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Como surgiu a oração “Ave-Maria”?

Eis um pouco da história que cercou a composição da “Ave-Maria”.

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Redação (02/09/2023 15:14, Gaudium Press) “Ave-Maria”, oração mariana por excelência, é composta de duas partes (segundo a Versão Católica Romana pós-Tridentina), que precisou de um milênio (do séc. VI ao séc. XVI) para ser combinada por inteiro, como hoje a conhecemos.[1]

Primórdios da oração

A primeira parte da oração, é a união de duas passagens que se encontram no Evangelho de São Lucas: as palavras do Anjo São Gabriel e a saudação de Santa Isabel.

A narração da Encarnação do Homem-Deus inicia-se com a aparição do Anjo Gabriel à Santíssima Virgem e a anunciação feita pelo arauto celeste: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28). Esta saudação, além de ser uma prece dos Anjos a Maria, é, sobretudo, uma saudação do próprio Deus a Nossa Senhora, por intermédio de seu Anjo (cf. Catecismo nº 2676).

Ainda na primeira parte da oração, há o trecho extraído da visita de Maria a Isabel, sua prima: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1, 42). Com esta saudação, Isabel é considerada pela Igreja como a primeira, em uma longa sequência, a proclamar Maria bem-aventurada (cf. Catecismo nº 2676).

Acredita-se que Severo de Antioquia (†538) tenha sido o responsável por unir as duas passagens acima referidas em uma única oração.[2]

No século XIII, o papa Urbano IV (1261), teve a iniciativa de colocar a palavra “Maria” no início da oração, a fim de indicar a quem se dirigia a saudação, “Ave [Maria], cheia de graça”; e a palavra “Jesus” no final, para especificar o significado da frase “o fruto do teu ventre”.[3] Contudo, apesar da ótima iniciativa, a oficialização deste complemento somente foi reconhecida dois séculos mais tarde.

A segunda parte

No início da “segunda parte” da oração, encontramos a proclamação de um dos dogmas marianos: Maria como “Mãe de Deus”. Com efeito, tal verdade de fé foi aclamada e definida nos primeiros séculos da Igreja, em contraposição às falsas doutrinas de Nestório, que afirmava haver em Cristo duas pessoas, uma humana e outra divina; e que, em decorrência, Maria seria somente mãe da “pessoa humana”, mas não “mãe de Deus”.[4]

Entretanto, de modo definitivo, o Papa São Celestino I, no Concílio de Éfeso, definiu a seguinte verdade a respeito da Maternidade Divina de Maria: “Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no sentido verdadeiro e que, portanto, a santa Virgem é deípara (pois gerou segundo a carne o Verbo que é de Deus e veio a ser carne), seja anátema” (cf. DH 252).

Séculos mais tarde, ao ser promulgado o Catecismo oficial do Concílio de Trento, estabeleceu-se na oração “Ave-Maria” a petição: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”.[5]

O reconhecimento desta segunda parte, assim como a palavra “Jesus” na primeira, foi ratificado somente no século XIV, por ocasião da reforma universal do Breviário Romano, promulgada pelo Papa São Pio V, em 1568.[6]

Logo, no que se refere à Virgem Maria, esta oração da “Ave-Maria” é o reconhecimento fidedigno que lhe dão as Escrituras e a Tradição da Igreja.

Recorramos, portanto, a Ela, nossa Mãe e Medianeira de todas as graças!

 

Por Denis Sant’ana.

[1] Cf. Cf. RADIOGRAFÍA DEL AVEMARÍA. Orígenes y explicación de esta plegaria. Disponível em: http://www.devocionario.com/textos/avemaria1.html. Acesso em: 26 de jul. 2023.

[2] Ibid.

[3] Ibid.

[4] CHANTREL, Joseph Charles Félix. Histoire Populaire des Papes. 10 e. d. Paris: Dillet, 1863, v. 4, p. 39.

[5] THURSTON, Herbert. Hail Mary. Trad. Luz María Hernández Medina. New York: Robert Appleton Company, p. 1910.

[6] Cf. MARIN, Antonio Royo. La Virgen María Teología y espiritualidades marianas.2. ed. Madrid: BAC, 1997, p. 456.

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