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Nhá Chica sempre foi “uma fiel serva de Deus cheia de Fé”, diz Dom Damasceno

Aparecida – São Paulo (Quinta-feira, 05-11-2015, Gaudium Press) “Estamos agora felizes com a notícia que me foi dada pelo meu venerável irmão Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM, DD. Bispo da Campanha, que adquiriu um amplo e bonito terreno para a construção do Santuário amplo para a devoção em honra da Beata Nhá Chica”, disse o Cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis.

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Em artigo comentando a obtenção de um espaço onde será construído o Santuário dedicado à Francisca de Paula de Jesus, ou Nhá Chica, o Cardeal Damasceno iniciou seu texto descrevendo alguns acontecimentos que fizeram parte da história da religiosa mineira.

“Foi batizada em 1810, conforme livro de assentos da paróquia, na capela de Santo Antônio onde se encontra a pia batismal na qual foi batizada. Francisca teve apenas um irmão, Theotônio Pereira do Amaral, que nasceu provavelmente 4 anos antes, em 1804. A família mudou-se para Baependi e instalou-se numa casinha na Rua das Cavalhadas, hoje Rua da Conceição. Nesta casa iria viver a maior parte de sua vida a Serva de Deus”, contou.

Segundo o purpurado, “pouco tempo depois morreu dona Izabel, e Nhá Chica ficou orfã, com apenas dez anos”. E mesmo que pudesse acompanhar seu irmão ou optar em seguir o matrimônio, “preferiu morar em sua casinha e dedicar-se a Deus e às pessoas mais necessitadas”.

“Morrendo, sua mãe lhe recomendara a vida solitária, para melhor praticar a caridade e conservar a fé Cristã. Seguindo esse conselho ela não deixou a casa onde vivia, recusando o convite do irmão que a chamava para sua companhia. Cresceu isolada do mundo, dedicando-se à caridade e à Fé. Rapazes do seu tempo pediram-na em casamento, mas recusou a todos. Tornou-se até muito amiga do que mais insistira, grata pelas suas boas intenções”, lembrou.

Dom Damasceno destacou ainda que Nhá Chica sempre foi “uma fiel serva de Deus cheia de Fé. Mas ela respondia dizendo: ‘Eu repito o que me diz Nossa Senhora e nada mais: eu rezo a Nossa Senhora, que me ouve e me responde’. ‘Nunca senti necessidade de aprender a ler’, dizia ela. ‘Só desejei ouvir ler as escrituras santas; alguém me fez esse favor, fiquei satisfeita’. Ainda uma outra grande devoção povoava o coração de Nhá Chica. Guardava especial devoção às três horas de agonia, e nas sextas-feiras recolhia-se em oração”.

Contudo, prosseguiu o Cardeal, Nhá Chica procurou realizar o que ela dizia ser um pedido de Nossa Senhora, que seria a construção de uma Capela. “Era um empreendimento caro demais para uma mulher pobre daquele tempo, ainda mais sendo filha de escrava. Ela saia, então, pela vizinhança, pedindo auxílio para a construção. Aos poucos a notícia correu e logo começou a receber de todas as partes esmolas para este fim. Ela pode também usar a herança que recebeu de seu irmão, e sua obra chegou a bom termo. A construção foi iniciada em 1865. Quando já tinha uma certa quantia, Nhá Chica recebeu a ordem de Nossa Senhora para dar início aos trabalhos. A ornamentação foi quase toda doada: imagens, alfaias, vasos, lâmpadas e até um órgão”, explicou.

Após falecer, em 8 de julho de 1888, foi reconhecido um de seus milagres que permitiu o início do processo de sua beatificação: a cura de um grave problema de nascença no coração da professora aposentada Ana Lúcia Meirelles Leite, de Caxambu, em Minas Gerais.

E então, o município mineiro celebrou em 4 de maio de 2013 a cerimônia preparada pela Igreja Católica para oficialização da beatificação de Nhá Chica, “a leiga Francisca Paula de Jesus, primeira negra a ser declarada beata no Brasil”. (LMI)

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