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Cardeal Parolin preside Missa de Cinzas com homilia do Papa Francisco

Por conta de uma forte dor no joelho, o Santo Padre não celebrou esta Eucaristia, entretanto, sua homilia foi lida pelo secretário de Estado da Santa Sé.

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Cidade do Vaticano (02/03/2022 14:18, Gaudium Press) Na tarde desta quarta-feira, 2 de março, o secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, presidiu a missa de imposição das Cinzas, na Basílica de Santa Sabina. Por conta de uma forte dor no joelho, o Papa Francisco não celebrou esta Eucaristia, entretanto, sua homilia foi lida pelo purpurado.

O Santo Padre ressaltou que a recompensa parece ser a mola do nosso agir, pois em “nosso coração, há uma sede, um desejo de alcançar uma recompensa, que nos atrai e move a cumprir aquilo que fazemos”, entretanto, “na Quarta-feira de Cinzas, a nossa atenção se concentra mais no compromisso exigido pelo caminho de Fé do que no prêmio que daí nos advém”.

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A recompensa junto do Pai e a recompensa junto dos homens

Francisco explica ainda que existem dois tipos de recompensa. “Temos a recompensa junto do Pai e a recompensa junto dos homens. A primeira é eterna, é a verdadeira, definitiva, é o objetivo da existência. A segunda é transitória, é um encandeamento que nos prende quando a admiração dos homens e o sucesso mundano representam para nós a coisa mais importante, a maior gratificação”, sublinhou.

Segundo ele, a recompensa junto aos homens é uma ilusão, “é como uma miragem que, uma vez alcançada, nos deixa de mãos vazias. Quem tem em vista a recompensa do mundo nunca encontra paz, nem sabe promover a paz, porque perde de vista o Pai e os irmãos.

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O rito das cinzas e a doença da aparência

Ao tratar do rito das cinzas, o Pontífice observa que “este sinal austero, que nos leva a refletir sobre a caducidade da nossa condição humana, é como um remédio de sabor amargo, mas eficaz para curar a doença da aparência. É uma doença espiritual, que escraviza a pessoa, levando-a a tornar-se dependente da admiração dos outros. É uma verdadeira ‘escravidão dos olhos e da mente’, que nos induz a viver buscando a vanglória, de modo que conta não a pureza do coração, mas a admiração do povo; não o olhar de Deus sobre nós, mas como nos olham os outros”.

O Santo Padre alerta para o fato de que esta doença da aparência muitas vezes está presente nos âmbitos mais sagrados como “a oração, a caridade e o jejum, que podem tornar-se autorreferenciais. “Em cada gesto, mesmo no mais belo, pode esconder-se a traça da autocomplacência. Assim, o coração não é completamente livre, porque não procura o amor ao Pai e aos irmãos, mas a aprovação humana, o aplauso do povo, a sua própria glória. E tudo pode se transformar numa espécie de ficção em relação a Deus, a si mesmo e aos outros”.

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A Quaresma é um caminho de cura

Em seguida, o Cardeal Parolin enfatizou que “a Quaresma é um tempo que o Senhor nos deu para voltarmos a viver, sermos curados interiormente e caminharmos para a Páscoa, para aquilo que não passa, para a recompensa junto do Pai. É um caminho de cura. Não para mudar tudo da noite para o dia, mas para viver cada dia com um espírito novo, com um estilo diferente”.

“Para isto servem a oração, a caridade e o jejum: purificados pelas cinzas quaresmais, purificados da hipocrisia da aparência, reencontra-se a força plena para voltar a gerar uma relação viva com Deus, com os irmãos e consigo mesmo”, afirmou.

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Oração, caridade e jejum

Por fim, a mensagem do Papa Francisco trata sobre a oração, a caridade e o jejum. Segundo o Pontífice, “se a oração for verdadeira, não pode deixar de se traduzir em caridade. E a caridade nos liberta da pior escravidão: a escravidão de nós mesmos. A caridade quaresmal, purificada pelas cinzas, nos reconduz ao essencial, à alegria íntima que existe no dar. A esmola, dada longe dos holofotes, dá paz e esperança ao coração”.

Já o jejum, que não é uma dieta, “nos leva de novo a dar o justo valor às coisas. Concretamente, recorda-nos que a vida não deve estar submetida ao cenário passageiro deste mundo. O jejum não deve se restringir apenas ao alimento: especialmente na Quaresma, deve-se jejuar daquilo que gera em nós dependência. Cada qual pense nisto, para fazer um jejum que incida verdadeiramente na sua vida concreta”.

O Santo Padre assegura que “a oração, a caridade e o jejum não são remédios só para nós, mas para todos: podem, de fato, mudar a história. Não só porque quem sente os seus efeitos, quase sem se aperceber também os transmite aos outros, mas sobretudo porque a oração, a caridade e o jejum são os meios principais que permitem a Deus intervir na vida nossa e na do mundo. (EPC)

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