melodrama, a propósito do que viemos tratando, digamos simplesmente que a verdadeira questão é “acreditar ou não acreditar”…

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Conselheiro de Honra da Federação Mundial das Obras Eucarísticas da Igreja.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.

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