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Vitórias de Jefté

Redação – (Segunda-feira, 24/08/2015, Gaudium Press) – O espírito de Deus tomou Jefté, o qual venceu os amonitas. Entretanto, antes da batalha ele fizera um voto que, por ser contrário à Lei, não devia ser cumprido. Vejamos a descrição desses episódios:

Mais uma vez os israelitas pecaram gravemente, e chegaram até a adorar os ídolos de Baal e Astarte. Como castigo, eles se tornaram submissos aos amonitas durante 18 anos.

Os amonitas eram descendentes de Ló (cf. Gn 19, 38).

Jefté derrota os amonitas

Por fim, os hebreus clamaram ao Senhor reconhecendo que tinham pecado. Eliminaram os ídolos e pediram o auxílio divino.

Havia um hebreu de nome Jefté que, por ser filho de uma mulher de má vida, foi expulso de sua casa pelos seus irmãos. Ele acabou se unindo a malfeitores, que praticavam assaltos.

Certo tempo depois, tendo os amonitas declarado guerra a Israel, os anciãos hebreus dirigiram-se a Jefté e pediram-lhe que fosse o comandante dos israelitas, o que ele aceitou.

“O espírito do Senhor veio sobre Jefté, e este […] marchou contra os amonitas”, mas fez esta promessa: Se eu vencer os inimigos, “a primeira pessoa que sair da porta de minha casa para vir ao meu encontro […] eu a oferecerei em holocausto [ao Senhor]” (Jz 11, 29-31).

Jefté infringiu uma derrota fragorosa aos amonitas, que ficaram subjugados pelos israelitas.

Devemos ter prudência ao fazer promessas ou votos

Quando ele voltou para casa, sua filha única, que era virgem, veio-lhe ao encontro, dançando ao som de tamborins. Ao vê-la, Jefté rasgou suas vestes e exclamou:

– Ai, minha filha. És a causa de minha desgraça! Pois fiz uma promessa ao Senhor e não posso voltar atrás.

Ela respondeu:

– Meu pai, se fizeste um voto ao Senhor, trata-me segundo o que prometeste, porque Deus concedeu que te vingaste dos amonitas.

Informada a respeito dos termos do voto, ela disse a seu progenitor:

– Deixa-me livre durante dois meses para ir vagar pelas montanhas com minhas companheiras e chorar minha virgindade.

“Chorar minha virgindade”, ou seja, “a minha jovem vida, o fato de morrer sem haver tido filhos”. Todo israelita, varão ou mulher, desejava casar-se e ter filhos, com a esperança de que pudessem ser antepassados do Messias.

Seu pai consentiu e, decorridos os dois meses, ele “cumpriu nela o voto que tinha feito” (Jz 11, 39).

Jefté fez esse voto “por ignorância da Lei durante esse período conturbado, por um desejo ardente de obter a vitória, e de boa-fé”.

Embora Jefté adorasse o Deus único, ele nesse ponto sofreu influências dos povos pagãos. De fato, os cananeus e os fenícios, faziam esses sacrifícios humanos; “um rei de Moab imolará seu filho em circunstâncias semelhantes”.

“Este fato nos ensina que não devemos fazer votos, senão depois de ouvido o conselho de pessoas sensatas e prudentes, e que nunca devemos fazer promessas ou votos de coisas incertas, ou que não possam ser cumpridas sem pecado, como foi o voto de Jefté”.

O elogio de São Paulo a esse herói (cf. Hb 11, 32), que se tornou juiz em Israel, evidentemente não se refere “a todos os atos de Jefté, mas unicamente àqueles pelos quais ele livrou Israel da opressão dos amonitas”.

Insolência dos efraimitas

Os efraimitas – membros da tribo de Efraim – se queixaram insolentemente contra Jefté, como já haviam feito contra Gedeão (cf. Jz. 8, 1). Disseram esses invejosos que Jefté não os chamara para combater os amonitas. E chegaram até mesmo a afirmar que iriam queimá-lo.

Jefté respondeu-lhes que pedira socorro aos efraimitas, mas estes não lhe prestaram nenhum ajuda. Entretanto, de nada adiantou tal explicação. E Jefté reuniu seus soldados e atacou os de Efraim. Como resultado dessa guerra fratricida, 42.000 homens efraimitas morreram (cf. Jz 12, 6).

Após ter sido juiz de Israel durante seis anos, Jefté morreu e foi enterrado em Galaad, situada entre os territórios de Efraim e Manassés (cf. Jz 12, 4).

Peçamos a Nossa Senhora que nos obtenha do Divino Salvador a virtude da combatividade, bem como a sabedoria no pensar, querer e agir.

Por Paulo Francisco Martos
(Noções de História Sagrada (42))

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1 – BIBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB. 8.ed. Brasília: Edições CNBB; São Paulo: Canção Nova, nota na p 282.
2 – FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 3. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v.2 , p. 155.
3 – DANIEL-ROPS. Histoire Sainte – Le peuple de Dieu. Paris: Arthème Fayard. 1942, p.170.

4 – SÃO JOÃO BOSCO. História Sagrada. 10 ed. São Paulo: Salesiana, 1949, p.95.

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