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Coração Místico de Cristo

Se todo o Corpo Místico de Cristo está representado por todos fiéis e pela Igreja, o Coração Místico se identificaria como o conjunto daqueles que mais representam o Coração de Cristo, aqueles que cumprem mais fielmente sua Vontade.

Coracao Mistico de Cristo

Foto: Pixabay/gusmazariegosm.

Redação (19/06/2023 14:53, Gaudium Press) Este mês a Igreja o dedica ao Sagrado Coração de Jesus e comemoramos neste ano também os 80 anos da publicação da Encíclica “Mystici Corporis”, do Papa Pio XII, datada de 29.06.1943. Nela a igreja define com precisão que Ela mesma é a continuidade de Cristo, a Cabeça deste Corpo, denominada assim de Corpo Místico de Cristo.

Podemos destacar neste Corpo Místico seu Sagrado Coração, podendo ser chamado de Coração Místico de Cristo. Se todo o Corpo está representado por todos fiéis e pela Igreja, o Coração Místico se identificaria como o conjunto daqueles que mais representam o Coração de Cristo, aqueles que cumprem mais fielmente sua Vontade.

Origem da definição de corpo místico

A definição a respeito de corpo místico surgiu após a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, quando se manifestou o Sagrado Corpo Místico d’Ele entre
nós, que é a Santa Igreja Católica através de seus membros como continuadores
da Sua Cabeça, que é o próprio Cristo.

No Antigo Testamento não há nenhuma referência a respeito do assunto, como é óbvio, a não ser quando se fala sobre os reinos messiânicos nas antigas profecias. Quem primeiro falou sobre o Corpo Místico de Cristo foi o Apóstolo São Paulo. Quando Cristo lhe apareceu interrogando “Saulo, Saulo, por que me persegues”? (At 9. 4-5) ele deve ter tido esta dúvida: “como é que O persigo se estás morto”? De um modo sobrenatural, posteriormente passou a entender que estava perseguindo o Corpo Místico de Cristo.

Quem o converteu foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, mas quem o encaminhou para a Igreja, batizando-o e catequizando-o, foram os membros deste Corpo Místico, ao qual ele perseguia e tornou-se um de seus membros. Foi assim que a definição de Corpo Místico de Cristo ficou mais patente, sendo por ele defendida em seus escritos.

A doutrina de São Paulo sobre o Corpo Místico de Cristo

O Apóstolo deixou explícito em algumas epístolas a sua doutrina sobre o Corpo Místico de Cristo. Vejamos a seguir:

“Porventura não sabeis que os vossos membros são templo do Espírito Santo, que habita em vós, que vos foi dado por Deus e que não pertenceis a vós mesmos?” (I Cor 6, 19). “[Cristo] É a cabeça da Igreja, que é seu Corpo” (Col 1, 18). “O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja” (Cl 1, 24); “O constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo” (Ef 1, 22-23); “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo” (Ef 4, 11-12); “Cristo é o chefe da Igreja, seu corpo, da qual ele é o Salvador (Ef 5, 23); “como Cristo faz à sua Igreja, porque somos membros de seu corpo” (Ef 5, 29). “Pois, assim como num só corpo, temos muitos membros e os membros não têm a mesma função, de modo análogo, nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, e todos e cada um membros uns dos outros” (Rm 12, 4-5). “Ora, vós sois o Corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte. E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, doutores… Vêm a seguir os dons dos milagres, das curas, da assistência, do governo e o de falar diversas línguas ” (l Cor 12, 12-28).

Em outro oportunidade, o Apóstolo chega a afirmar que um membro pode também contribuir para a formação de outros membros do Corpo Místico de Cristo, como ele próprio o fazia: “Quos iterum parturio, donec formetur Christus in vobis” (Gal 4, 19): Dou à luz todos os dias os filhos de Deus, até que Jesus Cristo seja nele formado em toda a plenitude de sua idade. Portanto como na verdadeira sociedade dos fiéis há um só corpo, um só Espírito, um só Senhor, um só batismo, assim não pode haver senão uma só fé: “Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; há um só Senhor, uma só Fé, um só batismo; há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, por meio de todos e em todos” (Ef 4, 5-6).

O Sagrado Coração de Jesus, parte importante de Seu Corpo Místico

Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, líder católico brasileiro de grande destaque no século passado, escreveu o seguinte sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus:

“…O que é, propriamente, a devoção ao Sagrado Coração? É a devoção ao órgão de Nosso Senhor, que é o Coração. Mas na Escritura, o coração não tem o significado sentimental que tomou no fim do século XVIII, mais ou menos, e certamente no século XIX. Não exprime o sentimento. Quando diz a Escritura: “A ti disse o meu coração: eu te procurei”, o coração aí é a vontade humana, é o propósito humano, é propriamente, a santidade humana. Aí quando Nosso Senhor diz isso, diz: “na minha vontade santíssima, Eu quero”. O Evangelho diz: “Nossa Senhora guardou todas as coisas em seu coração e as meditava”. Os senhores percebem que não é o coração sentimental, mas a vontade d’Ela, a alma d’Ela que guardava aquelas coisas e pensava sobre elas. O coração é a vontade da pessoa, o seu elemento dinâmico que considera e pondera as coisas. O Sagrado Coração de Jesus é a consideração disso em Nosso Senhor, simbolizado pelo coração, porque todos os movimentos da vontade do homem podem ter no coração uma repercussão. Nesse sentido, então, é o órgão adequado para exprimir isso. E é nesse sentido, então, que se adora o Santíssimo Coração de Jesus.

Por correlação, por conexão, existe a devoção imensamente significativa, do Imaculado Coração de Maria. O Imaculado Coração de Maria é um escrínio dentro do qual encontramos o Sacratíssimo Coração de Jesus”.

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