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Cardeal Müller: Estados perseguem liberdade religiosa com as chamadas leis antidiscriminação

Em conversa com a Kath.net, o purpurado alemão falou sobre a tentativa de impor um pensamento único, conduzida por uma certa elite.

Cardenal Muller 2

Redação (25/06/2021 16:04, Gaudium Press) Em uma recente entrevista com Lothart Rilinger, da Kath.net, o antigo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, discorreu sobre as tentativas, em diversos níveis, de impor um pensamento único e os ataques que tal imposição implica à liberdade do cristianismo.

Independentemente das diferentes concepções que possam existir sobre o Estado e sobre a dignidade humana, é fundamental o que o Cardeal Müller afirmou: “o Estado existe para o povo e não o povo para o Estado. O cidadão não é propriedade dos que estão no poder, mas o povo é o soberano a quem o governo deve render contas. Nenhum homem tem o direito de decidir sobre a vida, a integridade corporal e a liberdade de consciência e crença de um outro. Também não devemos falar de uma limitação dos direitos fundamentais.”

Direitos fundamentais não são uma concessão graciosa do Estado

Esses direitos fundamentais “que nos chegam por natureza ou, segundo nós, são concedidos por nosso Deus e Criador, não podem ser revogados ou limitados. Só se pode sancionar seu abuso ou uso em detrimento de outros. Em caso de guerras, desastres ou pandemias, as autoridades legítimas devem tomar as medidas necessárias no interesse do bem comum. Mas a crise do coronavírus não deve ser uma boa oportunidade para minar a democracia e a liberdade da sociedade civil em prol do paternalismo de uma elite autoproclamada que quer ensinar a grande massa do povo o que é bom para eles. O Estado não é como um – mal – professor que trata ou maltrata seus cidadãos como ‘escolares estúpidos'”, declarou o cardeal.

Não é o Estado que concede os direitos fundamentais: “Conceder e retirar provém do dicionário de ditaduras educacionais autocráticas”. “Em um Estado constitucional, distinto de um Estado unitário ideológico, cabe aos seus três poderes separados proteger e garantir o exercício dos direitos naturais dos cidadãos. Também não precisamos de políticos, juízes ou seus porta-vozes na mídia estatal que, como crianças menores de idade, às vezes nos tratam com dureza, às vezes nos deixam correr com uma coleira.”

O purpurado adverte contra a “ditadura da opinião”, ou seja, a que se exerce em “alguns estados”, “onde há o direito de processar se eu me sinto ofendido com a opinião de um outro e me sinto insultado apenas porque não tenho contra-argumentos”. Esta ditadura de opinião às vezes se veste de “direito formal”.

Hoje, a liberdade religiosa deve ser defendida contra os limites do poder

“É absurdo que hoje as opiniões publicadas devam ser defendidas novamente dos limites do poder estatal e, na Europa, a liberdade religiosa.”

O purpurado não fica só na tese, mas exemplifica com casos concretos: “Atualmente, através da agenda agressiva de descristianização nas instituições da União Europeia, na administração Biden, nos estados islâmicos e ateus, a liberdade de crença e culto dos cristãos está irrefutavelmente ameaçada de forma sutil ou brutal.”

O Cardeal Müller também aponta a lei Zan, que está sendo debatida na Itália, como uma ameaça concreta à liberdade do cristianismo: “É contrário à ética natural, bem como ao espírito cristão, insultar uma pessoa homossexual como pessoa por essa razão. Mas também é um crime do Estado fazer com que a proclamação da verdade bíblica do pecado de atos sexuais extraconjugais, especialmente entre pessoas do mesmo sexo, seja punível com multas ou prisão, segundo o que é declarado “lícito pelo Estado” pelas chamadas leis antidiscriminação. Quando as leis estaduais minam os direitos naturais fundamentais, não podemos mais falar de democracia no sentido clássico”.

É evidente que os direitos fundamentais encontram seus limites no bem comum da sociedade, no bem legítimo dos outros, expressou o Cardeal.

Certos “superbilionários”

Sobre a liberdade de opinar, o Cardeal afirma que não pode “imaginar que a polícia e o ministério público sejam os pilares da discussão acadêmica. Isso é pura decadência, quando os professores são convidados e depois expulsos por ativistas de gênero, fanáticos Black Lives Matter e LGBT. Afinal, Sócrates foi condenado à morte por medíocres políticas do poder, e Aristóteles rejeitou a democracia, que havia degenerado em um governo de massas, “para não dar aos atenienses uma segunda chance de pecar contra a filosofia”.

O purpurado alemão também alerta contra certos “superbilionários americanos, os grandes gigantes tecnológicos e a indústria farmacêutica”, que se aproveitam da crise do coronavírus e avançam as teses do Grande Reset, “estão tentando impor ao mundo inteiro sua pobre concepção de humanidade e sua visão do mundo economicamente limitado em relação ao modelo do Partido Comunista Chinês”, um modelo de pensamento único, sentimento único e homogeneizado em sua indignação com os dissidentes.

Com informações de Marcotosatti.com 

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