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Covid-19 pode afetar Ano Jubilar Compostelano de 2021

Com ou sem pandemia, o Caminho de Santiago jamais deixará de existir. Ele não é um empreendimento humano. Santiago arrastará multidões até o fim dos tempos.

Com ou sem pandemia, o Caminho de Santiago jamais deixará de existir. Ele não é um empreendimento humano. São Tiago arrastará multidões até o fim dos tempos.

 Redação (28/07/2020 14:00, Gaudium Press) Como se sabe, as medidas cautelares de segurança a propósito da pandemia do novo coronavírus tem restringido dezenas de peregrinações a importantes locais religiosos.

Uma dessas peregrinações atingidas por estas restrições foi a do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

Analisando o caminhar da pandemia nota-se que ela poderá afetar também os eventos e o fluxo de peregrinos no próximo Ano Jubilar Compostelano, programado para ser realizado em 2021.

Ano Santo Compostelano pode ser prorrogado até 2022

“Como a crise gerada pela Covid-19 deve se estender até o próximo ano, o Cabido da Catedral de Santiago de Compostela avalia a possibilidade de solicitar a Roma a prorrogação do Ano Santo até 2022”, informou Mariana Mansur que, juntamente com Fábio Tucci Farah, idealizou o Caminho Brasileiro de Santiago de Compostela.

Ao indicar a possibilidade de prorrogação do próximo Ano Santo até 2022 Mansur destacou que não será a primeira vez que algo assim acontece. “Há um precedente recente: a crise provocada pela Guerra Civil Espanhola, em 1937, quando a petição do santuário compostelano foi acatada pelo então Papa Pio XI e a porta santa permaneceu aberta também durante o ano seguinte”.

Com ou sem pandemia, o Caminho de Santiago jamais deixará de existir. Ele não é um empreendimento humano. São Tiago arrastará multidões até o fim dos tempos.

O Ano Jubilar Compostelano

O Ano Jubilar Compostelano “remonta ao século XV e é celebrado quando a Festa de São Tiago, 25 de julho, coincide com o domingo”, explicou Mariana.

Este fato “se repete a cada 6, 5, 6 e 11 anos”, sendo que o último foi celebrado em 2010 e “iniciou o intervalo de onze anos para o próximo, em 2021”.

“Durante o Ano Jubilar, a porta santa é aberta pelo arcebispo e os peregrinos podem obter indulgência plenária, observando as normas determinadas pela Igreja”, disse Mariana, ressaltando que esta “é a época de maior fluxo de peregrinos”.

Reflexos da atual pandemia nas peregrinações de Compostela

A pandemia do Coronavírus trouxe uma diminuição nas peregrinações pelo Caminho de Santiago, e afetou também os diversos serviços que se desenvolvem para atender aos peregrinos.

“A atual pandemia é a primeira crise do século XXI na peregrinação jacobeia. Com a quarentena, o número de peregrinos no Caminho de Santiago, –que crescia a cada ano– foi reduzido a quase nada”, afirmou Fábio Tucci Farah.

“Peregrinos de diversos países ainda estão impedidos de ir à Espanha, entre eles os brasileiros e os norte-americanos”, porém, “os europeus já estão retornando ao Caminho de Santiago de Compostela”, disse Mariana Mansur.

Mariana explicou que “em julho do ano passado, uma média diária de 2000 peregrinos retiravam a “Compostela” na Oficina Internacional de Acogida al Peregrino”. Agora, “com a reabertura, entre 200 e 300 peregrinos estão sendo registrados diariamente.”

“Talvez a peregrinação jacobeia retome o fôlego que tinha antes da pandemia quando surgir uma proteção eficaz contra o novo coronavírus”, explicou.

Com ou sem pandemia, o Caminho de Santiago jamais deixará de existir. Ele não é um empreendimento humano. São Tiago arrastará multidões até o fim dos tempos.

A peregrinação ao sepulcro de Santiago já venceu muitas crises

Fábio Tucci Farah, idealizador do Caminho Brasileiro, observou, que a peregrinação ao sepulcro de São Tiago já passou por diversas dificuldades ao longo dos anos, sempre resistindo.

“A peregrinação ao sepulcro de São Tiago surgiu durante uma terrível crise: a ocupação moura da Península Ibérica.
Naquela época, chegar ao sepulcro do Apóstolo era uma aventura arriscada. As relíquias de São Tiago no extremo da civilização ocidental guiaram a Reconquista e ajudaram a forjar a Europa. Diversas crises atingiram a peregrinação no decorrer dos séculos. Guerras, ameaças, pragas”, disse, citando, por exemplo, a peste negra que “desencorajou a peregrinação” no século XIV.

“Já em 1589, o corsário inglês Francis Drake ameaçava marchar sobre Santiago de Compostela e destruir as relíquias do Apóstolo.

Para evitar que o maior tesouro do santuário caísse nas mãos do pirata, o arcebispo Juan de Sanclemente ordenou que fosse escondido.
Desde então, os peregrinos que chegavam ao santuário não podiam mais venerar as relíquias de São Tiago, redescobertas apenas no século XIX e autenticadas por uma bula do papa Leão XIII, a Deus Omnipotens (1884) ”, narra Fábio Tucci.

Contudo, ainda narra Farah, “o final dessa crise secular foi o prelúdio de outras duas”, sendo a primeira “a devastadora Gripe Espanhola que infectou um quarto da população mundial e matou entre 17 e 50 milhões de pessoas”, e a segunda “a Guerra Civil Espanhola, que levou o Papa Pio XI prorrogar o Ano Jubilar até 1938”.

Com ou sem pandemia, o Caminho de Santiago jamais deixará de existir

“Foram graves crises e cada uma trouxe reflexos significativos para a peregrinação a Santiago de Compostela”, declarou, acrescentando que agora “ainda é cedo para avaliar todos os reflexos” da pandemia de Covid-19, “mas uma coisa é certa: o Caminho de Santiago jamais deixará de existir. Ele não é um mero empreendimento humano. A voz de São Tiago continuará arrastando multidões ao ‘fim do mundo’ até o fim dos tempos”. (JSG)

 

(Da Redação Gaudium Press, com informações ACI)

 

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