Para salvar civis, Arcebispo de Bangui pede intervenção na RCA
Bangui – República Centro Africana (Terça-feira, 27-11-2018, Gaudium Press) “Acreditamos que devemos, seja oportuno ou não, bater à porta do coração de nossos irmãos e irmãs, para que eles entendam que os pobres, suas vidas, devem ser respeitados”.
Estas foram palavras do Cardeal Dieudonné Nzapalainga, ao falar de sua recente viagem aos locais do massacre acontecido recentemente (15/11) em Alindao, na República Centro Africana, quando 60 pessoas morreram vítimas de atentados.
“Não podemos ficar calados”: declarou o arcebispo de Bangui, que, na manhã de segunda-feira, encontrou com jornalistas na capital da República Centro-Africana.
Na entrevista coletiva de imprensa concedida pelo Cardeal, ele informou sobre sua recente viagem a Alindao, onde ocorreu o massacre de 15 de novembro.
O massacre em Alindao
O massacre foi realizado com armas de fogo e teve como alvo um grupo de refugiados acolhidos pela diocese de Alindao.
Quase todos eles eram cristãos.
O bispado da cidade perdeu dois sacerdotes que foram assassinados.
O grupo armado que reivindicou o ataque se autodenomina União pela Paz e vem espalhando terror pela República Centro-Africana (RCA).
Terrorismo e incapacidade do Governo
Para o Cardeal Nzapalainga, a violência generalizada é objeto de um grupo armado que age impunemente e aterroriza a população.
Para o Purpurado, a isso soma-se a grave a incapacidade das autoridades da República Centro-Africana e da comunidade internacional de proteger os civis no país.
Segundo o Cardeal, a situação humanitária em regiões do país é crítica e muitas crianças sofrem fome e estão desnutridas.
Como fez várias vezes no passado, o cardeal Nzapalainga denunciou o uso desta violência “dentro e fora do país” e questionou a comunidade internacional sobre o destino das populações mais vulneráveis.
2 de dezembro, Dia de Luto
Em um comunicado que foi divulgado no domingo, a Conferência Episcopal da República Centro-Africana (CECA) recordou os últimos ataques sangrentos em Bangui, Bambari , Batangafo e Alindao.
Os bispos pedem a todos os “homens e mulheres de boa vontade, solidariedade e respeito pela memória das vítimas” que “como sinal de luto, todos se abstenham das festividades de 1 dezembro de 2018”, quando se comemora a festa nacional.
Os bispos também convocaram um dia de “lamento e oração” por todas as vítimas dos massacres cometidos no país, que terá lugar no domingo, 2 de dezembro.
Entrevista por telefone
Olivier Bonnel do Vatican News, conversou por telefone com o cardeal Nzapalainga, que comentou a situação:
“Atualmente está acontecendo um massacre de civis inocentes. É por isso que eu queria chamar a atenção da comunidade nacional e internacional sobre o massacre: é uma catástrofe humanitária que acontece diante de nossos olhos.
Vi crianças saindo da brousse vomitando: haviam bebido água contaminada e adoeceram.
Devemos dar rapidamente o alerta e intervir para salvar, proteger as crianças, as pessoas mais fracas, os idosos e dar a oportunidade a todos aqueles que se encontram em Alindao de simplesmente seguirem suas ocupações.
Em relação à proteção das pessoas, tanto a comunidade internacional quanto o governo fracassaram. Aqui se trata de um pequeno grupo que mantém a maior parte da população como refém.
Nós, como religiosos, fortes na esperança cristã, acreditamos que devemos, seja oportuno ou não, bater à porta do coração de nossos irmãos e irmãs, para que eles entendam que os pobres, suas vidas, devem ser respeitados.
Esperamos que a comunidade internacional queira apoiar as iniciativas de paz, para que os centro-africanos possam viver assim, em paz, e se considerem como irmãos”. (JSG)
(Da Redação Gaudium Press, com informações Vatican News)
Deixe seu comentário