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A amizade com o mundo é inimiga de Deus

Pela própria formulação de Jesus, percebe-se o quanto o espírito do mundo é feito de mentira e, portanto, o oposto do Espírito Santo: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Paráclito, para que fique eternamente convosco, o Espírito de verdade, a Quem o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece […]” (Jo 14, 16-17).

NSJC

Redação (22/12/2020 10:40, Gaudium Press) O espírito do mundo vive no erro e por isso não conhece os dons de Deus, como afirma São Paulo aos Coríntios: “Ora nós não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que vem de Deus, para conhecermos as coisas que por Deus nos foram dadas” (I Cor 2, 12). De fato, constamos que o espírito do mundo vive no erro e não conhece os dons de Deus.

Por esse motivo, o mundo toma a verdade por mentira, o bem por desgraça, a autêntica riqueza por pobreza, a morte por vida, e vice-versa. Assim, se queremos estar unidos a Deus, não devemos amar o mundo, como aconselha São Tiago: “Não sabeis que a amizade deste mundo é inimiga de Deus? Todo aquele que quer ser amigo deste mundo torna-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4).

A pseudo sabedoria do mundo é, então, loucura, pois não alcança entender as verdades reveladas, nem as da salvação. Deus não quis utilizar-Se da pretensa sabedoria do mundo para anunciar o Evangelho, mas, pelo contrário, lançou mão de homens simples para tal, conforme nos anuncia São Paulo: “Está escrito: ‘Destruirei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência dos prudentes’. Onde está o sábio? Onde o homem instruído? Onde o investigador deste mundo? Porventura não tornou Deus em loucura a sabedoria deste mundo?

[…] “Considerai, pois, irmãos, a vossa vocação: entre vós não há nem muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres; mas as coisas loucas, segundo o mundo, escolheu-as Deus para confundir os sábios e as coisas fracas, segundo o mundo, escolheu-as Deus para confundir os fortes; Deus escolheu as coisas vis e desprezíveis segundo o mundo, e aquelas que não são nada, para destruir as que são, para que nenhuma criatura se glorie diante dEle” (I Cor 1, 19-29).

O mundo está cheio de perigos e ciladas

Não poucas vezes a “sabedoria” do mundo se opõe às verdades reveladas, aos dogmas e à própria moral, por isso é maléfica a influência do mundo, como assevera São Leão Magno: “O mundo inteiro está cheio de perigos e ciladas: as paixões excitam, a atração dos prazeres nos arma emboscadas, os lucros lisonjeiam, os prejuízos abatem e as línguas são amargas”…

Consequentemente, o ódio do mundo à Igreja torna-se evidente. Já no seu nascedouro, no tempo dos Apóstolos, esse ódio atingiu graus inimagináveis. Não menos satânico foi o ódio herético que, mais tarde, se levantou contra os verdadeiros cristãos. E não nos iludamos a respeito da existência desse ódio ainda no mundo de hoje…

Não nos é lícito admitir os erros do mundo

Lembremo-nos, também, que Jesus nos ensinou a rezar: “mas livrai-nos do mal”. É tão variado o mal que há no mundo e, ao mesmo tempo, se apresenta ele de tantas maneiras diferentes e insinuantes, que inúmeras têm sido suas vítimas.

Em qualquer parte onde nos encontremos, estamos no mundo. Apesar de nos expormos menos quando retirados na solidão, seus males e erros não deixam de penetrar nos mais religiosos ambientes.

No entanto, aqueles que aderem à palavra do Pai, transmitida pelo Filho, passam a ser membros da família divina.

Devemos, portanto, rejeitar as máximas, inclinações, paixões, interesses, afetos, etc., do mundo; ou seja, jamais será lícito admitir seus erros, se buscamos a Deus e a nossa santificação.

Santificação na verdade

A santidade na verdade, o ser inteiramente de Deus “por meio da Verdade”, deve ter por fundamento a Religião e a Fé. A heresia como também a irreligião são trabalhadas na mentira e podem ser consideradas como uma falsa consciência, e até mesmo, da hipocrisia. Todas essas posturas erradas se opõem à mencionada santificação na verdade.

Não têm o menor fundamento, na realidade moral, a retidão, a bondade, a exteriorização de fervor, às vezes até de santidade, que a impiedade ou a heresia procura apresentar a seu próprio respeito.

Não conhece a palavra de Deus quem não recebe, ou não aceita, da Santa Igreja, sua adequada e infalível explicação. Fora da Igreja não haverá senão um simulacro de santidade.

Não basta ostentar uma santidade feita de meras exterioridades, pois, se as aparências forem simples máscaras de um interior em desordem, tudo não passará de hipocrisia.

Pelo Batismo, participamos da divina missão de Cristo

E a verdadeira santidade é necessária para todos nós e não só para os religiosos. Como filhos adotivos de Deus pelo Batismo temos parte nessa divina missão de apostolado junto aos outros, e para tal é-nos indispensável a santidade.

Se nos dispuséssemos — cada qual em suas funções e estado — a caminhar para essa verdadeira santidade, que rápida transformação haveria em toda a sociedade e até mesmo no interior da própria Igreja! Os filhos seriam santificados pelos pais; os discípulos, pelos professores; os parentes, por seus mais próximos, etc.

Infelizmente, em nossos dias, os corações cheios de si mesmos desejam conciliar uma fé apoucada com o espírito do mundo, vivendo na região tenebrosa do orgulho e do gozo da vida.

Peçamos a Nossa Senhora, receptáculo de todas as graças, para que defenda e estimule, com admirável constância, aqueles filhos que têm consciência de sua fraqueza, a fim de mantê-los imunes ao contágio do espírito do mundo. Como Mãe zelosa e vigilante, Ela não permitirá que as doutrinas mentirosas do demônio os façam tropeçar e cair nas imundícies da idolatria (cf. Ap 2, 14).

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.89, maio 2009.

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