Gaudium news > A importância da canonização de Santos que viveram culturas regionais

A importância da canonização de Santos que viveram culturas regionais

Estados Unidos – Washington (Terça-feira, 07-01-2020, Gaudium Press) Os processos de canonização que permitem investigar a fama de santidade de certos fiéis para estabelecer se são modelos idôneos para os católicos não dependem unicamente do testemunho de vida dos Servos de Deus estudados. Também tem um lugar importante o trabalho da comunidade local que promove a causa e seus efeitos sobre a Igreja local. Todas estas dimensões foram exploradas pela historiadora Kathleen Sprows Cummings da Universidade de Notre Dame, autora do livro “Uma Santa Nossa: Como a aventura de uma Santa heroína ajudou os católicos a fazer-se americanos”.

Um Santo nativo serviria como mediador entre o céu e a terra, e também entre o catolicismo e a cultura local.
Um Santo nativo serviria como mediador entre o céu e a terra, e também entre o catolicismo e a cultura local.

“Quando os católicos norte-americanos nomearam seus primeiros candidatos para a canonização na década de 1880, a maioria de seus co-cidadãos acreditavam que as lealdades religiosas dos católicos lhes impediam de participar da vida estado-unidense”, indicou Sprows Cummings em uma entrevista concedida a Crux. “Ao mesmo tempo, muitos prelados na Santa Sé duvidavam que o catolicismo pudesse florescer em uma sociedade predominantemente protestante. Os que procuravam Santos acreditavam que poder canonizar uma estado-unidense convenceria tanto os protestantes estado-unidenses como as hierarquias europeias católicas que tinham pertencido aos Estados Unidos”.

O primeiro êxito dos fiéis estado-unidenses foi a canonização de Santa Francisca Cabrini em 1946, em um momento caracterizado por uma maior participação social dos fiéis. Mas segundo a autora, a maior influência se veria nas canonizações de Santa Elizabeth Ann Seton (1975) e São João Neumann (1977). “Não havia dúvida de que os católicos estado-unidenses haviam conquistado influência em sua Igreja e haviam consolidado seu lugar na nação”, comentou a historiadora.

Para Sprows Cummings a dupla iniciativa dos fiéis de legitimar sua identidade diante da Santa Sé e diante de seu próprio país fez com que a história do processo de Santa Elizabeth Ann Seton se tornasse muito interessante. “Para que uma causa tenha êxito em Roma, os católicos dos Estados Unidos tiveram que defender que os futuros Santos haviam praticado as virtudes teologais e cardeais: Fé, esperança, caridade, prudência, fortaleza, temperança e justiça”, expôs a autora. “Para que uma causa importasse em casa, os católicos americanos tinha que acreditar que os candidatos adotavam as virtudes estado-unidenses e participavam de projetos estado-unidenses”. Por estes motivos, por exemplo, os promotores da causa de São João Neumann enfatizaram em sua naturalização como cidadão estado-unidense apesar de que este fato carecia de importância para a Santa Sé.

“Um Santo nativo serviria como mediador entre o céu e a terra, sim, mas também entre o catolicismo e a cultura estado-unidense”, propõem a apresentação oficial do livro. O texto serve como uma aproximação à realidade das Causas de Canonização em sua notável complexidade e uma janela até pouco conhecida da história do catolicismo nos Estados Unidos, um país que se considerou oficialmente Território de Missão até 1908 e onde os fiéis seguem sendo minoria, chegando a representar na atualidade 25 por cento dos habitantes. (EPC)

Deixe seu comentário

Notícias Relacionadas