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A matança dos Santos Inocentes: a conjuração para matar o Messias

Hoje, dia 28 de dezembro, a Igreja celebra a Festa dos Santos Inocentes. Assustado com a notícia de que havia nascido Cristo, o “rei dos judeus”, Herodes tomou a criminosa decisão de eliminar o quanto antes o Menino Jesus. Mandou matar todas as crianças de Belém e arredores, menores de dois anos.

Foto: Lúcio Serra Rodrigues Alves

Foto: Lúcio Serra Rodrigues Alves

Redação (28/12/2023 10:00, Gaudium Press) Nas vésperas da Encarnação, verificou-se entre o povo de Israel um real movimento de conversão. Inúmeras pessoas retornavam à prática dos Mandamentos e dos costumes mais rigorosos da Lei de Moisés, o que constituía sintoma inconfundível de uma graça nova, associada à expectativa messiânica, cuja ação crescia em muitos ambientes.

Entretanto, quando os recém-convertidos procuravam os líderes espirituais para lhes pedir conselhos no caminho da perfeição, a resposta era, em geral, a inoculação do verme da tibieza, do relaxamento e da insensibilidade às inspirações celestes, limitando suas orientações à necessidade da minuciosa observância da interpretação deturpada da Lei, feita pelos fariseus. Agindo assim, eles predispunham as almas para rejeitar o Salvador quando Ele Se apresentasse.

Procedimento ainda pior tinham as autoridades religiosas em relação àqueles que ocupavam os cargos diretivos da sociedade, pois haviam logrado organizar uma eficaz estrutura de controle e manipulação por meio da qual governavam tudo e todos.

Assim sucedeu com Herodes, homem desprovido de caráter e de personalidade, que se tornou uma marionete em suas mãos. O orgulho e o medo de perder o trono fizeram dele uma presa fácil para as pérfidas intenções dos fariseus e do Sinédrio.

Com efeito, a notícia espalhada por alguns pastores dos arredores de Belém sobre o nascimento do Salvador em uma gruta, que lhes teria sido anunciado por um Anjo, criou um clima de inquietação odiosa entre os partidários da estrutura farisaico-sinedrita.

A apreensão agravou-se ao ouvirem ecos do que se passara no Templo por ocasião da Apresentação do Menino, pois todos os que em Jerusalém aguardavam a consolação de Israel viram n’Ele o Esperado das Nações (cf. Lc 2, 38).

Aqueles ímpios temiam a vinda do Redentor por saberem que seus erros seriam denunciados e condenados. De tal modo haviam se desviado da verdadeira Religião que procuravam com mais afinco o reino de satanás que o Reino de Deus, como Jesus lhes recriminaria mais tarde: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai” (Jo 8, 44).

O pavor causado pelos rumores de que o Messias já Se encontrava entre eles levou-os a tomar a criminosa decisão de eliminar o Menino o quanto antes. Ainda lhes faltavam, porém, dados mais precisos para a execução do plano.

Nesse contexto os Magos do Oriente ingressaram em Jerusalém com seus faustosos séquitos, indagando ingenuamente onde estava o Rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2, 1-2)… Os príncipes dos sacerdotes e os escribas foram logo convocados por Herodes para indicarem o local em que nasceria o Cristo (cf. Mt 2, 3-6).

Foto: Francisco Lecaros

Foto: Francisco Lecaros

Tomados de inveja

Por fim, certos descendentes de Davi que viviam em Belém, tomados de inveja pelas circunstâncias sui generis que caracterizaram o nascimento de Jesus, fizeram chegar a Herodes informações sobre membros de sua linhagem que anelavam a vinda do Messias e constituíam um núcleo de resistência ao governo do tirano. Era o estopim que os maus esperavam.

Estes tinham livre entrada no palácio e, mestres na arte da adulação, sabiam como direcionar a vontade de Herodes para o cumprimento de seus desejos. Após incitarem o ódio do déspota contra o Menino, o plano do assassinato massivo das crianças foi-lhe apresentado em detalhes: a idade, a região e o modo de realizar o massacre.

Aproveitaram a ocasião para instigar a sanha do idumeu contra o filão de justos da casa de Judá, sob pretexto de que lhe ameaçavam o trono usurpado, levando-o à determinação de eliminá-los. Para isso Herodes dispunha dos dados do último recenseamento, os quais lhe permitiam conhecer com exatidão o número e a residência desses descendentes de Davi. O tirano ordenou, então, a imediata execução do plano em Belém e circunvizinhanças

Cumprir-se-ia assim a profecia de Jeremias: “Ouve-se em Ramá uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem” (Jr 31, 15). Além das crianças, seriam também mortos muitos jovens e varões da linhagem davídica, na tentativa de extirpar a dinastia do rei-profeta.

Encontravam-se entre eles todos aqueles que tinham oferecido a própria vida pelo Menino-Deus no dia de sua circuncisão. Dessa forma, depositariam seu sangue ante o Trono do Altíssimo para a mais perfeita realização de seus esforços com vistas à restauração espiritual de Israel.

Levantando-se de noite, partiram para o Egito

São José conhecia bem a maldade de Herodes e sua capacidade de praticar qualquer atrocidade para garantir a permanência no trono que usurpara. Tampouco tinha dúvidas quanto à sanha satânica que animava o Sinédrio contra o Messias.

Movido por um pressentimento de origem sobrenatural a respeito dos acontecimentos futuros, esse varão astuto e prudente mantinha Maria Santíssima e o Menino Jesus discretamente hospedados na casa de seu tio Judas, situada nas cercanias da gruta onde a Criança nascera. Nessa casa haviam recebido a visita dos Magos do Oriente, e ali mesmo aguardavam a primeira oportunidade para retornar em segurança à pequena Nazaré. Lá passariam despercebidos, pensava José, longe das urdiduras sinedrita-herodianas, cujo foco era Jerusalém, mas que repercutiam com rapidez na Cidade de Davi pela sua proximidade geográfica e, sobretudo, pela sua centralidade nos oráculos proféticos sobre o aparecimento do Salvador.

Em meio a essas apreensões, o Santo Patriarca recebeu, em sonho, uma ordem de seu Anjo da Guarda: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar” (Mt 2, 13). Como chefe e protetor da Sagrada Família, sem perder um instante ele se levantou, dirigiu-se aos aposentos de Nossa Senhora e, despertando-A de seu profundo e inocente sono, transmitiu-Lhe a determinação de partir.

Texto extraído do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, v. 2. Por Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.

 

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