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O heroísmo no abandono

Redação – (Quinta-feira, 20/08/2015, Gaudium Press) – Nossa vida apresenta situações semelhantes às que ocorrem a um navio: somos sacudidos por ventos e tempestades, e até podemos começar a naufragar…

Sobre esta situação, Irmã Juliana Montanari, EP, fez algumas reflexões que aqui transcrevamos:

As ondas banham a praia numa manhã fresca, quando o Sol desponta refletindo-se nas águas e dando-lhes um brilho singular. Quantos fatos admiráveis e misteriosos já ocorreram no mar, este maravilhoso tapete de esmeraldas e topázios, com o qual Deus quis cobrir dois terços de nosso planeta!abandono.jpg

No cais, um grande navio com a proa voltada para o oceano parece desafiá-lo, qual corajoso soldado ante o perigo. Os tripulantes acenam para os que ficam e preparam-se para a longa viagem. Em certo momento soltam-se as amarras e a nau começa seu percurso.

Passadas algumas horas, céu e mar se encontram no horizonte e não é mais possível ver terra firme. A embarcação, antes imponente, agora parece um simples e frágil brinquedo das ondas… Contudo, é nessas circunstâncias que transparece inteiramente a beleza misteriosa da navegação.

Sozinho em meio àquela instável vastidão, o navio recebe as investidas das impetuosas vagas que ameaçam naufragá-lo, mas mantém-se firme na sua direção; é balouçado pelos ventos das tempestades, e não se deixa soçobrar.

Não obstante, se a partida de uma embarcação suscita entusiasmo nos corações idealistas, por evocar a glória daqueles que, com galhardia, se lançam no risco rumo a novas conquistas, não menos digno de admiração é seu regresso ao porto, pois carrega atrás de si as façanhas da empresa. Não é verdade que, depois de uma arriscada travessia, o navio lembra um guerreiro que ganhou uma batalha e merece o prêmio da vitória?

Ora, nossa vida também apresenta situações semelhantes às que ocorrem a um navio. Já na aurora de seus dias, o homem se lança ao mar das incertezas deste mundo, em busca da felicidade. Não a encontrando, navega errante e, a certa altura do percurso, sente-se solitário. Julga estar abandonado por todos, ao bel-prazer de ondas traiçoeiras que, ao invés de lhe proporcionarem a alegria que falsamente prometem, só lhe aumentam a frustração. É sacudido pelos ventos das tentações, pelas tempestades dos problemas e dificuldades, e até mesmo começa a naufragar…

Que devemos fazer para não afundar em meio ao ‘mare magnum’ de tribulações que é a vida humana, marcada pelo pecado original? Juntar as mãos e rezar a Deus com confiança, pois é no abandono à sua proteção que os ventos e as ondas se acalmam, as nuvens se afastam e o Sol torna a brilhar.

Quando formos assaltados pela impetuosa maré das provações e dos reveses, lembremo-nos de que Deus permite passarmos por tais situações, desejoso de que busquemos n’Ele nossa segurança. Se soubermos abandonarmo-nos em suas mãos, como filhos amorosos, receberemos as forças necessárias para transpor fiel e valorosamente os piores vagalhões de nossa vida. E quando chegarmos ao porto celeste, receberemos do Divino Capitão a coroa de glória reservada aos vencedores, aos que deram tudo, aos que foram heróis!

Por Irmã Juliana Montanari, EP
(Instituto Filosófico-Teológico Santa Escolástica – IFTE)

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