Congregação de Nossa Senhora de Belém festeja 60 anos
Rio de Janeiro (Terça-feira, 10-06-2018, Gaudium Press) A Congregação de Nossa Senhora de Belém celebra em 2018 seus 60 anos de fundação. Para comemorar este marco na história da irmandade, o Cardeal Arcebispo Orani João Tempesta presidirá uma Santa Missa em ação de graças, no Santuário de Nossa Senhora do Loreto, em Jacarepaguá, no dia 22 de julho, às 16h.
A fundadora e superior geral, Madre Maria Helena Cavalcanti, entrevistada pelo jornal “Testemunho de Fé”, não somente destacou a alegria da congregação em anunciar Cristo Ressuscitado por meio da evangelização em escolas e nas catequeses, como também disse que os religiosos tem a missão de auxiliar diversas catequistas através de encontros de formação alegres, dinâmicos e, sobretudo, alicerçados na Sagrada Escritura.
Logo no início, Madre Maria Helena lembrou-se como nasceu a Congregação de Nossa Senhora de Belém. “Senti preocupação com relação ao ensino religioso quando, logo após o término dos estudos com as irmãs dominicanas, passei a dar aulas sobre religião numa escola pública. Ao retornar para casa, passava pela Paróquia da Divina Providência, no Jardim Botânico, e diante de Jesus Sacramentado, percebia como era pouco o que eu fazia”, disse.
“Em 1952, eu já era religiosa no Colégio São Domingos, em Poços de Caldas (MG), quando essa preocupação retornou de maneira muito forte. Organizei o movimento das Alunas Missionárias, as quais davam aulas de formação religiosa em escolas da cidade, na tentativa de atacar mais de perto esse problema. Quando retornei ao Rio de Janeiro, em 1957, depois de me apresentar ao padre Negromonte, comecei, com a permissão de minha superiora, a dar aulas de religião em três estabelecimentos do Governo: Instituto de Educação, Rivadávia Corrêa e Paulo de Frontin. Depois de quase dois anos de experiência nas escolas, no dia 20 de abril de 1958, escrevi um relatório ao Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, que me chamou ao Sumaré para uma conversa. Ao final de duas horas, estava resolvida a fundação da Congregação”, descreveu.
Segundo a religiosa, o nome da Congregação foi escolhido por ela a pedido de Dom Jaime. Na época, ainda confusa, recordou-se do que havia lido em uma biografia de São Francisco de Assis. “Ajoelhei-me, rezei e abri a Bíblia. Sem olhar, coloquei o dedo em uma das páginas e caiu sobre a palavra Belém. Imediatamente me veio à mente: pelas mãos de Maria. Então pensei, Nossa Senhora de Belém. Congregação de Nossa Senhora de Belém. Faço muita questão desse ‘de’. A congregação é dela. Depois percebi que, se ficasse mil anos pensando, não encontraria nome mais adequado, pois Belém significa ‘Casa do Pão’. Nossa intenção, além de prolongar o mistério da Encarnação no meio estudantil laicizado, é a de que Belém seja realmente a Casa do Pão: pão doutrinário, pão intelectual e o pão gostoso da sadia convivência humana. Só alguns anos mais tarde alguém me lembrou de que o nome escolhido era também o de minha cidade natal”.
“Nosso carisma é prolongar o mistério da Encarnação no meio estudantil laicizado, campo árduo que pede generosas vocações. Colaborando no grande esforço missionário da Igreja, atuamos também na catequese paroquial e em outras atividades que para tal contribuem. Nosso lema é: “Eis que vos anuncio uma grande alegria” (Lucas 2,10). Esta é a maior notícia que a humanidade jamais recebeu: “Hoje vos nasceu na cidade de Davi o Salvador que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2,11). É a grande alegria que nos vem por Maria, causa de nossa alegria”, ressaltou Madre Maria Helena.
Ao ser indagada sobre qual é a diferença entre a catequese de hoje e antigamente, a fundadora da Congregação de Nossa Senhora de Belém respondeu que “os pais são os primeiros catequistas” e que “atualmente percebe-se a pouca participação das famílias na educação religiosa dos filhos”, o que faz com que muitas crianças e jovens desconheçem Jesus, sua mensagem e as orações que antigamente eram ensinadas pelos pais e avós.
“Comecemos em casa nosso ardor de catequistas, a fim de não sermos só ouvintes da Palavra, mas praticantes. É necessário, pois, uma tomada de consciência na fé, um testemunho de vida na esperança e um anúncio da salvação na caridade”, aconselhou.
Para Madre Maria Helena, uma das principais características de um catequista e sua influência para a Igreja é “integrar o conhecimento numa vida correta inspirada pelos valores do Evangelho para anunciar a Palavra de Deus. Essa é a meta do catequista. Não sejamos como carteiros levando a Carta de Deus, mas discípulos que trazem suas palavras na mente, no coração e na vida”.
“Não é preciso ser perfeito, do contrário ninguém estaria à altura. Porém, certos requisitos são muito importantes. A vida do catequista não pode desmentir o que sua boca fala. Quem não aprecia uma pessoa simpática, afável com todos, exigente sem ser intolerante, mansa sem ser fraca, educada sem ser formal e, principalmente, sincera e alegre na adesão a Cristo e à Igreja? Só uma chama acende outra chama”.
E para quem deseja entrar na congregação, a religiosa alertou: “a vocação é uma iniciativa divina, um dom de Deus”. “Um dos fatores decisivos é a família cristã bem estruturada, na qual os filhos percebem a coerência dos pais entre a fé que praticam e a vida que vivem. Nos dias de hoje, toda vocação é um milagre. Basta ouvir a história de cada vocacionado, de cada moça ou rapaz que procura a vida religiosa ou o sacerdócio”, comentou.
“Para aqueles que se sentem chamados a viver nosso carisma, é necessário em primeiro lugar possuir real vocação. Além disso, os requisitos físicos, como boa saúde e idade de 19 a 30 anos. É preciso que ore bastante e pergunte como São Paulo: ‘Senhor, que quereis que eu faça?’ (At 9,6). Além disso, podem buscar conhecer mais profundamente a congregação”, acrescentou.
Por fim, Madre Maria Helena enfatizou as alegrias e desafios da vocação e da missão de servir a Deus em um mundo em mudança. Na visão da fundadora, “a missão das irmãs de Belém, onde quer que trabalhem, é evangelizar pelo testemunho e pela Palavra, sempre que possível.
“A irmã de Belém procura ser transparente para que ninguém se aproxime dela sem se aproximar também de Deus. Geralmente, somos bem acolhidas, respeitadas e estimadas pelos colegas de trabalho e alunos. Na verdade, como evangelizar sem dar testemunho e como testemunhar a não ser por uma vida santa?”. (LMI)
Da redação Gaudium Press, com informações da Arquidiocese do Rio de Janeiro
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