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A história dos calendários

Parte I – O calendário Romano

Instrumento para se calcular o passar dos dias e das estações, quando e como surgiu o calendário?

Foto: Wikipedia

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Redação (15/05/2022 10:50, Gaudium Press) Tão elementar e tão básico, o calendário está presente em todas as partes. Presente nas casas, nos escritórios, nos consultórios médicos, nas salas de aula, enfim, em qualquer bolso. É um pequeno e simples objeto que, entretanto, possui uma vastíssima história.

Qual a sua origem?

O primeiro modo de dividir o tempo em anos, meses, dias e horas remonta à época da fundação de Roma, nos tempos do seu mítico fundador, Rômulo (VII-VI a. C.).

 Segundo as tradições, o ano era composto de dez meses lunares, tendo uma duração, não sempre igual, de 304 dias. Entre o fim de um ano e o começo do posterior, havia um período “morto”, que não correspondia a nenhuma data estabelecida e a nenhum mês específico. Isto se deve à chegada do inverno, tempo onde não se cultivava e não se tinha absolutamente nenhuma atividade militar, apenas se fazia ritos próprios de purificação, para que se iniciasse bem o ano, que logo se principiaria no equinócio[1] da primavera (onde se situava o primeiro mês).

Já era uma crença romana que o dia se iniciava à meia noite, e os meses eram compostos de 29 ou 31 dias – pois se considerava má sorte um mês possuir um número par de dias – e a cada 10 meses um novo ano. Estes eram os 10 meses: Martius, Aprilis, Maius, junius, Quintilis, Sextilis, september, october, november, december.

As duas primeiras reformas

A primeira reforma se deu com Numa Pompílio (716 a. C. a 674 a. C), o qual acrescentou dois meses ao início do ano: Januarius e Februarius. Desta maneira, o mês que – inclusive por seu nome – seria o sétimo, o September, tornou-se o nono e, com tais mudanças, o ano passou a ter 355 dias.

A segunda e grande reforma deu-se com Júlio César, imperador e, ao mesmo tempo, pontifex maximus, decretando a mudança no calendário (no ano 46 a. C), que passaria a ser denominado, por mandato seu, de Calendário juliano. Também com este magistrado romano, o mês de Quintilis passou a se chamar Julius e o Sextilis de Augustus. O primeiro, em honra própria; o segundo, laureando Octaviano Augustus.

“Ficou para as calendas!” e “em tempos idos”

“O dia primeiro de todos os meses era chamado de Kalendae, vocábulo cuja etimologia latina é calare: chamar (era o dia em que os Sacerdotes chamavam o povo para anunciar-lhes a Lua Nova)”.[2] À raiz deste termo acha-se a expressão popular “ficou para as calendas”, ou seja, para o início do próximo mês…

 Outra curiosidade: “Nonae é o dia cinco,[3] por ser o nono dia antes do Idus, que era o dia 13. Idus, cuja raiz (Iduare) significa dividir, dividia o mês em duas partes quase iguais”[4]. Por isso, a real acepção da sentença: “Nos tempos idos” (idus) – isto é, nos tempos passados…

Com o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a História foi dividida em duas partes: antes e depois d’Ele. Por isso dizemos, por exemplo, que estamos no ano de 2022, pois estaríamos contando, grosso modo, os anos à partir do nascimento do Salvador. Entretanto, na época dos romanos, com obviedade, era distinta a forma de se contar. Eles tinham, inicialmente, como ano I, o ano da fundação de Roma, com a sigla a. U. c. (ab Urbe condita).

No próximo artigo, partindo desse augusto fato, o nascimento de Cristo, passaremos a narrar o sucedido com os calendários.

Por João Pedro Serafim


[1] Momento em que o Sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham igual duração.

[2] Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramatica latina. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 434.

[3] Em alguns meses como Martius, Maius, Julius e Augustus, era o 7.

[4] Cf. ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Op. cit.

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