A única solução verdadeira
Como sair de uma situação que perdura há muito tempo e, contra as previsões e os desejos de todos, ainda se prolongará por mais alguns anos?
Redação (14/04/2021 16:20, Gaudium Press) Enquanto o homem constata, mais uma vez, sua incapacidade de enfrentar os acontecimentos-chave da História servindo-se apenas dos seus próprios recursos, o enfermiço mundo atual dá crescentes sinais de abalo.
Não é esta a primeira vez que a humanidade enfrenta graves desafios, nem será a última.
Multiplicam-se os estudos científicos que apresentam previsões estarrecedoras: meteoritos, epidemias ou desastres climáticos capazes de varrer a qualquer momento o homem da face da terra…
E, apesar disso, a História continua.
Há quem pense que Deus não castiga
A novidade dos nossos dias talvez consista na falta de fé que, em nível global, se constata nas almas.
Nos tempos passados multiplicavam-se procissões, devoções e penitências. O empenho em aplacar um Deus irado pela perversidade dos costumes estendia-se até aos pagãos. Assim o fizeram, por exemplo, os habitantes de Nínive, comovidos ao ouvir a voz do profeta (cf. Jn 3, 4-9).
Hoje, porém, muitos dos que se dizem cristãos não possuem sequer a sensibilidade religiosa que animava aquele povo idólatra. Há quem julgue que Deus não castiga, ainda que, de forma coletiva, as almas O tenham expulsado de seu interior pelo pecado. Assim pensam as pessoas que põem suas conveniências particulares acima dos interesses do Criador e esquecem o quanto o Altíssimo é ofendido pelas faltas dos homens.
Ora, afirma São Tomás de Aquino, “de Deus só se pode esperar o que é bom e lícito. Mas deve-se esperar de Deus a vingança sobre os inimigos, pois diz o Evangelho de Lucas: ‘E Deus não vingaria seus eleitos que por Ele clamam noite e dia?’ como se dissesse: ‘Ele o fará com toda certeza’”.
O Doutor Angélico não se refere aqui à vingança fruto de uma irritação passageira, impossível de ser infligida por Deus, mas de um castigo proporcional ao delito, visando a correção e o bem.
Como ensina Santo Afonso Maria de Ligório, o moralista por excelência, “não merece a misericórdia de Deus aquele que se serve dela para ofendê-Lo. A misericórdia é para quem teme a Deus e não para o que dela se serve com o propósito de não temê-Lo. Aquele que ofende a justiça – diz o Abulense – pode recorrer à misericórdia; mas a quem pode recorrer o que ofende a própria misericórdia?”
Deus nunca abandona seu povo
No entanto, Deus nunca abandona seu povo. Nos momentos de grande calamidade, Ele envia almas providenciais, incumbidas de alertar os homens e mostrar-lhes o caminho da santidade. Por meio delas oferece, mais uma vez, a salvação ao mundo.
Foi o que aconteceu com Santa Catarina de Sena, numa época especialmente crítica da História da Igreja. As vozes que trazem da parte de Deus a solução para as mais graves crises são, contudo, raramente ouvidas e muitas vezes perseguidas.
Essas almas proféticas seguem, assim, as pegadas d’Aquele que, tendo amado os seus “até o fim” (Jo 13, 1), não foi por eles recebido (cf. Jo 1, 11).
A situação atual surpreende também por sua semelhança com o caos que se seguiu à Crucifixão. Um clima de pânico, insegurança e desorientação envolveu os seguidores de Cristo por causa de sua falta de fé, a ponto de muitos pensarem em desistir, como fizeram os discípulos de Emaús.
Estes últimos prefiguravam os cristãos de hoje que, julgando-se enganados por Deus, decidiram afundar-se novamente no ateísmo prático do qual Jesus os havia libertado.
Abandonando o local onde a Igreja se encontrava reunida, eles tomaram o caminho de retorno para suas casas; o Redentor, porém, não desistiu: foi à sua procura, desejoso de que se arrependessem e salvassem.
Nem todos, porém, agem como esses discípulos quando abordados pelo Divino Mestre. Na maioria dos casos, Ele é ignorado, desprezado e até increpado.
Mesmo quando, conforme profetiza o Apocalipse, os homens sofrem merecidos castigos, em vez de mudar de vida eles se revoltam e maldizem a Deus (cf. Ap 16, 8-11).
Nosso Senhor profetizou guerras, “fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares”, advertindo que “tudo isto será apenas o início das dores” (Mt 24, 7-8).
Estaremos vivendo agora este tempo?
Seja como for, nossa salvação não virá jamais de soluções humanas, mas de uma fé autêntica em Deus, própria a gerar verdadeiras obras de conversão.
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.220, abril 2020.
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