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Céline, irmã de Santa Teresinha: com sua câmera no convento, encontro entre arte e santidade

Céline Martin, irmã de Santa Teresinha de Lisieux, foi uma religiosa pioneira na fotografia, capturando momentos únicos da vida em um convento e deixando um legado visual de santidade e devoção.

Foto: Céline à esquerda e, ao seu lado, sua irmã Santa Teresa de Lisieux.

Foto: Céline à esquerda e, ao seu lado, sua irmã Santa Teresa de Lisieux.

Redação (11/03/2025 15:30, Gaudium Press) Céline Martin, mais conhecida como Irmã Genevieve de la Sainte-Face, nasceu em 1869; quatro anos mais velha que Santa Teresinha de Lisieux, foi sua confidente, tendo acesso privilegiado aos segredos do coração da irmã, a quem Teresa confiava suas descobertas espirituais.

Céline também foi uma figura fascinante na história do Carmelo de Lisieux, filha de pais santos, Louis e Celia Martin. Céline entrou para a história não apenas por fazer parte de uma família exemplar de santidade, mas também por seu talento incomum para a fotografia, uma arte pouco comum entre as religiosas de sua época.

Ela cresceu em um ambiente profundamente religioso e, ao longo de sua vida, destacou-se em diferentes campos; tinha um espírito tenaz, o coração de uma artista e a mente de uma engenheira. “Eu gostava de fazer invenções e entender seu mecanismo. Como eu tinha uma máquina de costura, eu a desmontava completamente e, depois de limpar cada peça, colocava-a de volta em seu lugar. Ela também sabia como fazê-la funcionar”, conforme consta em sua biografia.

Céline, uma artista multifacetada

Essa “artista” multifacetada ganhou vários prêmios em matemática e desenvolveu seus talentos em diferentes áreas, como pintura, galvanoplastia – um processo usado para dar a um material metálico um revestimento resistente à corrosão – e, é claro, fotografia. Ela não só se dedicou a diferentes campos, como também demonstrou grande habilidade em cada um deles.

No entanto, a arte da fotografia, que ela desenvolveu dentro do convento, ajudou o mundo a conhecer a espiritualidade de um mosteiro de clausura.

Celine martin 1 137x180 1 250x306 1Após a morte de seu pai, Céline entrou para o convento carmelita de Lisieux em 1894, recebendo o nome de Irmã Genevieve de la Sainte-Face. No claustro, seu talento artístico não foi apenas reconhecido, mas também acolhido. Ela foi autorizada a levar consigo uma câmera, algo surpreendente para a época: uma caixa de madeira 13×18, com uma lente “Darlot”. Ela usava um processo de placa seca ou “ferrotipo”, uma técnica fotográfica do século XIX.

O processo de fotografia era trabalhoso: placas finas de ferro eram revestidas com uma mistura de colódio e nitrato de prata fotossensível, que eram então expostas à luz. Após serem reveladas, fixadas e envernizadas instantaneamente, elas resultavam em imagens duráveis e detalhadas.

O que tornou Céline única foi que, além de sua habilidade técnica, ela foi uma das primeiras pessoas, e a primeira religiosa, a capturar a vida dentro de um convento.

Em vez de ser uma observadora externa, como era comum para os fotógrafos da época, Céline tinha acesso direto ao coração da comunidade carmelita. Ela usou sua câmera para documentar a vida em clausura, o que representou uma novidade na história da fotografia religiosa. Seu trabalho ofereceu ao mundo uma visão inédita da vida das religiosas, bem como dos momentos cotidianos das irmãs em seu serviço a Deus.

Ela também conseguiu capturar imagens notáveis que permanecem icônicas no mundo católico. Sua habilidade para ambientar a cena, posicionar seus objetos e capturar a essência da vida em clausura permitiu que ela criasse um legado visual que perdurou ao longo dos anos. As imagens tiradas por Céline continuam sendo um testemunho comovente da vida das religiosas, de sua devoção e de sua espiritualidade.

Um legado visual de santidade

Entre as 41 fotografias que ela tirou estão algumas das imagens mais representativas de sua irmã, a Doutora da Igreja. Céline capturou momentos transcendentais da vida da santa, desde sua entrada no convento até sua morte.

Além de sua paixão pela fotografia, o que movia Céline era sua profunda devoção a Cristo. Em seus escritos, ela expressou como cada ocupação, por mais mundana que parecesse, a aproximava de seu Criador. Para ela, a beleza na arte e na vida cotidiana era sempre um meio de elevar sua alma a Deus.

“Desde o primeiro momento em que buscamos Seu reino e Sua justiça, Ele se alegra conosco. Mesmo em ocupações que não tinham a eternidade como meta imediata, eu sempre me entreguei a elas com a intenção de encontrar ali alguma beleza que me aproximasse do meu Criador. Ademais, não era difícil, tudo me elevava a Ele, mesmo as coisas que naturalmente deveriam ter me distanciado Dele”, escreveu ela.

Céline Martin viveu uma vida dedicada à contemplação, à arte e à oração. Seu legado como a primeira religiosa fotógrafa é um testemunho de como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para transmitir a beleza espiritual e a santidade. Hoje, suas fotografias não apenas nos permitem conhecer melhor a vida em clausura, mas também nos convidam a refletir sobre a interseção entre fé, arte e devoção.

Com informações Religión En Libertad

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