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Celebrações online: posições diferentes de três sacerdotes

Em Portugal, a Igreja Católica fechou as portas dos seus templos em 23 de janeiro e incentivou as celebrações transmitidas diretamente por via digital.

Em Portugal, a Igreja Católica fechou as portas dos seus templos em 23 de janeiro e incentivou as celebrações transmitidas diretamente por via digital.

Redação (05-02-2021, 15:00, Gaudium Press) A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), determinou a suspensão das celebrações públicas de serviços religiosos, e fechou as portas das Igrejas desde 23 de janeiro, após o agravamento da pandemia de Covid-19 no país.

A hierarquia da Igreja Católica, incentivou as “ofertas celebrativas, transmitidas em direto por via digital”.

A partir desta decisão, começaram a surgir as opiniões de sacerdotes e, muitas delas, divergentes entre si. Por exemplo, enquanto um sacerdote da Aveiro afirma que em tempos de pandemia as celebrações online são uma boa alternativa às missas televisionadas ou radiodifundidas, porque permitem a interação; um outro sacerdote do Porto tem uma opinião que discorda: “Não vale tudo”.

É um perigo que se transforme um ato presencial, a celebração da ceia, num ato virtual, afirma sacerdote

O Padre Jardim Moreira, de 79 anos, encarregado da Paróquia da Vitória, localizada na zona histórica da cidade do Porto afirma que compreende a suspensão de missas devido à pandemia, porém, é contrário à multiplicação de serviços religiosos alternativos às cerimônias realizadas de modo presencial, especialmente as transmitidas através da internet.

O sacerdote do Porto afirmou à Agencia Lusa: “Admito isso apenas para os doentes, mas a missa na TV e na rádio já chega.
Acho que é um perigo e deseducador, antipastoral, que se transforme um ato presencial, que é a celebração da ceia (“tomai e comei”), num ato virtual. Não vale tudo”.

Padre Jardim Moreira ainda frisa com ênfase:
“O cristão é o que vive em comunidade, em comunhão fraterna”.

Num tempo em que falta participação presencial nos atos, usar os meios ao nosso alcance para passar a mensagem e minimizar a falta que sentem dela

Diferente da opinião do Padre Jardim Moreira é o pensamento do Padre Júlio Grangeja.
Padre Júlio é de Águeda, no distrito de Aveiro. Ele tem 62 anos e é encarregado de três paróquias.
Há duas décadas usa as novas tecnologias para transmitir suas mensagens e, talvez por isso ele seja conhecido como o “ciberpadre”.

O Padre de Aveiro comenta a posição do Padre Jardim Moreira e diz-se discordante de suas ideias:
“Discordo dessa posição tão radical do meu colega. Num tempo em que falta alimento para o cristão, entendido este como participação presencial nos atos, devemos usar todos os meios ao nosso alcance para passar a mensagem, minimizando a falta que sentem.

Já que não podem comungar sacramentalmente, pelo menos têm a comunhão espiritual”.
Segundo a opinião do Padre Júlio Grangeja, a transmissão dos serviços religiosos pelas novas plataformas tem mais “qualidade e comodidade” que as feitas na rádio ou na televisão.

Para o “Ciberpadre” nessas transmissões pelas plataformas “Há interação e isso faz toda a diferença”.
Para ele, “As pessoas que participam ( participam, e não a assistem”, enfatiza) são convidadas a escrever os seus comentários” e muitos escrevem o que diriam se estivessem: “Há de tudo”, adverte.

Uma terceira posição procura desvalorizar a dicotomia entre a Missa presencial e aquela transmitida por meios eletrônicos

Com 73 anos e encarregado de três paróquias no Vale de Campanhã, o cônego Fernando Milheiro, tem uma opinião singular, diferente dos dois outros sacerdotes.

Cônego Milheiro procura desvalorizar a dicotomia entre a Missa presencial e a transmitida por meios eletrônicos. Para ele o importante é mesmo a presença em espírito:
“Já antes da covid-19 eu lembrava isso, em contato com alguns doentes que se queixavam que tinham deixado de poder ir à missa precisamente por razões de saúde”.
Com esta sua posição o Cônego Milheiro afirma desejar combater eventuais dramas interiores de católicos que agora estão impedidos de participar presencialmente das celebrações e que têm dificuldades, por “infoexclusão”, a aceitar a exigência das celebrações online.

Para o Cônego, “Não devemos desligar as pessoas que efetivamente não estão desligadas”. (JSG)

(Redação Gaudium Press, com informações Diário de Notícias – Foto ihu.unisinus.br)

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