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Confissão de São Pedro: ele exagerou?

Houve momento em que as páginas de um dos mais belos trechos do Evangelho dependeram de ousada profissão de Fé. Não será que algumas páginas da História estejam esperando minha decisão em favor da Igreja para serem escritas?

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Redação (23/08/2020 10:52, Gaudium Press) É próprio de uma alma medíocre não analisar, admirar e amar considerações e verdades que estejam acima de seu limitado entendimento e de seus pequenos interesses. Os medíocres não fazem a História, mas sim os santos e heróis.

Temos hoje, na Liturgia, o Evangelho da “confissão de São Pedro” (Cf. Mt 16, 13-20), no qual o Príncipe dos Apóstolos reconhece Jesus enquanto “Messias, Filho do Deus vivo”.

Pode passar por comum tal afirmação… para nós, que distantes dois mil anos deste acontecimento contamos com inúmeros tratados de cristologia, além de muitíssimos documentos teológicos sobre a Pessoa de Jesus Cristo, repletos de sólida doutrina. Mas não nos iludamos: a confissão de São Pedro foi ousada. Certamente, para alguns, exagerada.

Como chegar à conclusão de que Jesus era o Filho de Deus? A resposta, o Senhor mesmo a dá: “Não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no Céu.”

Certas verdades não podem ser alcançadas pela nossa razão sem o auxílio da Graça Divina, pois, como exclama São Paulo (II Leitura): “Como são inescrutáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! De fato, quem conheceu o pensamento do Senhor?” (Rm 11, 33-34). Tais verdades, porém, exigem fé de nossa parte.

São Pedro foi fiel às inspirações divinas, externando corajosamente sua fé a despeito de quaisquer impressões humanas. E qual foi seu prêmio? Foi-lhe neste momento revelada sua missão ímpar: ser a rocha sobre a qual se edificaria uma instituição imortal e invencível; ser portador das chaves do Céu e da Terra: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus; tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus”.

Tudo vai bem para os medíocres

A “confissão” de São Pedro passou para a história.

Sim, e os que a tiveram por exagerada mal poderiam imaginar o nome do altar mais célebre da Cristandade: o da “confissão de São Pedro”.

A promessa sobre a indestrutibilidade da Igreja também não foi exagero – Deus não exagera – ela se mantém até os nossos dias. O mundo, entretanto, atualmente enfrenta muitas dificuldades, e a barca de Pedro navega mares realmente encapelados.

Para quem já se acostumou com os mesmos pecados e horrores que outrora atraíram à Terra o dilúvio, e a Sodoma e Gomorra o fogo do Céu, tudo vai bem. Que se transgrida a Lei de Deus – até exageradamente, diga-se de passagem –, pouco importa a estes, desde que não se toque em seus confortos e comodidades.

Deles, a Igreja nada pode esperar; eles nunca estarão dispostos a defendê-la ou a confessar sua fé diante dos incrédulos, pois, além de serem incrédulos eles mesmos – ainda quando não o afirmem –, são do número dos que taxariam o Príncipe dos Apóstolos de exagerado, se assistissem à sua profissão de Fé.

E eu, como sou?

Diante desta Liturgia, é bom eu me perguntar: será que tenho feito parte ativamente desta divina promessa (“as portas do inferno não prevalecerão contra ela”), lutando contra o demônio e o pecado, rezando e desejando a glória de Deus e da Santa Igreja; ou sou daqueles que fixam seus corações nos prazeres que este mundo pode oferecer?

Se não estou disposto a confessar – a exemplo do primeiro Pontífice – minha Fé por malgrado da opinião alheia, mas, pelo contrário, acharia exagerado se outro o fizesse, quer dizer que minhas convicções religiosas estão se afogando no lodaçal da mediocridade:“Si le mot exagération n’existait pas, l’homme médiocre l’inventerait” – Se a palavra exagero não existisse, o medíocre a inventaria, afirmou Ernest Hello certa vez.

Rezemos então, pedindo neste XXI Domingo do Tempo Comum a graça de fixarmos sempre os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias (Oração do Dia), sabendo que estas só serão autênticas quando nós estivermos dispostos a lutar, sofrer e confessar nossa Fé pela Santa Igreja Católica.

 Por Afonso Costa

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