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A Medalha Milagrosa e a conversão de um condenado à morte

Redação (Sexta-feira, 30-11-2018, Gaudium Press) A fantástica história de Alfonso Maria Ratisbonne é muito recordada nestes dias em que a Igreja celebra a festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa e de Santa Catarina Labouré. Advogado, banqueiro, ateu, havia começado a usar uma medalha milagrosa por insistência de seu amigo Teodoro de Bussiére. Mas um dia entrando na igreja romana de Sant’Andrea delle Fratte vê uma dama celestial, a Virgem Milagrosa e sua vida dá um giro completo. Se converte à Fé romana, é ordenado sacerdote e funda uma comunidade religiosa.

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Talvez menos conhecida é uma história que tem traços muito similares, a de um condenado à morte nos EUA: Claude Newman. Passemos aos fatos, que ainda hoje seguem sendo objeto de investigação.

Claude nasceu em uma família pobre de Arkansas em 1923. Criado por sua avó, vê quando tinha 16 anos que para sua desgraça a avó se casa com um homem que a maltratava, Sid Cook. Cook e a avó se separam. Amargurado pelo ressentimento, ao ter 19 anos Claude espera Sid em sua casa, o mata, lhe rouba e foge, sendo detido depois e em seguida condenado à morte na cadeira eléctrica, no Mississippi. A pena de morte deveria ser executada no dia 14 de maio de 1943, mas foi adiada para o dia 20 de janeiro de 1944.

Claude compartilha a cela com quatro prisioneiros. Um deles portava uma medalha que começou a chamar a atenção de Claude: era a medalha milagrosa. Claude a obtêm e a pendura no pescoço. Essa noite alguém lhe toca o pulso e o desperta. Ele então vê “a mulher mais linda que Deus criou”, segundo relato de seu confessor, o Padre Robert O’Leary.

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Começa então o processo de conversão de Claude. Assim o conheceu o Padre O’Leary. Tanto Claude como seus companheiros de cela pediram formação católica. Mas era necessário começar do zero. Não apenas por não conhecer nada da Fé, mas porque sequer sabia ler e escrever. Entretanto o trabalho de catequese começou, por parte do Padre O’Leary, e também de duas religiosas que ajudavam nesse labor.

Um dia tinha que falar da confissão. Qual não seria a surpresa dos catequistas, ao escutar a excelente explicação que sobre esse sacramento de redenção deu Claude: “Ei, eu sei disso. Nossa Senhora me disse que quando nos confessamos não nos ajoelhamos diante de um sacerdote, mas nos ajoelhamos diante da Cruz de seu Filho. E que se de verdade nos dói ter pecado e confessamos nossos pecados, o sangue que seu Filho verteu desce sobre nós e nos lava, livrando-nos de todos os pecados”.

Para confirmar que esses conhecimentos haviam sido adquiridos de forma extraordinária, Claude revelou ao Padre O’Leary um segredo, algo que inclusive ele havia se esquecido: “Ela me disse que se você duvidasse da minha palavra ou se mostrasse hesitante, eu devia recordar-lhe que você, quando estava na Holanda em 1940, fez um voto que ainda não cumpriu”. Comentou o sacerdote que Claude lhe detalhou o voto, que era que o sacerdote havia se comprometido com Nossa Senhora em erigir uma igreja em honra de sua Imaculada Conceição, o que mais tarde se tornou realidade em Clarksdale, Mississippi, em 1947.

A Mãe de Deus também instruiu a Claude na hóstia sacrossanta: “Nossa Senhora me disse que na comunhão eu só verei o que parece ser um pedaço de pão. Mas me contou que na realidade isso é verdadeira e realmente seu Filho, e que Ele estaria comigo como esteve com ela antes de nascer em Belém. Me disse que devia dedicar meu tempo, como ela fez durante sua vida, a estar com Ele, amando-lhe e adorando-lhe, dando-lhe graças, louvando-lhe e pedindo-lhe bênçãos”.

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Preparado por um cuidadoso catecismo que completou a instrução recebida pela própria Mãe de Deus, Claude e companheiros receberam o Batismo no dia 16 de janeiro de 1944. Quatro dias depois seria executado.

Ao ser perguntado sobre seu último pedido, Claude respondeu já como homem de Fé firme: “Meus amigos e os carcereiros, estão comovidos. Mas não entendem. Não vou morrer, só este corpo morrerá. Estarei com Nossa Senhora. De modo que gostaria de fazer uma festa. Você permitiria ao Padre O´Leary trazer bolos e sorvete, e autorizaria que os prisioneiros do segundo andar viessem ao salão principal para que todos possamos estar juntos e celebrá-lo?”. E assim se fez uma festa católica.

Mas antes da execução chegou um adiantamento da sentença, decretado pelo governador do Estado, notícia que causou tristeza em Claude. “Não o entendeis! Se tivessem visto o rosto de Nossa Senhora e olhado os seus olhos, não quererias ficar neste mundo mais um dia. Que fiz eu de mau nestas últimas semanas para que Deus me negue deixar este mundo?”.

Entretanto, alguma razão haveria que ter o céu para ter querido postergar o encontro de Claude com a corte celestial. Qual seria? A conversão de um preso, alguém que odiava a Claude, alguém que havia matado um policial e que também estava condenado à morte, James Hughes.

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“Quiçá Nossa Senhora quer que tu ofereças este sacrifício de ter que esperar duas semanas para estar com ela pela conversão de Hughes. Por que não ofereces a Deus cada momento em que permanecerás separado de tua Mãe do Céu pela conversão deste prisioneiro, para que não esteja separado de Deus por toda a eternidade?”, lhe disse o Padre O’Leary a Claude. Claude ofereceu seus sofrimentos, em benefício da alma de Hughes.

Claude finalmente cumpriu sua sentença de morte no dia 04 de fevereiro de 1944. Todos estavam surpresos com a serenidade e a alegria deste prisioneiro a caminho do cadafalso. Mas sobretudo estavam surpresos os que não conheciam de perto sua história. Uma história que seguiu com a conversão de Hughes, que morreu também na cadeira elétrica três meses depois de Claude, confessando “ao Senhor Jesus Cristo hoje aqui ante o homem. Que Ele tenha piedade de minha alma, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (EPC)

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