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Apostolado da Adoração

Até pouco tempo atrás tínhamos em nossas paróquias o “Apostolado da Oração”, uma obra que congregava milhões de fiéis em todo o mundo; Nós, adoradores, temos que realizar e propagar este “Apostolado da Adoração”.

ostensorio eucaristico

Redação (03/03/2022 15:10, Gaudium Press) Em todo ato de adoração feito por um fiel ao Santíssimo Sacramento, se estabelece uma relação pessoal entre duas partes: Criador e criatura. É um encontro que poderá não ser gratificante para a sensibilidade de quem se coloca na presença do Senhor, mas glorifica a Deus e é benéfico para o adorador. Sempre.

Nesse encontro, o importante não é o que podemos dizer ao Santíssimo Sacramento, mas o que Ele nos dirá. A disposição de escuta é necessária para acolher a mensagem da Palavra feita carne, feita pão. De uma maneira íntima, misteriosa e eficaz, o Senhor nos fala quando nos colocamos em sua presença, esteja Ele em nosso peito depois da comunhão, oculto no tabernáculo, exposto no ostensório, ou sobre o altar, durante a celebração da Missa.

É impossível medir os efeitos que o culto eucarístico

O Pão da Vida comunica uma energia que opera na alma um fenômeno semelhante, embora quão superior, ao que acontece com o fermento colocado na massa para que ela seja potencializada e cresça. Enriquecido pelo concurso da vida sobrenatural, o adorador influenciará os outros com quem entra em contato, contribuindo para que sua família, sua comunidade, seu ambiente, possam se regenerar progressivamente e ser cada vez melhor.

Portanto, adorar transcende a vantagem individual de um particular, tem uma dimensão social que repercute no corpo místico de Cristo que é a Igreja composta pelo conjunto dos batizados. Para dizer a verdade, é impossível medir os efeitos que o culto eucarístico tem, por mais discreto que possa ser.

Adorar é um exercício eminente de apostolado. Tendemos a subestimar o alcance do que fazemos porque não avaliamos as consequências de nossos atos. No caso da visita ao Santíssimo Sacramento, o efeito é imenso, pois além das graças que sem dúvida se recebe, há outros beneficiados, pessoas próximas, remotas e até desconhecidas. De fato, corrigindo e ampliando o que foi dito no início, no encontro eucarístico estão concernidas mais duas partes…

Santissimo Sacramento

Exemplos da repercussão que a adoração eucarística pode operar

Dois exemplos da repercussão maravilhosa que a adoração eucarística pode operar. Imaginemos um estudante de um colégio ou universidade católica que passa alguns minutos diante do tabernáculo da capela e é visto por um colega que passa por ali ocasionalmente e que se sente desafiado e reflete: por que não eu?! Esse simples ato de recolher-se junto ao tabernáculo, que se supõem banal, pode estar na origem da conversão de alguém que estava justamente esperando, sem saber, por uma ocasião como essa.

Ou um sacerdote que “gasta” seu tempo – na verdade o “investe” – fazendo companhia a Jesus Sacramentado no templo paroquial. Esse mero “estar”, às vezes suportando o peso do cansaço, poderá ser mais frutífero do que longas explicações racionais proferidas em uma aula, em um sermão ou em um retiro, porque se a palavra convence, o exemplo arrasta.

A adoração eucarística e a Comunhão dos Santos

A chamada “Comunhão dos Santos”, um dos mais belos dogmas de nossa Fé, nos diz que os laços dos fiéis entre si e com Cristo, são íntimos e cheios de consequências. Todo o bem que cada fiel faz é também patrimônio da Igreja e se soma aos méritos de infinito valor do Redentor. Sinal desta mística realidade são as gotas de água que o diácono ou o sacerdote coloca no cálice com o vinho que será consagrado durante a Missa. Essa pequena quantidade de água se confunde com o vinho e se tornará Sangue divino. Associando-se à Redenção mediante pequenos ou grandes sacrifícios, o fiel é, de certa forma, um “co-redentor”; qual outro Cristo, o cristão deve se oferecer e ser vítima. Quantas almas anônimas – para Deus não existem anônimos – auxiliam a tantos e, quem sabe, a si mesmas!

Nunca será suficiente proclamar o benefício incomensurável que a adoração eucarística traz à Igreja em seus três estados: gloriosa, purgativa e militante. No céu, porque aumenta a glória extrínseca de Deus e a felicidade acidental dos bem-aventurados. No purgatório, aliviando a dor e o tempo de exílio daquelas almas que contam com nossos sufrágios. Na terra, pelas razões já mencionadas. Se tivéssemos uma Fé robusta, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, acudiríamos aos pés do Senhor com diligência, porque compreenderíamos que nosso gesto devoto e sacrificial é valioso por participar da onipotência de Deus.

Eucaristia 456

Tudo é graça!

Pesemos as coisas em suas verdadeiras dimensões. Qual é a incredulidade reinante comparada ao esplendor da Presença Real de Cristo reconhecida e adorada? Uma pessoa míope e de Fé fraca desanima com os males atuais e conclui que não há muito o que fazer, porque não sabe que uma pessoa rendida diante da Santa Hóstia é poderosa, já que o Senhor dá com generosidade o que as forças insignificantes da vontade humana são incapazes de obter. Cheia de encanto com esta realidade espiritual, tão básica… e tão pouco tida em conta, Santa Teresinha do Menino Jesus escreveu: “Tudo é graça!”.

Sim, é tudo graça. Ora, para compreender estas verdades sobrenaturais, é necessário ter uma certa formação religiosa que vá além do catecismo elementar que se dá aos filhos da Primeira Comunhão. Um católico deve cultivar, crer não só no mistério eucarístico, mas também na sua participação nesse mesmo mistério. A Oração Eucarística III do Missal Romano refere-se a isso quando pede ao Espírito Santo “que Ele nos transforme em oferenda permanente para que gozemos de tua herança…”.

Até pouco tempo atrás tínhamos em nossas paróquias o “Apostolado da Oração”, uma obra que congregava milhões de fiéis em todo o mundo; Como outras coisas louváveis ​​e piedosas, esse apostolado foi se apagando… Nós, adoradores, temos que realizar e propagar este “Apostolado da Adoração”.

Mairiporã, São Paulo, março de 2022.

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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