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Conflito no Sinédrio

Jerusalém estava repleta de judeus, quando souberam que o Apóstolo ali se encontrava, agarraram-no gritando que ele pregava contra a lei mosaica e contra o Templo.

estava repleta de judeus, quando souberam que o Apóstolo ali se encontrava, agarraram-no gritando que ele pregava contra a lei mosaica e contra o Templo.

Redação (27/05/2020 16:29, Gaudium Press) Tendo partido de Éfeso, onde fora objeto de terrível perseguição, São Paulo chegou a Trôade, importante porto do Mar Egeu, não distante do local em que existira a famosa Troia, no Oeste da atual Turquia.

São Paulo ressuscita um jovem

O Apóstolo entrou em contato com os cristãos ali residentes e, num domingo à noite, foi celebrar Missa no andar superior de uma casa, pois naquela época ainda não existiam igrejas.

A cerimônia se prolongou e, à meia-noite, sucedeu que um rapaz, sentado na beira de uma janela, adormeceu, caiu pelo lado externo e morreu. São Paulo desceu rapidamente até o andar térreo e ressuscitou o jovem; em seguida, voltou ao lugar da celebração e continuou falando até a madrugada; por fim, despediu-se de todos, pois iria para outros locais (cf. At 20, 7-12).

Após alguns dias, ele chegou a Cesareia e hospedou-se na residência do Diácono São Filipe, o qual possuía quatro filhas virgens, que haviam recebido o dom de profecia (cf. At 21, 8-9). Anteriormente, o Diácono evangelizara a Samaria, onde expulsou demônios, curou doentes e houve grande número de conversões (cf. At 8, 4-8).

Continuando sua viagem, São Paulo chegou a Jerusalém e se dirigiu à casa de São Tiago o Menor, que era o Bispo da Cidade Santa. Depois foi ao Templo.

Devido à festa judaica de pentecostes, Jerusalém estava repleta de judeus vindos de várias partes. Quando os que chegaram da Ásia souberam que o Apóstolo ali se encontrava, agarraram-no e começaram a gritar dizendo que ele em toda parte pregava contra a lei mosaica e contra o Templo.

Arrastado para fora do Templo

Acorreram outros judeus ímpios e, ébrios de ódio, arrastaram-no para fora. Já estavam a ponto de matá-lo quando chegou o comandante das tropas romanas, acompanhado de vários soldados; o quartel localizava-se na Torre Antônia, situada num dos ângulos da muralha do Templo.

O comandante ordenou que prendessem São Paulo com duas correntes e o levassem à Torre. Tal a violência dos judeus que os soldados precisaram carregá-lo, enquanto aqueles gritavam “Fora com ele! ”

Antes de ser recolhido no quartel, São Paulo ficou de pé num degrau da escadaria, fez com a mão um gesto ao povo e “houve grande silêncio” (At 21, 40). “A multidão judaica foi momentaneamente subjugada pela calma e varonil segurança do homem que acabava de ser arrancado de suas mãos. ”

Em alta voz, falou ele sobre sua origem, educação, o milagre de sua conversão.  Quando afirmou que o Senhor lhe recomendara ir aos pagãos, aqueles ímpios começaram a gritar dizendo que ele precisava ser morto, “xingavam, rasgavam os mantos e lançavam poeira para o alto” (At 22, 23).

Por ignorar o aramaico, o comandante não entendeu o que São Paulo dizia e mandou que fosse açoitado. Enquanto o amarravam com correias, ele declarou que era cidadão romano.

Ao ser informado disso, o comandante foi até o prisioneiro e pediu-lhe que confirmasse a declaração. Tendo ele confirmado, o comandante ficou com medo. O comandante acreditou na palavra de São Paulo, não lhe exigiu a apresentação de nenhum documento… Que diferença com o mundo atual, no qual a mentira e a falsidade campeiam livremente!

Choque entre fariseus e saduceus

No dia seguinte, o chefe militar mandou reunir os membros do Sinédrio e fez com que o Apóstolo comparecesse diante deles.  Ele não tinha o direito de convocar o Sinédrio, mas este, movido pelo ódio, se dobrou diante de um pagão para se desfazer de São Paulo .

Olhando fixamente os sinedritas, o Apóstolo declarou:

“Irmãos, até hoje eu me comportei diante de Deus em perfeita boa consciência” (At 23, 1).

Então, o sumo sacerdote Ananias ordenou que lhe batessem na boca, e o Apóstolo disse: “Deus vai ferir-te, parede caiada! Tu sentas para julgar-me segundo a Lei e, violando a Lei, ordenas que me batam?” (At 23, 3).

Sendo advertido de que estava ofendendo o sumo sacerdote, ele afirmou: “Irmãos, eu não sabia que este é o sumo sacerdote” (At 23, 5).

Cumpre assinalar que a increpação de São Paulo a Ananias foi profética.  De fato, este era avarento, ladrão, ultrassensual, comprou o cargo e, pouco tempo depois, morreu apunhalado por sicários.

Sabendo que uma parte dos sinedritas era composta de saduceus e a outra de fariseus, o Apóstolo exclamou:

“Sou fariseu e filho de fariseus. Estou sendo julgado por causa de nossa esperança na ressurreição dos mortos” (At 23, 6).

Armou-se, então, um conflito entre fariseus e saduceus, pois estes negavam a ressurreição enquanto que aqueles a sustentavam e começaram a defender São Paulo.

Receando que ele fosse despedaçado naquela briga violenta, o comandante ordenou que os soldados retirassem o Apóstolo do meio deles e o levassem para o quartel da Torre Antônia.

Conspiração para matá-lo

À noite, Nosso Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: “Tem confiança. Assim como deste testemunho de Mim em Jerusalém, é preciso que sejas minha testemunha também em Roma” (At 23, 11).

Essa revelação divina causou grande alegria em São Paulo, pois há muito tempo ele desejava pregar o Evangelho na capital do Império (cf. At 19, 21).

No dia seguinte, uns 40 judeus armaram uma conspiração e se comprometeram, sob juramento, a não comer nem beber enquanto não matassem São Paulo. Foram ao Sinédrio, contaram qual era seu plano e pediram que mandassem trazer o Apóstolo, sob pretexto de examinar melhor todo o caso; e acrescentaram que o matariam antes que ele chegasse.

Providencialmente, um sobrinho de São Paulo soube dessa trama e logo se dirigiu ao quartel para avisá-lo. Em seguida, contou ao comandante o qual mandou 470 militares – soldados, cavaleiros e lanceiros – levarem o prisioneiro a Cesareia, a fim de que o governador romano Félix solucionasse o assunto.

Ao chegar a essa cidade, Félix colocou-o na prisão do Palácio de Herodes e aguardou a presença de seus acusadores.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de termos a Fé, a dedicação, a combatividade, o entusiasmo de São Paulo para enfrentarmos os inimigos internos e externos da Santa Igreja, certos de que ela vencerá.

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 12)

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1- FILLION, Louis-Claude.  La sainte Bible avec commentaires – Actes des Apôtres. Paris: Lethielleux. 1889, p. 776.
2- Cf. Idem, ibidem, p. 781.
3- Cf. Idem, ibidem, p. 782.

 

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