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Batismo de Constantino

Constantino foi pego pela lepra. São Pedro e São Paulo lhe apareceram e disseram que seria curado se fosse batizado. São Silvestre o batizou e ele foi curado assim que terminou a cerimônia. Era o ano de 324.

Constantino foi pego pela lepra. São Pedro e São Paulo lhe apareceram e disseram que seria curado se fosse batizado. São Silvestre o batizou e ele foi curado assim que terminou a cerimônia. Era o ano de 324.

Redação (19/01/2021, 16:20, Gaudium Press) Logo após a vitória obtida, graças à claríssima intervenção de Deus, na célebre Batalha de Ponte Mílvia, em 312, o Imperador Constantino deveria ter pedido o Batismo. Entretanto, ele deixou passar alguns anos até que um dia ficou leproso. 

Milagrosamente curado da lepra

Por que ele foi atingido por essa terrível doença, naquele tempo incurável?

Devido à influência de sua esposa Fausta, aferrada ao paganismo, Constantino se deixou levar ao culto dos falsos deuses. Então, o Criador puniu-o com uma lepra que cobria todo o seu corpo.

Sacerdotes pagãos disseram-lhe que seria curado se fosse banhado no sangue ainda quente de jovens inocentes decapitados… Constantino recusou tal monstruosidade e, certa noite, São Pedro e São Paulo lhe apareceram e disseram que ficaria restabelecido se fosse batizado.

Ele dirigiu-se, então, a Roma, onde o Papa São Silvestre o instruiu na Fé e batizou-o. Assim que terminou a cerimônia, milagrosamente a lepra desapareceu. Era o ano de 324.

Atendendo ao pedido de Constantino e de sua mãe, Santa Helena, alguns dias depois se reuniu em Roma um Sínodo, presidido por São Silvestre e com a participação de 284 bispos. Todas as despesas de viagem e hospedagem de todos os clérigos foram pagas pelo tesouro imperial. Em sua abertura, o concílio proclamou: “A alegria foi universal porque Constantino, batizado por Silvestre, Bispo da cidade de Roma, foi em virtude do Sacramento curado da lepra.”

Constantino foi pego pela lepra. São Pedro e São Paulo lhe apareceram e disseram que seria curado se fosse batizado. São Silvestre o batizou e ele foi curado assim que terminou a cerimônia. Era o ano de 324.

Solene entrada na assembleia do Concílio de Niceia

Diversos autores dizem que Constantino foi batizado em Nicomédia – capital da Bitínia, na atual Turquia –, no fim de sua vida, em 337.

O padre francês Joseph-Epiphane Darras (1825-1878), em sua documentada obra “História Geral da Igreja”, demonstra que isso é inteiramente falso.  Recordemos alguns pontos de sua argumentação.

Constantino foi realmente batizado em 324, conforme está consignado no Liber Pontificalis – Livro Pontifical, que trata da vida e das realizações dos Papas – publicado em 898, bem como em obras de São Gregório de Tours, de 550, e de São Beda, o Venerável, de 695.

Em 325, realizou-se no palácio imperial de Niceia – cidade da atual Turquia – um Concílio, do qual participaram 318 bispos. Quando Constantino, revestido da capa imperial ornamentada de ouro e pedras preciosas, apareceu no salão onde as assembleias eram feitas, todos os presentes se levantaram.

Durante esse Concílio, Constantino participou de Missas e comungou. Ora, isso seria impossível se ele não tivesse sido batizado; naquela época, um simples catecúmeno, mesmo se fosse imperador, não podia assistir ao Sacrifício Eucarístico.

A informação de que Constantino teria sido batizado nas vésperas de sua morte foi difundida pelos arianos. Eusébio, Bispo de Nicomédia, lhe teria administrado esse Sacramento. Ora, esse prelado havia se aliado ao Imperador Licínio, que perseguiu a Igreja e o próprio Constantino.

O ímpio Licínio mandou matar muitos cristãos, entre os quais São Brás, o protetor contra os males da garganta. Ele era Bispo de Sebaste – cidade situada no centro da atual Turquia –, havia exercido a profissão de médico e se escondera numa gruta. Os soldados para lá se dirigiram a fim de prendê-lo, mas feras da floresta o defenderam.  Por fim conseguiram agarrá-lo e o lançaram na prisão da cidade. Colocado num cavalete, rasgaram seu corpo com unhas de ferro e depois o decapitaram. Era o dia 3 de fevereiro de 320.

Teria propósito que Constantino pedisse o Batismo ao bispo traidor? Além disso, Eusébio de Nicomédia era declaradamente partidário do arianismo, heresia que, entre outros horrores, negava a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Constantino foi pego pela lepra. São Pedro e São Paulo lhe apareceram e disseram que seria curado se fosse batizado. São Silvestre o batizou e ele foi curado assim que terminou a cerimônia. Era o ano de 324.

Basílicas magníficas

Constantino possuía magnanimidade, como o demonstra as edificações que mandou fazer. Eis alguns exemplos:

Um monumento no local onde foi batizado, em Roma, no qual havia, entre outras coisas, uma piscina – naquela época o Batismo era efetuado por imersão – revestida interiormente de lâminas de prata. Na entrada, uma imagem de Nosso Senhor e outra de São João Batista, tendo nas mãos uma bandeirola com a inscrição: “Eis o Cordeiro de Deus! Eis Aquele que tira o pecado do mundo!” Ambas eram de prata maciça em tamanho natural. Diante dessas duas imagens, havia uma escultura de um cordeiro e um recipiente para a queima de incenso, ambos em ouro maciço, sendo que o turíbulo era ornado de 42 esmeraldas e ametistas.  

Logo após a vitória da Ponte Mílvia, Constantino doou ao Papa São Melquíades o grandioso Palácio Laterani, o qual foi transformado na Basílica de São João de Latrão, Catedral de Roma. 

E depois do Batismo, atendendo pedido de São Silvestre, Constantino mandou edificar a Basílica de São Pedro, no local onde o Príncipe dos Apóstolos foi martirizado. O altar-mor era de ouro e prata, ornado com esmeraldas e ametistas, entrecruzadas com 210 pérolas finas.  Ordenou também a construção de uma igreja em honra do Apóstolo dos gentios, conhecida em nossos dias como “Basílica de São Paulo fora dos muros”.

A fim de abrigar a Cruz de Cristo e outras relíquias de Nosso Senhor trazidas de Jerusalém por Santa Helena, Constantino mandou edificar em Roma a Basílica da Santa Cruz. E que fossem construídas igrejas em outras cidades, tais como Óstia, Albano, Cápua e Nápoles.

Para manter esses templos, ele concedeu terras, rendas e outros benefícios. Tudo isso está descrito no Liber Pontificalis, ao tratar do pontificado de São Silvestre (314-335).

Nas basílicas havia uma relação dos nomes dos indigentes, chamada “matrículas”, ou seja, “registros maternais”. Na sua acepção primitiva, a palavra “matrícula” significava a relação entre aquele que recebia e a Igreja alimentante que dava.

Essas basílicas magníficas foram chamadas “constantinianas”. Daí surgiu a expressão, muito em voga em meados do século XX, “Igreja constantiniana”, caracterizada pela pompa, esplendor, grandiosidade. Contra ela se ergueu o miserabilismo, impulsionado pelos progressistas, que propugnam uma Igreja igualitária, desprovida de magnificência e pulcritude. 

Peçamos a Nossa Senhora que nos conceda a virtude da magnanimidade, a qual nos conduz a Deus, e nos livre do vício da mediocridade que arrasta as pessoas para tudo quanto é reles, colocando-as numa rampa descendente em cujo ponto terminal se encontra o demônio. 

 

Por Paulo Francisco Martos

(in “Noções de História da Igreja” – 38)

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 Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris : Louis Vivès. 1876, v. IX, p. 57-166.

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