Chesterton: “o que fazer da solidão?”
“Sei que no mundo deve haver todo tipo de homem; mas não posso evitar algum estremecimento quando os vejo jogar fora as férias – pelas quais suaram – fazendo alguma coisa”.
Redação (04/08/2023 15:13, Gaudium Press) “Existem aqueles que reclamam de um homem por não fazer nada; aqueles, ainda, mais misteriosos e surpreendentes, que reclamam de não ter nada para fazer. Quando diante de algumas horas ou dias sem ocupação, resmungarão de sua desocupação. Quando presenteados com o dom da solidão, que é o dom da liberdade, eles jogarão fora; eles o destruirão deliberadamente com algum terrível jogo de cartas ou com uma pequena bola. Falo apenas por mim mesmo; sei que no mundo deve haver todo tipo de homem; mas não posso evitar algum estremecimento quando os vejo jogar fora as férias – pelas quais suaram – fazendo alguma coisa.
De minha parte nunca tenho nada o suficiente para fazer. Sinto como se nunca tivesse ócio o suficiente para desfazer sequer um décimo da bagagem da minha vida e de meus pensamentos. Não preciso dizer que não há nada de particularmente misantropo em meu desejo de isolamento; muito pelo contrário. Em minha infância, como já disse, às vezes eu ficava, em um sentido bastante terrível, solitário em meio à sociedade. Mas em minha vida adulta nunca me senti mais sociável do que quando em minha solidão”.
CHESTERTON, G. K. Autobiografia. São Paulo: Ecclesiae, 2012, p. 249.
Deixe seu comentário