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Coração de Jesus: à disposição dos homens

Por que preferem os homens, muitas vezes, a lepra espiritual, em vez de recorrerem ao Coração de Jesus?

Foto: Francisco Lecaros

Foto: Francisco Lecaros

 Redação (11/02/2024 09:26, Gaudium Press) A lepra é uma terrível doença outrora tão receada e repelida, seja pelo aspecto horripilante dos sofrimentos físicos que trazia, seja pelo afastamento do convívio social ou, ainda, pelo fato de ser — na maioria das vezes — uma enfermidade incurável. Entretanto, hoje em dia, não se apresenta tão temível como no passado, em virtude dos avanços da ciência que tornaram possíveis saná-la.

Contudo, há uma outra representação dessa mesma doença, mas de espectro mais contagioso e que não deixa de propagar-se em nossa sociedade: o pecado, causador de horrores, escândalos e absurdos de ordem moral.

Com esta enfermidade espiritual, os homens parecem se importar menos, apesar de seus males serem muito piores do que os causados pela lepra física.

Qual a solução para aqueles que, por alguma razão, encontram-se neste estado?

Um coração que agrada a Deus

Encontramos no Evangelho deste 6º Domingo do Tempo Comum uma situação que nos faculta uma resposta ao problema: um leproso se apresenta diante de Nosso Senhor pedindo a cura:

“Naquele tempo, um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: ‘Se queres tens o poder de curar-me’” (Mc 1,40)

Era normal que um leproso sentisse vergonha e receio de sua própria situação, receando se aproximar de uma pessoa sã, quanto mais diante do Verbo Encarnado – a um só tempo tão próximo, pela comiseração, e tão distante, por sua grandeza e majestade! Todavia, o leproso, reconhecendo a sua miséria, colocou-se junto de Jesus e pediu um milagre.

“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’ No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado” (Mc 1,41-42).

Nosso Senhor compadeceu-se dele, pois vira que aquele homem não tivera medo de acercar-se d’Ele, reconhecendo de joelhos a sua lastimosa situação e manifestando a fé no poder de Cristo.

Por causa dessa atitude confiante, o Coração de Jesus, rico em Misericórdia, comoveu-Se de amor por aquele indigente que lhe implorava a cura.

Sobre esta atitude do leproso, comenta São Beda: “Ele se ajoelha, caindo de rosto em terra, o que é sinal de humildade e vergonha, para que cada qual se envergonhe das manchas de sua vida. Esta vergonha, porém, não impede sua confissão: mostra a chaga e pede o remédio, e a própria confissão está cheia de religião e de fé. ‘Se queres’, diz ele, ‘podes limpar-me’; ou seja, pôs o poder na vontade do Senhor. Não duvidou da vontade de Deus como um ímpio, senão como quem sabe quanto é indigno dela, por causa das manchas que o enfeiam”.[1]

Ora, quantos há que não reconhecem suas faltas, nem recorrem a Nosso Senhor, e lançam-se ao encontro das solicitações de um mundo que, hélas, muitas vezes prefere o pecado.

Como isto não é agradável aos olhos de Deus!

Testemunho de Soror Josefa Menéndez

Certa vez, a insigne devota do Coração de Jesus, Soror Josefa Menéndez, estava fazendo a ação de graças na Santa Missa, quando viu numa visão o Coração de Jesus coroado de espinhos, envolvido por uma chama, e em seguida, vendo Nosso Senhor com os braços abertos, ouviu de Seus divinos lábios estas palavras: “Sim, Josefa, só quero o amor das almas, mas respondem com ingratidão. Quereria cumulá-las de graças, [mas] elas transpassam-Me o Coração. Chamo-as: fogem para longe de Mim”.[2] E em outra ocasião, Ele confidenciou-lhe: “É a falta de amor que assim Me fere, é o desprezo dos homens que correm como loucos à perdição”.[3]

Logo, devemos sempre nos ajoelhar, pedir o auxílio e o perdão divinos. A Liturgia de hoje, na pessoa do leproso, é-nos um incentivo: recorramos ao Sacramento da Penitência.

Que o misericordioso Jesus, por intercessão da Santíssima Virgem, nos dê um coração dócil, humilde e confiante, para seguirmos a trilha da virtude, ou a da penitência, como o leproso arrependido.

 Guilherme Motta


[1]  SÃO BEDA. In Marci Evangelium Expositio. L. I, c. 1: ML 92, 144.

[2] MENÉNDEZ, Josefa. Apelo ao amor. 3 ed. Rio de Janeiro: Rio São Paulo, 1952, p. 101.

[3] Id., p. 136.

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