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Banco do Vaticano nega que tenha investimentos russos

O Banco do Vaticano negou as alegações do governo ucraniano de possuir investimentos russos em sua carteira

Vaticano Praca de Sao Pedro

Redação (10/09/2023 08:00, Gaudium Press) O Instituto para as Obras de Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, negou as declarações de Mykhailo Podoliak, conselheiro do presidente ucraniano, Volodymir Zelenskyy, segundo as quais o Vaticano não pode ser considerado um mediador confiável no conflito russo-ucraniano, devido à suposta presença de investimentos russos.

Mykhailo Podoliak fez essas afirmações durante uma entrevista na última sexta-feira, 8 de setembro, à rede de televisão ucraniana Channel 24. “Não faz sentido considerar o Papa como mediador se ele adota uma posição pró-russa”, explicou o conselheiro. “O Vaticano não pode desempenhar nenhum papel de mediação; isso enganaria a Ucrânia e a justiça”, acrescentou Podoliak.

Ele também insinuou que o Vaticano não pode mediar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia devido à suposta presença de investimentos financeiros russos no Banco do Vaticano, os quais, segundo ele, requereriam uma análise mais detalhada.

Resposta do Banco do Vaticano às declarações do conselheiro ucraniano

Em resposta às declarações de Podoliak, o Instituto Financeiro do Vaticano (IFO) declarou que não possui dinheiro russo e não realiza investimentos na Rússia. “O IOR rejeita veementemente as insinuações do consultor de que o IOR esteja investindo dinheiro russo”, diz o comunicado.

As declarações do Banco do Vaticano também enfatizam que tal ação seria impossível, primeiro devido às diretrizes internas do próprio Banco e, em segundo lugar, devido às sanções internacionais impostas contra a Rússia. Por fim, o Banco do Vaticano declarou que as insinuações do conselheiro ucraniano são infundadas e carecem de fundamento.

O Banco do Vaticano explicou que não aceita clientes que não tenham uma relação próxima com o Vaticano e com a Igreja Católica. Na realidade, o Banco do Vaticano é responsável pela gestão financeira de propriedades com fins religiosos.

Presidente da Ucrania e recebido pelo Papa Francisco no Vaticano 1

Polêmica em torno das declarações do Papa Francisco

As insinuações de Podoliak surgiram após a polêmica causada pelas palavras do Papa elogiando a Rússia. No final de agosto, ao se dirigir a um grupo de católicos russos, o Papa Francisco elogiou a “Grande Mãe Russa”.

As palavras do Papa foram mal recebidas pelas autoridades religiosas e políticas da Ucrânia, que viram nelas um ato de apoio ao invasor russo. Francisco tentou se explicar vários dias depois, inclusive no voo de volta de sua viagem à Mongólia, ao afirmar que não estava elogiando o imperialismo russo, mas sim a cultura russa.

“É com esse tipo de propaganda imperialista, baseada em ‘fundamentos espirituais’ e em nome da ‘necessidade’ de preservar a ‘Grande Mãe Rússia’, que o Kremlin justifica o assassinato de milhares de ucranianos e a destruição de centenas de cidades e aldeias ucranianas”, reagiu o porta-voz do governo ucraniano, Nikolenko, logo após as palavras de Francisco.

Decepção dos Bispos ucranianos com as declarações de Francisco

O Arcebispo Maior Sviatoslav Shevchuk, líder da Igreja Greco-Católica, a maior igreja oriental em comunhão com Roma, explicou que as palavras do Pontífice causaram “dor e preocupação”.

Após um encontro entre Francisco e os Bispos ucranianos em 6 de setembro, no Vaticano, os Bispos declararam que tiveram uma conversa franca com o Papa e expressaram a dor, o sofrimento e a decepção do povo ucraniano em relação às suas últimas declarações.

Os Bispos da Ucrânia também afirmaram que certas atitudes do Papa Francisco “causam dor e são difíceis para o povo ucraniano, que atualmente luta pela sua dignidade e independência”. Eles alegam que as declarações do Papa estão sendo usadas para favorecer a narrativa e a propaganda russa.

De fato, desde o início do conflito, o Papa Francisco manifestou solidariedade várias vezes para com o povo da Ucrânia, mas evitou a todo custo nomear e condenar a invasão russa, o que tem suscitado críticas em relação à sua posição, especialmente entre os católicos ucranianos. (FM)

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