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Comunicado: Supressão do Sodalício de Vida Cristã

O Superior Geral assinou na sede do Dicastério para a Vida Consagrada o decreto que dissolve definitivamente a sociedade de vida apostólica, fundada na década de 1970 e muito ativa na América Latina. O fundador e a liderança foram acusados de abusos e corrupção.

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Redação (14/04/2025 16:42, Gaudium Press) A partir de hoje, o Sodalício de Vida Cristã, mais conhecido como “Sodalicio”, não existe mais. Após os escândalos de abuso e corrupção de alguns de seus líderes, hoje, 14 de abril de 2025, foi assinado o decreto de supressão da sociedade leiga fundada na década de 1970 e difundida na América Latina, onde representava uma das realidades mais ativas na evangelização. O anúncio foi feito pelo próprio Sodalício de Vida Cristã (SVC) em uma nota publicada em seu site oficial:

“Informamos que hoje, 14 de abril de 2025, o Superior Geral do Sodalício assinou o decreto de supressão da nossa comunidade na sede do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, na presença da Irmã Simona Brambilla, Prefeita do Dicastério. Jordi Bertomeu Farnós foi nomeado Comissário Apostólico para as tarefas relacionadas à supressão do Sodalício. Com dor e obediência, aceitamos essa decisão aprovada de forma específica pelo Papa Francisco, que põe fim à nossa sociedade.

“Antes de tudo, agradecemos a Deus pela nossa vocação, pois Ele nos chamou, sem qualquer mérito, para servir na Igreja. Valorizamos o fato de que, graças à Sua ação amorosa, Ele permitiu que muitas pessoas, de diversos países, vivam conosco uma experiência comum de fé autêntica, de fraternidade e ardor apostólico, que deu muitos frutos.[…]”

O processo

Foi nomeado Jordi Bertomeu Farnós como comissário apostólico para as atividades relacionadas à supressão do Sodalício. Ele é membro do Dicastério para a Doutrina da Fé, nomeado pelo Papa Francisco no passado para investigar, juntamente com o arcebispo Charles Scicluna, casos de abuso no Chile e em outros lugares da América Latina, incluindo o Peru, o local de nascimento do fundador Luis Fernando Figari, que foi expulso do Sodalício em agosto de 2024 devido a acusações de violência física, psicológica e sexual, inclusive contra menores. Expulso, isto é, do movimento que ele mesmo criou.

O caso do Sodalício remonta ao início dos anos 2000, após reclamações de ex-membros que desencadearam investigações e reportagens da mídia sobre abuso, humilhação e maus-tratos de membros principalmente mais jovens das comunidades “sodálites”. Em 2015, a publicação do livro dos jornalistas Pedro Salinas e Paola Ugaz reuniu os testemunhos das vítimas e, a partir daí, várias medidas do Ministério Público peruano e investigações internas dentro do próprio Sodalício se seguiram até a intervenção do Papa, que sempre prestou muita atenção ao caso. No início de dezembro do ano passado, o Pontífice havia recebido Salinas e Ugaz no Palácio Apostólico, acompanhados pela jornalista Elise Harris Allen, que relatou as denúncias legais e os ataques, especialmente via mídia social, que eles haviam recebido por causa de seu trabalho.

Hoje, portanto, foi o anúncio oficial da dissolução. Uma decisão que é saudada “com tristeza e obediência” pelos membros, como enfatizado na nota publicada no site, onde também está anexado o recente “informe” sobre os atos reparadores implementados pelo movimento de maio de 2016 a abril de 2025, incluindo apoio acadêmico, ajuda terapêutica e reparações econômicas.

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