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Beatificados 5 sacerdotes mártires da Comuna de Paris

Cinco sacerdotes franceses mortos “por ódio à fé” em 1871, durante a Comuna de Paris, foram beatificados hoje, 22 de abril, na Igreja de São Sulpício.

Uma fotomontagem de Eugène Appert representando o massacre de 26 de maio de 1871 em Paris. (Wikimedia Commons)

Uma fotomontagem de Eugène Appert representando o massacre de 26 de maio de 1871 em Paris. (Wikimedia Commons)

Redação (22/04/2023 17:03, Gaudium Press) O rito de beatificação ocorreu na Igreja de São Sulpício, sendo presidido pelo Cardeal Marcelo Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, que foi de Roma a Paris especialmente para a ocasião.

O cardeal Semeraro leu a carta apostólica do Papa Francisco, na qual ele decreta que os cinco sacerdotes – Pe. Henri Planchat, Pe. Ladislas Radigue, Pe. Polycarpe Tuffier, Pe. Jean-Marie Rouchouze e Pe. Frézal Tardieu – “todos reunidos no testemunho de fé a ser prestado até o derramamento de sangue”, possam “no futuro ser chamados de bem-aventurados”.

O primeiro pertencia à Congregação dos Religiosos de São Vicente de Paulo, os outros quatro à Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria (Picpus). Os cinco sacerdotes foram fuzilados em 26 de maio de 1871, durante a “Semana Sangrenta” da Comuna de Paris.

Quem são estes mártires?

O primeiro mártir foi o Pe. Henri Planchat, nascido em 1823. Entrou para o Instituto de São Vicente de Paulo (Lazaristas) e foi ordenado em 1850. Continuou seus estudos na Itália e retornou à França para exercer seu ministério pastoral em várias cidades francesas. Em 1863, foi transferido para Paris, onde cuidou dos mais pobres, dos feridos de guerra e dos doentes. É descrito como “caçador de almas”,”pai dos pobres e incansável evangelizador”. Foi preso em 6 de abril de 1871 pelas autoridades da Comuna de Paris, acusado de esconder armas

Os outros quatro mártires são descritos como “formadores incessantes da juventude” e “pastores generosos das comunidades que lhes foram confiadas”:

Padre Ladislas Radigue nasceu em 1823. Ingressou na Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento (Picpus) em 1843, sendo ordenado em 1848. Tornou-se o Superior da casa mãe desta congregação localizada em Picpus, no leste de Paris. Foi preso em 12 de abril de 1871 pelas autoridades da Comuna.

Padre Polycarpe Tuffier, nasceu em 1807, também era membro da Congregação chamada Picpus desde 1823. Ordenado em 1830, foi capelão em Paris, por um longo período e depois se tornou procurador de sua congregação na casa mãe.

Padre Marcelino Rouchouze, nascido em 1810, foi o 3º membro da Congregação Picpus. Professor de latim, matemática e filosofia foi enviado para a Bélgica para trabalhar nos colégios da congregação. No encontro com o Cura d’Ars, em 1852, este lhe disse: “Meu filho, você deve ser um sacerdote; o bom Deus tem desígnios para você.” Aos 42 anos, seguiu o conselho do Cura d’Ars e foi ordenado sacerdote em 1852. Estava em Paris durante a Comuna. Quando a Guarda Nacional chegou à Casa dos Padres de Picpus para procurá-lo, o prior perguntou: “O que vocês estão procurando aqui? Não fazemos política”. Um guarda respondeu: “Não é a sua política que tememos, mas vocês celebram missas e usam escapulários; não queremos mais essas superstições”. Ele foi fuzilado com os outros sacerdotes.

Padre Frézal Tardieu, nascido em 1814, pertencia também à Comunidade de Picpus, ordenado em 1840. Ele era o consolador dos aflitos nas instituições onde lecionava, e costumava dizer que “era melhor falar com Deus do que falar de Deus”. Foi professor de Teologia dogmática e conselheiro geral da Congregação na casa mãe de Picpus, em Paris, quando foi preso e fuzilado.

A Comuna de Paris

Em 1871, após a Guerra Franco-Prussiana, foi proclamada a República na França. Em 26 de março desse ano,  houve uma insurreição conhecida como a Comuna de Paris, regime anticlerical, o qual uniu jacobinos, comunistas e anarquistas, que perseguiu diretamente a Igreja em Paris, profanando igrejas e cemitérios, ateando incêndios criminosos etc.

A Congregação para as Causas dos Santos explicou que o ódio à fé era “a motivação dominante para as ações dos carrascos”. “A Comuna, além das demandas sócio-políticas, tinha óbvias implicações antirreligiosas”, considerou o dicastério, os Communards (revolucionários da Comuna animados por ideais libertários e socialistas) viam a religião como “um obstáculo a ser eliminado”.

O ódio à fé é ainda confirmado pela “ferocidade perpetrada contra os religiosos pela multidão enfurecida e pelo saque de lugares e móveis usados para o culto”, bem como pelas profanações eucarísticas. Todos os mártires também estavam “conscientes do risco que corriam”.

A memória litúrgica destes mártires será celebrada no dia 26 de Maio, dia do seu martírio.

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