A Criação é obra de Deus!
A Criação resultou numa obra magnífica de perfeição e ordem que reflete as qualidades de seu Divino Artífice.
Redação (16/10/2020 17:51, Gaudium Press) Numa pequena cidade, um renomado professor reunia, todas as tardes, uma quantidade enorme de discípulos, ávidos de ouvir seus eloquentes ensinamentos. Tanta era a afluência de público que o ar quase se fazia rarefeito na sala onde ele se encontrava.
Certa feita, subiu ao púlpito o dito mestre e começou a ensinar. A frase com a qual iniciou a aula naquele dia foi: “O mundo não demonstra que Deus existe!” Estarrecidos, os ouvintes se puseram a pensar: “Nosso mestre nunca erra, como disse ele esta incoerência?” Rompendo o silêncio, um pequeno menino gritou: Eu posso provar que isto não é verdade!” A multidão, estupefata, penalizou-se da pobre criança que enfrentaria alguém tão instruído, mas mesmo assim abriu alas para que ela se aproximasse do lugar onde se encontrava o mestre. Subindo a escadaria, o valente menino viu brilhar o relógio de ouro do prefeito da cidade e pediu-lhe que emprestasse o objeto por alguns instantes. Embora receasse a quebra de valioso bem, não foi possível negar o pedido, pois a benevolência do público nas próximas eleições assim o exigia.
Voltando-se para o professor, perguntou o menino: O senhor acredita que este relógio surgiu do acaso? O mestre quis despedir o menino, denominando infantilidade tal proposição, uma vez que era impossível admitir que o relógio surgisse do acaso. Continuou, então, a criança: O senhor não acredita que o acaso fez esse relógio, mas sim que o acaso fez o Universo? Imagine o senhor: o ouro se encontrava no alto de uma montanha e, arrastado pelas águas da chuva, despencou ladeira abaixo até que preso, por acaso, a alguns seixos foi modelado e surgiram as engrenagens e as molas. De repente, ainda por acaso, surgiu o relógio que tenho nas mãos…
A multidão irrompeu em aplausos efusivos. A ironia do menino dispensava os argumentos. Se era de tal modo evidente que um relógio não podia ter surgido do acaso, sem um artesão que o fabricasse, com muito mais razão no que diz respeito ao Universo.
Esse pequeno fato ilustra bem um dos mistérios da fé: que o Universo foi criado por Deus, do nada (Ex nihilo), e não surgiu do acaso, como pensam alguns. A Santa Igreja admite que a Criação seja um mistério, ou seja, algo incompreensível à razão, mas não contraditório.
“Do nada, nada se faz”
Para contrariar essa verdade, levantam alguns a objeção que “do nada, nada se faz” (Ex nihilo nihil fit).
Esse axioma filosófico, longe de se opor à verdade da fé, corrobora a Onipotência Divina. De fato, não é possível que algo se produza por si mesmo do nada, por isso o mundo, que antes não existia, não se fez por si mesmo, mas, Deus que existia, atuou sobre o nada, criando todas as coisas. Mistério insondável que se vê refletido na mente humana. Com efeito, não pode o homem, ainda que de modo imperfeito, criar “do nada”, ao conceber uma ideia, ou um sistema de operação? Do nada, mas sob a influência de uma causa existente, no caso mencionado, o próprio homem. Podemos então ficar admirados que a maravilha da Criação seja feita por Deus do nada?[1]
Os “vestígios” de Deus
Deus – que não pode ser conhecido diretamente – deixou vestígios em toda a obra da Criação, apontando a onipotência de seu Criador.
Voltando os olhos para as grandezas siderais, por exemplo, pode alguém afirmar que toda a ordem ali existente surgiu do acaso, e não foi criada por um Ser onipotente?
O que dizer do número de estrelas que existem, que se calcula em uns duzentos mil trilhões? A Via Láctea tem cem milhões de Sóis, e se conhecem cem milhões de galáxias como a Via Láctea. No Céu, ademais, há milhões de estrelas maiores que o planeta Terra, que pesa seis mil trilhões de toneladas, e é uma bola de 40.000 km de perímetro. O Sol é um milhão e trezentas mil vezes maior do que a Terra. Na Estrela Antares, da constelação de Escorpião, cabem cento e quinze milhões de Sóis. Sem contar a velocidade altíssima em que esses astros se movimentam e nunca se chocam, permitindo inclusive que se façam cálculos exatos de quando um cometa passará sobre determinada região da Terra.[2] Será que toda essa ordem impressa no Universo surgiu do acaso? Não é ela uma das mais qualificadas testemunhas da onipotência Divina e da pequenez humana?
Dobrando os joelhos, todos são chamados a reconhecer a Deus, seu Criador, através da perfeição que Ele imprimiu em todo o Universo, inclusive no próprio ser humano. Não hesitem os homens em proclamar com o salmista: “Os Céus proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra de suas mãos” (Sl 19,1).
A fé não exige provas, mas a razão tem meios de robustecer vigorosamente a crença que a fé inspira. Por isso, aprofundar-se na doutrina católica, nas razões teológicas é indispensável para aqueles que almejam possuir uma fé robusta e inabalável.
Por Odair Ferreira
[1] Cf. CAULY, Eugène Ernest. Curso de instrução religiosa. São Paulo: Livraria Francisco Alvez e Cia, 1914, v. 4. p. 47-48.
[2] Cf. LORING, Jorge. Para salvarte: Enciclopedia del Catolico. 60. ed. México: Catolicas, 2008. p. 17-22.
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