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A Santíssima Trindade nos chama a participar de sua vida

Deus manifesta seu inesgotável amor pelos homens abrindo-lhes as portas do convívio trinitário por meio da obra redentora de seu Filho.

Deus manifesta seu inesgotável amor pelos homens abrindo-lhes as portas do convívio trinitário por meio da obra redentora de seu Filho.

Redação (06/06/2020 13:08, Gaudium Press) Transcrevemos excertos de um artigo escrito por Monsenhor João Clá Dias no qual ele fala da presença do mistério da Santíssima Trindade em nosso dia a dia e destaca com Santo Agostinho que Deus quis que conhecêssemos algo deste mistério já na Terra, a fim de nos preparar para a eternidade:

Um mistério revelado pelo Homem-Deus

Ao começarmos com piedade um ato qualquer da vida cotidiana ou uma oração, costumamos dizer: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

A mesma invocação dá início à Santa Missa, que prossegue com uma saudação do sacerdote, tal como: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”.

O mistério da Santíssima Trindade encontra-se presente em nosso dia a dia, todo o tempo. Sabemos, pela doutrina da Igreja, que há três Pessoas Divinas, mas um só Deus.
Entretanto, a inteligência humana não abarca esta realidade sobrenatural, entre várias razões por estarmos habituados a tratar com os outros homens, meras criaturas de nossa natureza racional, na qual se confundem numa unidade o ser e a pessoa.

Conhecer a Trindade só é possível pela Revelação

É a fé que nos permite aceitar esta verdade, a tal ponto que se o Filho de Deus não a tivesse revelado, impossível seria deduzi-la pelo mero raciocínio.

O Antigo Testamento não oferece elementos para discernir com precisão a existência da Trindade, mas apenas vestígios e insinuações muito tênues que a fazem, de certa forma, ser pressentida.
Por exemplo, ao narrar a obra do sexto dia o Autor Sagrado utiliza o verbo no plural, como se a determinação fosse tomada por várias pessoas: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1, 26). Este e outros textos bíblicos análogos (cf. Gn 3, 22; 11, 7) podem ser considerados sinais da Trindade, embora não sejam explícitos e categóricos.

Também na história de Abraão há um fato significativo: os três Anjos que o visitam para anunciar o nascimento de Isaac sugerem algo desse mistério (cf. Gn 18, 1-2).

Os Livros Sapienciais contêm alusões à geração eterna do Verbo pelo Pai, quando a Sabedoria fala de Si mesma:
“O Senhor Me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da Terra. Desde a eternidade fui formada, antes de suas obras nos tempos antigos. Ainda não havia abismos quando fui concebida” (Pr 8, 22-24).

E, na visão de Isaías, os Serafins proclamam “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do universo!” (Is 6, 3), repetindo o título para honrar as três Pessoas.

A razão humana, contudo, nunca teria suficiente capacidade para chegar a tal conclusão e deduzir tais aplicações, pois o sentido da Escritura só se tornou claro depois da Encarnação, como está na Oração do Dia:
“Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira Fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente”.

É o Filho de Deus quem anuncia a existência das outras Pessoas da Santíssima Trindade

De fato, é o Filho de Deus quem anuncia a existência das outras Pessoas, e Ele próprio declara:

“O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26); “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão” (Jo 16, 12-13).

Foi, pois, a partir de Pentecostes que os Apóstolos foram ilustrados pelo Espírito Santo.
É Ele quem nos leva a compreender a verdade, ainda que de modo um tanto obscuro, às apalpadelas, como quando entramos num quarto sem luz e, impossibilitados de ver com nitidez, nos movemos com cuidado tateando as paredes e os objetos, até adquirir uma vaga ideia do local.

Conhecer algo do mistério da Santíssima Trindade nos prepara para a eternidade

Também, a fé –um dom de Deus pelo qual assentimos às verdades sobrenaturais que nos são propostas– nos confere certa noção difusa a respeito das três Pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.

Quis Ele que conhecêssemos algo deste mistério já na Terra, a fim de nos preparar para a eternidade, como afirma Santo Agostinho:
“Para poder contemplar inefavelmente o que é inefável, é preciso purificar a mente. Não sendo ainda dotados da visão [beatífica], somos nutridos pela fé e conduzidos através de caminhos acessíveis, a fim de nos tornarmos aptos e idôneos para a sua posse”.

Com efeito, estamos neste mundo de passagem e rumamos para um convívio perene com a Trindade no Céu, onde veremos “a verdade sem trabalho e gozaremos de sua claridade e certeza. Não será necessário o raciocínio da alma, pois veremos intuitivamente […]. Ante o fulgor daquela luz, não haverá dúvidas”.

No Evangelho (Jo 3, 16-18) Jesus, o Filho de Deus Encarnado, nos ensina que estamos aqui de passagem com vistas a um convívio eterno com a Santíssima Trindade.

 

(Fonte: excertos de artigo de Mons. João Clá Dias na “Revista Arautos do Evangelho”, n. 150, p 8 à 15)

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