Como ajuntar tesouros no céu?
“Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. Tudo o que for além disso vem do maligno” (Mt 5,37).
Redação (12/02/2023 10:17, Gaudium Press). Neste 6º domingo do Tempo Comum, nosso Senhor Jesus Cristo convoca os que O seguem à integridade no cumprimento dos Preceitos Divinos:
“Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. Tudo o que for além disso vem do maligno” (Mt 5,37).
Os dez mandamentos, antes de serem entregues em duas tábuas a Moisés, no monte Sinai, haviam sido gravados no coração de cada homem. Comprova isso o fato de a menor das crianças – possuindo o uso da razão – ao agir mal, seja mentindo, se apropriando de algo que não lhe pertence etc., sente a consciência aguilhoada, mesmo não sendo capaz de explicitar à razão estas falhas.
Porém, como demonstra um sábio princípio da moral, quando uma lei tem de ser posta por escrito, atesta a decadência de uma sociedade. E tal era a situação dos judeus quando Deus entregou a Moisés o Decálogo. Não obstante, ao descer da montanha e ver que a situação do povo era ainda pior, arremessou por terra, diante de todos, aquele precioso tesouro escrito “com o dedo do próprio Deus” (cf. Ex 31,8; 32,15).
O que levou o profeta a agir dessa maneira? Queria, com esta ação simbólica, mostrar o que haviam feito em seu interior. Depois de fecharem os ouvidos à voz de Deus que lhes falava não apenas no interior, mas clarissimamente por meio de seu profeta, eles atiraram as “tábuas da lei” ao chão, adorando outros deuses.
O verme roedor do relativismo
A primeira leitura diz:
“Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir” (cf. Eclo 15,18).
Foi-nos dado o livre-arbítrio, isto é, a capacidade de fazermos o bem, e não temos o direito de optar pelo mal! Pois o Criador, que tanto ama as suas criaturas, reservou-lhes no céu “algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9), desde que sejamos fiéis na prática de seus preceitos. Recordemo-nos de que aqueles que vivem na lei de Deus “têm os olhos do Senhor voltados para si” (cf. Eclo 15,20).
Sem o auxílio da Graça, é impossível ao homem praticar estavelmente os dez mandamentos. Acrescenta-se a isso o fato de, após a falta de nossos primeiros pais no paraíso, a nossa natureza ter ficado desregrada por inteiro. Por isso, como diz o Apóstolo, sentimos em nós duas leis: uma da carne e outra do espírito. Assim, muitas vezes quando queremos fazer o bem, é o mal que se nos apresenta (cf. Ro 7,2;23).
Isso tudo, porém, não pode ser motivo de desânimo para nós. Nosso Senhor Jesus Cristo veio à terra e fez-Se em tudo semelhante a nós, com exceção do pecado (cf. Hb 2,17). Mesmo sendo Deus, deixou-nos o exemplo a ser seguido: “não tendo vindo abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento” (Mt 5,17).
Ora, por mais que a natureza humana possa apresentar a cada dia sinais alarmantes de decadência, de nenhum modo isso justifica o não cumprimento da Lei, ou, ainda pior, querer adaptá-La às necessidades das gerações atuais. Os dez mandamentos são imutáveis, e o serão até o fim dos tempos. O homem tem de se moldar à vontade Divina, e não o contrário.
Peçamos, pois, por intermédio de Nossa Senhora, que Deus abra nossos olhos para contemplarmos “as maravilhas que encerra sua Lei” (cf. Sl 118), a fim de que jamais contemporizemos com o verme roedor do relativismo. Deste modo, estaremos ajuntando tesouros no céu, “onde a traça não corrói, e a ferrugem não destrói” (Mt 6,20).
Por Guilherme Maia
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