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Catequese sobre os sacramentos (I)

Os sacramentos são como laços espirituais sagrados, sólidos e ao mesmo tempo doces, que nos unem a Deus e ao próximo e nos preparam para alcançar o céu, meta da nossa existência.

Catequese sobre os sacramentos

Foto: Cathopic/Ana Sofía Terán.

Redação (12/01/2024 10:45, Gaudium Press) Comecemos o ano com um tema revigorante e, ao mesmo tempo, básico: uma instrução sobre os Sacramentos. Ela será útil a todos os batizados. Sim, porque alguns, habituados aos sacramentos, correm o risco de considerá-los banais. Outros, por não estarem familiarizados com eles, perdem a capacidade de degustá-los. Tal é a miséria da nossa condição humana.

Verifica-se que os sacramentos são algo absolutamente central na vida da Igreja, não são dispensáveis. São como laços espirituais sagrados, sólidos e ao mesmo tempo doces, que nos unem a Deus e ao próximo e nos preparam para alcançar o céu, meta da nossa existência.

Assim sendo, o desenvolvimento social, a melhoria econômica, o cuidado com o ambiente, a saúde física e outras coisas materiais, boas e úteis, são questões de ordem secundária quando comparadas com o que é a vida da alma. E os sacramentos nutrem, precisamente, a vida da alma.

Para tratar do assunto, transcreveremos ‘ipsis verbis’ o que o Padre Andrés Azcárate, beneditino, que foi abade de São Bento de Buenos Aires, expõe em sua obra “A Flor da Liturgia” publicada em 1951. São explicações claras, “desprovidas de galas literárias e adornos de erudição”, segundo escreve o autor no prólogo. O livro já possui sete décadas, mas a matéria abordada está em vigor, no que é essencial, há dois milênios.

Antes de entrar no assunto, permita-me um breve parêntese, uma expansão. Imagino alguém que pense contra tomar tal referência, por se tratar de um livro anterior à reforma litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II. Mas será que essa suposta pessoa ignora que existem verdades imutáveis ​​e práticas que são sempre válidas? Não surpreenderia que este objetante imaginário não seguisse certas afirmações de dois importantes documentos pós-conciliares: o Catecismo da Igreja Católica e o Código de Direito Canônico. A verdade é que tais objetores existem em carne e osso, não apenas na imaginação…

Bom, depois desse alívio, vamos ao tema dos sacramentos. Para preservar na íntegra a clareza do argumento do nosso abade, ocuparemos o espaço de dois artigos consecutivos, neste mês de janeiro e no próximo mês de fevereiro. Com a palavra, então, o Padre Azcarate:

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Os Sacramentos para Jesus Cristo: os Sacramentos, segundo Jesus Cristo, são, nas palavras de São Tomé, “como relíquias divinas da Encarnação”, seja porque Jesus Cristo nos legou como vestes emblemáticas de sua pessoa, quer porque nos aplicam os méritos e frutos de sua Encarnação. Com igual razão também podem ser chamados de “relíquias do Sagrado Coração”, pois brotaram da ferida do lado de Cristo, morto na Cruz.

Os Sacramentos são verdadeiras relíquias de Cristo, e não relíquias mortas, mas vivas; já que obram em nós realmente, como agentes de Cristo.

Os Sacramentos para a Igreja: para a Igreja, os Sacramentos devem ser colocados entre os seus elementos constitutivos essenciais, e não apenas como sinais distintivos dos fiéis com os infiéis, mas também como vínculos de união entre os membros de seu Corpo místico (a Igreja), e, muito principalmente, como instrumento de vida sobrenatural.

Por isso que os escritores sagrados chamaram os Sacramentos de “avenidas de águas” que alegram e fecundam a cidade de Deus; “árvores” de ameníssimas variedades ​​e sempre floridas do paraíso da Igreja; os “sete pilares” construídos pela Sabedoria para sustentar toda a Igreja; “planetas” sempre resplandecentes no céu da Igreja e que giram em torno da Eucaristia, que é como o “sol” do qual todos os outros recebem o seu brilho.

Os Sacramentos em relação aos homens: em relação aos homens, para os quais foram instituídos os Sacramentos, estas são as verdadeiras “fontes” do Salvador, cujas águas eles devem beber para serem salvos; são “remédios” que nos devolvem a vida perdida e curam as feridas da nossa alma; são “óleo” espiritual, que ilumina, alimenta e unge; são “bebida” e “alimento”, com os quais a alma se nutre e se desenvolve até a idade da plenitude de Cristo; e, finalmente, são “tesouros de doutrina”, que mediante fórmulas e cerimônias sensíveis nos ilustram acerca das coisas espirituais.

Todos estes títulos nos apresentam alguns dos aspectos que os Sacramentos nos oferecem em relação à nossa santificação. Poderíamos acrescentar outros muito significativos, mas não é possível omitir os clássicos “canais”, através dos quais nos são comunicadas as correntes da graça, ou “artérias” através das quais o coração da Igreja, que é o Espírito Santo, transmite ao Corpo místico de Cristo a graça santificante.

Os Sacramentos por parte de Deus: da parte de Deus, os Sacramentos são “invenções maravilhosas”, através das quais Ele socorre e cura os nossos corações, devolvendo o bem pelo mal, pagando amor por ódio; são “manifestações magníficas” do poder soberano de Deus, que faz com que elementos ordinários, como a água, o óleo, etc., toquem o corpo e lavem a alma, e nele operem ressurreições contínuas, mais admiráveis ​​que a própria Criação.

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Estamos diante de maravilhas do tesouro da Igreja que ela tem à disposição para beneficiar os fiéis… que tanto as subestimam e alguns até as ignoram!

Se estas verdades fossem melhor conhecidas, a Fé nas famílias cristãs floresceria, a prática religiosa não seria a miséria que é, teríamos genuínas vocações sacerdotais e religiosas e a sociedade seria regenerada.

Aqui está a intenção para se pedir aos céus neste ano que se inicia, que 2024 nos traga boas surpresas!

Mairiporã, janeiro de 2024

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Conselheiro de Honra da Federação Mundial das Obras Eucarísticas da Igreja.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho.

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